Em salmos podemos ler esta oração de Davi que disse: “Ó Deus, estou aflito, esperando que tu me livres dos meus inimigos; eu ponho a minha esperança na tua palavra. Os meus olhos estão cansados de tanto olhar, esperando o que prometeste, e eu pergunto: “Quando vens me consolar?” Sou tão inútil como um odre cheio de furos, porém não esqueço os teus mandamentos. Até quando vai este teu servo ter de esperar? Quando vais castigar os que me perseguem? Os orgulhosos, que não obedecem à tua lei, cavaram covas para me pegar.” (Salmos 119:81-85, NTLH).
Esta angústia dele é diferente da nossa em nossos dias? Não, não é. Não é este o mesmo pedido que fazemos a Deus? Não queremos nos livrar de nossos inimigos, nossos perseguidores? Não queremos muitas vezes a sua destruição e sua ruína? Não pedimos isso, mesmo que não expresso em palavras, mas desejado no fundo do nosso coração? Mas a pergunta, deveríamos fazer este pedido?
Jesus disse que deveríamos amar uns aos outros como Ele nos amou. Ele colocou restrição e disse a quem deveríamos amar desta maneira? Qual deve ser a nossa postura com aqueles que nos perseguem?
Compreendendo que estamos, agora, sujeitos à lei do amor, qual deve ser a nossa postura? Que atitudes tomar? O que fazer? Desejar, realmente a morte dessas pessoas? O seu desaparecimento de nossas vistas?
Paulo escrevendo aos romanos, afirma o seguinte: “Não paguem a ninguém o mal com o mal. Procurem agir de tal maneira que vocês recebam a aprovação dos outros. No que depender de vocês, façam todo o possível para viver em paz com todas as pessoas. Meus queridos irmãos, nunca se vinguem de ninguém; pelo contrário, deixem que seja Deus quem dê o castigo. Pois as Escrituras Sagradas dizem: “Eu me vingarei, eu acertarei contas com eles, diz o Senhor.” Mas façam como dizem as Escrituras: “Se o seu inimigo estiver com fome, dê comida a ele; se estiver com sede, dê água. Porque assim você o fará queimar de remorso e vergonha.” Não deixem que o mal vença vocês, mas vençam o mal com o bem.” (Romanos 12:17-21, NTLH).
Está claro o que devemos fazer? Isto que Paulo escreve é o mesmo que andar duas milhas, como Jesus falou, ou quando pedem a capa, entregarmos a túnica. Temos que ir além, temos que fazer mais do que estão nos pedindo. Pedem para reagirmos com raiva, mas temos que demonstrar amor, compaixão.
Precisamos compreender que ser luz na vida das pessoas, é agirmos segundo a natureza de Deus. Mesmo que não mereçam, nós devemos mostrar graça, compaixão, misericórdia. E devemos ter o mesmo coração de nosso Senhor, ou de Estevão, quando pediu para que o Pai os perdoassem, pois não sabiam o que estavam fazendo. As pessoas que nos perseguem sabem o que estão fazendo? Não, estão agindo por meio de um espírito do mundo, pelo pensamento do mundo, não compreendem a libertação que é concedida por Deus, não compreendem o que significa amar, honrar e respeitar uns aos outros. Quando somos luz, levamos a estas pessoas este amor de Deus e a Sua vida para que possam refletir, repensar suas atitudes e assim, chegar a conhecê-Lo.
Devemos pedir a Deus, sim, que nos dê sabedoria para responder com graça, com compaixão, com discernimento a quem nos persegue para que estas pessoas cheguem a conhecer Deus. Não queremos que ninguém se perca, que ninguém continue na escuridão das trevas, sem o amor e a vida de Deus. Nós somos sacerdotes, filhos de Deus, embaixadores, reconciliadores dos homens com Ele. Se não entendermos este nosso papel, se não compreendermos que devemos nos oferecer a Ele para ser instrumento de reconciliação, como alcançarão a salvação? O que deve nos mover é a compaixão, o amor por estas vidas.
Paulo foi um dos algozes e o responsável pelo apedrejamento de Estevão. Não foi a atitude de Estevão que levou Paulo a refletir, e a ouvir a voz do Senhor no momento oportuno? Não existe testemunho maior do que o ato de perdoar quem nos ofende, removendo dos mesmos a culpa por seus atos para que cheguem a conhecer o Pai.
Por isso, não podemos desejar que sejam removidos de nossas vidas, ou mesmo que sejam punidos, mas precisamos desejar que cheguem ao conhecimento do amor de Deus, e devemos pedir por nós, para que tenhamos a mesma postura de Estevão, concedendo perdão para quem não merece, isto é graça, este é o verdadeiro tributo de louvor ao Pai, porque com esta atitude, revelamos a nossa semelhança com o Seu Filho Jesus Cristo. Quem nos capacita para vivermos segundo esta natureza? O Espírito que nos foi concedido pelo Senhor, este que nos guia em toda a vontade do Pai, que nos conduz em todo o Seu querer, que nos reveste de poder e capacitação para caminharmos a jornada que nos é proposta rumo a santificação, a nossa semelhança com o Senhor.
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