A essência da oferta

Ao conhecermos a bíblia nos deparamos com diversas situações que nos levam a compreender o que é aceitável e agradável a Deus. Podemos observar em Lucas o embate entre Jesus e os fariseus quanto ao sábado: “Então alguns fariseus perguntaram: — Por que é que vocês estão fazendo uma coisa que a nossa Lei proíbe fazer no sábado?” (Lucas 6:2, NTLH), nesta situação os apóstolos estavam colhendo e comendo espigas e logo depois, tempos a situação onde Jesus cura um homem no sábado: “Então Jesus disse: — Eu pergunto a vocês: o que é que a nossa Lei diz sobre o sábado? O que é permitido fazer nesse dia: o bem ou o mal? Salvar alguém da morte ou deixar morrer?” (Lucas 6:9, NTLH).

Mas, podemos, também, observar a oferta de Abel e Caim: “Abel, por sua vez, pegou o primeiro carneirinho nascido no seu rebanho, matou-o e ofereceu as melhores partes ao Senhor. O Senhor ficou contente com Abel e com a sua oferta, mas rejeitou Caim e a sua oferta. Caim ficou furioso e fechou a cara. Então o Senhor disse: — Por que você está com raiva? Por que anda carrancudo? Se tivesse feito o que é certo, você estaria sorrindo; mas você agiu mal, e por isso o pecado está na porta, à sua espera. Ele quer dominá-lo, mas você precisa vencê-lo.” (Gênesis 4:4-7, NTLH), e no livro de Salmos podemos ler: “Adorem o Senhor com temor. Tremam e se ajoelhem diante dele;” (Salmos 2:11, NTLH).

O que tem estas ações a ver com Deus, com natureza, com ser aceitável ou não, com a religião ou não? Todos estavam tratando do mesmo aspecto, ou seja, de uma oferta a Deus. Mas precisamos olhar não sob a perspectiva da oferta em si, mas da sua essência, o que a motivou, como foi realizada.

Os fariseus estavam equivocados quanto a guarda do sábado. Transformaram algo em regras e doutrinas, eliminando o fundamento da oferta do sábado, esqueceram que é mais importante a misericórdia, a manifestação da graça. Na oferta de Abel vemos a mesma coisa. Este ofereceu do melhor, das primícias, enquanto que Caim, somente ofereceu (não temos o detalhe da sua oferta), mas fica claro que não ofereceu do melhor e nem dos primeiros frutos. No livro de salmos o que vemos é que adoração deve ser realizada com temor, não se trata de fazer de qualquer maneira, não se trata de ritual, mas de como adoramos.

Por isso a nossa reflexão deve ser sempre em: Porque estamos fazendo o que fazemos? Qual a motivação que nos leva realizar? Por que fazemos estas obras? Para reconhecimento? Para prevalecer o que pensamos? Para que seja feito da “nossa” maneira? Para recebermos honras? Ou simplesmente porque esquecemos da essência da oferta que trata da expressão de Deus. Precisamos compreender que não se trata de aparência, mas, da motivação que agimos assim. Precisamos nas nossas ofertas revelar temor ao Senhor, e temor não se trata de medo, mas sim de reconhecimento e sujeição a quem Ele é, ao Seu poder, mas principalmente, no entendimento que somos Seus filhos, fomos feitos filhos, para revelar a Sua natureza. Nossa oferta tem que traduzir a natureza divina recebida do Criador. Ela tem que revelar misericórdia, graça, libertação, cura, tem que revelar a vida e a vontade do Pai.

Nossa oferta tem que traduzir sempre a honra ao Senhor e a Sua vida que nos foi concedida. Não se trata da nossa vontade, nem do que pensamos, mas de quem é Deus. Não se trata de perfeição, nem de fazer sempre certo, mas de fazer segundo a natureza que recebemos. Compreendendo isto, precisamos, olhar para o nosso destino, para a nossa razão de ser, para a razão de nossa existência, para a carreira que temos, e abandonando tudo que seja contrário à natureza divina, preenchamos a nossa vida com os valores eternos do Criador, com o que recebemos do Espírito.

Correr rumo a semelhança com Jesus deve ser o nosso objetivo, rejeitando o pecado que tenazmente nos assedia, para que revelemos a graça e a misericórdia de Deus nas ofertas, nos serviços que realizamos para que Ele seja glorificado.

Como Paulo escreveu aos romanos, no capítulo 12: ofereçamos os nossos membros como oferta agradável ao Senhor, mas para que isto ocorra, precisa haver a transformação pela renovação da mente.