Uma das piores cegueiras é quando nos firmamos no nosso entendimento e não estamos abertos a repensar o que entendemos e compreendemos ou como fomos ensinados. Jesus falando sobre isso com o cego de nascença e os fariseus que estavam perto dele, afirmou em João no capítulo nove, dos versos trinta e nove até o quarenta e um: “Disse Jesus: eu vim a este mundo para julgamento, a fim de que os cegos vejam e os que veem se tornem cegos. Alguns fariseus que estavam com ele ouviram no dizer isso e perguntaram: acaso nós também somos cegos? Disse Jesus: se vocês fossem cegos, não seriam culpados de pecado; mas agora que dizem que podem ver, a culpa de vocês permanece.” (João 9:39-41, NVI).
Os fariseus eram convictos no que criam, tinham o conhecimento e teoricamente o entendimento das escrituras, sabiam e compreendiam o que ela fala, das promessas que nela existiam, das referências ao Cristo, ao Messias, que viria, mas não foram capazes de perceber, identificar que Aquele que estava com eles era o cumprimento das promessas. Assim como hoje, muitos ainda não veem.
Deus tem uma maneira muito peculiar de nos falar e a nossa motivação, a nossa disposição de ouvir, de querer efetivamente compreender e conhecê-Lo que permite que possamos ouvir na plenitude da Sua vontade ou não. Quando em nós existe a arrogância, o orgulho, quando não estamos dispostos a reaprender o que ouvimos, dificilmente iremos receber o que Deus está nos falando e nos ensinando.
No nosso orgulho fixamos em uma só perspectiva e perdemos o todo, assim como fizeram os fariseus que viam o Messias somente como alguém poderoso, o rei das batalhas, e não como alguém que viria em humildade para, antes de mais nada, resgatar, reconciliar, salvar o que estava perdido.
Assim como eles fizeram, nós podemos fazer em nossos dias. Podemos adotar um conceito, um entendimento que tem origem em uma visão parcial do que Deus se revela Dele mesmo a nós. E o entendimento de toda a Sua vontade vamos aprendendo à medida que caminhamos, mas temos sempre que repensar o que estamos aprendendo, sem deixar de lado o fundamento da comunhão e relacionamento com Deus.
Precisamos nos lembrar que não tem esforço, não existe serviço, não tem nada que possamos fazer para sermos merecedores da graça de Deus, pois ela nos é dada gratuitamente. A salvação é pela graça de Deus, por meio da fé em Cristo Jesus, e isto implica dependência completa. O acesso à presença de Deus não é resultante do nosso serviço, mas do sangue vertido na cruz.
Esta convicção e a dependência completa implicam em estarmos dispostos a aprender e reaprender diariamente aquilo que Ele nos fala, e assim, à medida que crescemos no relacionamento com o nosso Deus, aprendemos mais Dele, pois a cada instante Ele se revela àqueles que desejam ardentemente conhece-Lo do jeito que Ele quer ser conhecido.
Nós complicamos, mas devemos entender o relacionamento com Deus como o casamento entre um homem e uma mulher quando estão, ambos, dispostos que este relacionamento está acima dos interesses e desejos individuais. Não importam as crises, as dificuldades, mas cada um colocou o relacionamento acima de tudo, e nesta condição, há o empenho e o aprender de um para com o outro.
Quando olhamos na perspectiva de Deus, nós aprendemos e Ele se revela. Ele não precisa nos conhecer, pois já nos conhece na totalidade, mas nós precisamos conhece-Lo. E para isso, precisamos estar dispostos a aprender a cada novo dia e não permitir que a cegueira resultante da arrogância e do orgulho nos impeçam de avançar e aprofundarmos nesta comunhão e no conhecimento de nosso Deus, pois Ele deseja se dar a conhecer a nós.
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