É lamentável como não compreendemos as escrituras e nem o que Deus está falando, especialmente na lei. Pior é usar a lei para transmitir, equivocadamente ensino, é querer aplicar tais ensinamentos em nossos dias de forma equivocada.
Podemos ouvir o versículo a seguir associado ao conceito de “maldição hereditária” para quem se converteu e entregou sua vida a Jesus Cristo, sendo feito, pelo operar de Deus uma nova criatura. Este versículo está no livro de Êxodo: “Não as adorarás, nem lhes darás culto; porque eu sou o Senhor, teu Deus, Deus zeloso, que visito a iniqüidade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem” (Êxodo 20:5, RAStr).
Primeiro, iniquidade é culpa, é pecado, não tem outro significado além deste. A origem da palavra, está relacionado à prática de um ato iníquo, ou seja, um ato que se opõe a equidade, portanto, segundo a própria palavra, não transmite a justiça de Deus. Um ato iníquo é aquele praticado que não valoriza a vida do outro, que tira do outro, que está carregado de egoísmo, de apropriar do outro o que lhe é direito dado e concedido por Deus através da lei, ao povo. Quando praticamos um ato iníquo, implica que não pensamos no outro, mas somente em nós mesmos. Isto é um ato iníquo, um ato que não envolve repartir, ser solidário, como a igreja de atos fazia, lugar onde não havia necessitados, ninguém tinha falta.
Quando olhamos a lei, toda ela está baseada, no conceito de respeitar, de demonstrar amor pelo outro (pelo próximo). De não tirar do outro o que lhe é de direito concedido por Deus. Olhamos de forma equivocada a lei, e não compreendemos que ela está toda carregada da graça e da justiça de Deus.
Quando afirmou que visitaria os filhos é porque eles seriam responsáveis, sob a perspectiva da herança que o povo hebreu tinha recebido, de devolver e praticar ato de justiça, de equidade para com o ofendido. O não arrependimento, leva a morte, assim como hoje, se não nos arrependermos de nossos pecados, nossas iniquidades, estamos declarando que não conhecemos e não compreendemos a graça e estamos mortos, separados de Deus. Por isso Joâo afirmou que quem pratica o pecado (vive na prática consciênte no pecado), nunca viu a Deus, nunca o conheceu.
Falarmos de “maldição hereditária” é um equívoco debaixo da graça, é tirar os conceitos e ensinamentos do contexto, que por meio do profeta Jeremias, o próprio Deus, falou sobre este aspecto, onde afirma: ” Naqueles dias, já não dirão: Os pais comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos é que se embotaram. Cada um, porém, será morto pela sua iniqüidade; de todo homem que comer uvas verdes os dentes se embotarão. ” (Jeremias 31:29-30, RAStr).
Excluindo este conceito equivocado que os filhos carregam os pecados, melhor, a iniquidade, de seus pais, precisamos entender o que significa o perdão e a remoção do pecado, e vamos denominar aqui de doenças da alma, que nada mais são que os nossos pecados cometidos segundo a natureza humana, praticados com o pensamento humano que precisam ser rejeitados, pois já fomos perdoados e purificados, libertos do seu domínio.
Quando lemos na carta aos hebreus, o que vemos? ” Pois, para com as suas iniqüidades, usarei de misericórdia e dos seus pecados jamais me lembrarei.” (Hebreus 8:12, RAStr). Quando isso acontece? Na obra de Cristo na cruz. Na cruz é revelada a justiça de Deus. Nesta obra e por meio de Jesus recebemos o perdão do pecado: de nossas iniquidades. Somos perdoados de todos os nossos atos iníquos que praticamos contra o nosso próximo devido ao nosso egoísmo. Portanto, quando, reconhecemos que a nossa reconciliação, a salvação de nossa alma é pela graça de Deus, por meio da fé em Cristo Jesus, através de Sua obra na cruz em nosso favor, morrendo pelos nossos pecados, então recebemos o perdão do pecado.
Neste ato, e por causa desta obra de Cristo em nosso favor, por causa do Seu sangue vertido, somos apresentandos diante de Deus santos, inculpáveis e irrepreensíveis.
Na cruz os grilhões foram quebrados, somos livres, para vivermos para Deus, para o Seu reino, segundo a Sua vontade, pois recebemos da natureza e vida de Deus, de maneira a andarmos neste mundo segundo aquilo que Ele é, e nos fez, como Pedro escreveu em sua carta: ” Visto como, pelo seu divino poder, nos têm sido doadas todas as coisas que conduzem à vida e à piedade, pelo conhecimento completo daquele que nos chamou para a sua própria glória e virtude, pelas quais nos têm sido doadas as suas preciosas e mui grandes promessas, para que por elas vos torneis co-participantes da natureza divina, livrando-vos da corrupção das paixões que há no mundo,” (2 Pedro 1:3-4, RAStr)
Tendo este entendimento da libertação, da salvação, do perdão do pecado, de termos sido feito novas criaturas, temos que viver agora em novidade de vida, não podemos viver mais como víviamos anteriormente, por isso conforme Paulo roga aos irmãos: “nem ofereçais cada um os membros do seu corpo ao pecado, como instrumentos de iniqüidade; mas oferecei-vos a Deus, como ressurretos dentre os mortos, e os vossos membros, a Deus, como instrumentos de justiça. Porque o pecado não terá domínio sobre vós; pois não estais debaixo da lei, e sim da graça. ” (Romanos 6:13-14, RAStr)
Por isso quando falamos de “males da alma” estávamos de fato falando da natureza humana, de valores humanos, de ensinamentos segundo a “carne” com pensamentos egoístas e pecaminosos, carregados de toda iniquidade. “Males da alma” é o pecado, é a insistência da natureza humana, pecaminosa querer se opor a Deus, como Paulo escreve em sua carta aos romanos. São ensinamentos que recebemos de nossos pais, nossos avós, de nossos professores, nossos líderes, de pessoas que olhamos e baseamos a nossa vida. Aprendemos errado, aprendemos com conceitos e valores equivocados que se opõem à natureza e a vida de Deus.
Por isso, Ele nos fez nova criatura, perdoou as nossas iniquidades, removeu tudo na cruz. Agora, tendo este entendimento do perdão, precisamos compreender o nosso papel, nossa função neste mundo e no corpo de Cristo, Sua igreja. Não podemos viver para nós mesmos, e nem para os nosso caprichos e desejos. Devemos, viver em novidade de vida, santificando os nossos atos, rejeitando toda prática, valores e ensinamentos equivocados que carregamos, pois estes se opõem a Deus e as Escrituras.
Cristo pagou pelos nossos pecados, nossas iniquidades, por nossos atos de injustiça, para que por meio da Sua igreja, Seu corpo, aqueles que Ele resgatou para Deus e que foram feitos Seus filhos, possam, revelar neste mundo as virtudes e a multiforme de sabedoria de Deus aos homens.
Precisamos entender que temos uma jornada, uma carreira proposta, e que nesta, Deus, através da Sua palavra e Seus filhos, nos trás luz sobre nossas vidas, nos mostrando e revelando o que não está alinhado com a Sua vontade. Neste processo de trazer a luz sobre nosso atos, nos revelam os pecados que cometemos. Qual deve ser a nossa atitude? A medida que tomamos conhecimento, temos o discernimento, devemos rejeitar a Sua prática, pois desonramos a Deus se permanecermos cometendo os atos de injustiça.
Que o Senhor nos conduza neste processo de crescimento, amadurecimento e conhecimento do Seu caráter, Sua natureza, para sermos Seus imitadores como filhos amados.