Jesus disse: “— Por que é que você vê o cisco que está no olho do seu irmão e não repara na trave de madeira que está no seu próprio olho? Como é que você pode dizer ao seu irmão: “Me deixe tirar esse cisco do seu olho”, se você não repara na trave que está no seu próprio olho? Hipócrita! Tire primeiro a trave que está no seu olho e então poderá ver bem para tirar o cisco que está no olho do seu irmão.” (Lucas 6:41-42, NTLH). É simples e muito mais fácil julgarmos os outros por suas ações e atitudes, por aquilo que vemos, embora não possamos identificar e nem compreender a suas motivações. Mas é este o nosso papel? Somos juízes de nossos irmãos? Devemos julgar os outros, querer tirar o cisco dos olhos deles? Podemos dizer o que eles têm que fazer? Ou devemos olhar para nós e entender o que temos que fazer antes?
Não, não somos juízes, não temos condição de apontar e afirmar sobre o defeito do outro, mas devemos e temos que fazer as coisas para que os outros mudem. Temos que ser exemplo, modelo, para que possam ter um norte para onde ir, o que fazer e como fazer. Precisamos ser testemunhas vivas de uma realidade que, lamentavelmente, não temos manifestado no nosso dia a dia.
Jesus afirmou também: “— Por que vocês me chamam “Senhor, Senhor” e não fazem o que eu digo? Eu vou mostrar a vocês com quem se parece a pessoa que vem e ouve a minha mensagem e é obediente a ela. Essa pessoa é como um homem que, quando construiu uma casa, cavou bem fundo e pôs o alicerce na rocha. O rio ficou cheio, e as suas águas bateram contra aquela casa; porém ela não se abalou porque havia sido bem construída. Mas quem ouve a minha mensagem e não é obediente a ela é como o homem que construiu uma casa na terra, sem alicerce. Quando a água bateu contra aquela casa, ela caiu logo e ficou totalmente destruída.” (Lucas 6:46-49, NTLH).
Precisamos nos lembrar destas palavras, pois elas são o norte para as nossas vidas. Temos um fundamento (Jesus) e com base nele, a nossa rocha, temos que construir as nossas vidas segundo os valores eternos de Deus. E o que implica isto? Obediência: viver segundo aquilo que Ele falou e ensinou, nem mais, nem menos!
Paulo escrevendo aos irmãos de Corinto, afirmou: “Usando o dom que Deus me deu, eu faço o trabalho de um construtor competente. Ponho o alicerce, e outro constrói em cima dele; porém cada um deve construir com cuidado. Porque Deus já pôs Jesus Cristo como o único alicerce, e nenhum outro alicerce pode ser colocado. Alguns usam ouro ou prata ou pedras preciosas para construírem em cima do alicerce. E ainda outros usam madeira ou capim ou palha. O Dia de Cristo vai mostrar claramente a qualidade do trabalho de cada um. Pois o fogo daquele dia mostrará o trabalho de cada pessoa: o fogo vai mostrar e provar a verdadeira qualidade do trabalho. Se aquilo que alguém construir em cima do alicerce resistir ao fogo, então o construtor receberá a recompensa. Mas, se o trabalho de alguém for destruído pelo fogo, então esse construtor perderá a recompensa. Porém ele mesmo será salvo, como se tivesse passado pelo fogo para se salvar.” (1 Coríntios 3:10-15, NTLH).
Por isso o que temos colocado em cima do fundamento que é Cristo? Temos construído com materiais permanentes, ou usando coisas perecíveis que não suportarão o fogo? Temos sido indolentes na obra que temos realizado? Compreendemos o que seja indolente? Indolente significa: Negligente, apático, desleixado, descuidado (dicionário Michaellis). Temos sido assim com relação à obra de Deus, ou não compreendemos o que seja essa obra?
Compreendemos que temos que dar frutos. Mas que frutos? Precisamos lembrar que não geramos filhos, não convertermos as pessoas, mas nós plantamos, regamos e colhemos, mas o crescimento, ou seja a conversão vem de Deus. O que significa plantar, regar e colher? Qual o significado de nossas vidas neste mundo? Qual é o nosso papel? Se não entendermos estas coisas simples, nos perderemos em religiosidade, métodos e não nos aplicaremos na essência aquilo que Deus deseja que sejamos neste mundo.
Precisamos nos lembrar que somos como árvores que produzem fruto como Jesus afirmou: “— A árvore boa não dá frutas ruins, assim como a árvore que não presta não dá frutas boas. Pois cada árvore é conhecida pelas frutas que ela produz. Não é possível colher figos de espinheiros, nem colher uvas de pés de urtiga. A pessoa boa tira o bem do depósito de coisas boas que tem no seu coração. E a pessoa má tira o mal do seu depósito de coisas más. Pois a boca fala do que o coração está cheio.” (Lucas 6:43-45, NTLH)
Por isso, a pergunta: que tipo de frutos temos produzido? Frutos que revelam a natureza de Deus, a Sua natureza divina, ou temos manifestado os frutos da carne. Andamos cheios de egoísmo, orgulho, arrogância, mentira, hipocrisia? Andamos como andam os que afirmamos estarem perdidos em seus delitos e pecados? Não estamos discutindo a perfeição, mas estamos discutindo como está a nossa jornada de santificação, o santificar o nosso procedimento, o corrermos a carreira proposta rumo à semelhança de Jesus. Como reagimos diante das ameaças, problemas, lutas e dificuldades? Nos desesperamos ou temos a confiança de quem somos em Deus? Vivemos pelo que vemos, ou por aquilo que Deus fala com relação a nós?
Estamos tão voltados para nós mesmos, na nossa imaturidade, para o nosso egoísmo, para os nossos problemas e dificuldades que temos esquecido quem somos e qual o nosso papel neste mundo e na igreja (o corpo de Cristo)?
O que significa ser cristão? É ser imitador de Cristo? O que significa imitar a Cristo? Não é fazer as Suas obras? Que obras Jesus realizou? Do que Ele nos incumbiu? O que é para fazermos neste mundo?
Não existimos neste mundo para influenciarmos as pessoas sobre a realidade do reino de Deus? Não é o nosso papel, pregar (falar e viver o reino de Deus)? Não é nosso papel revelar as virtudes de Deus? Não é o nosso papel cumprir o ide, fazer discípulos? O que significa isso? Não significa sermos líderes? Líder não é posição, mas, a capacitade de exercer influência sobre a vida das pessoas. O que é fazer isso? Não é levar cada um a repensar o que esta fazendo e imitar o exemplo daquele que o está influenciando? Por isso, as nossas obras revelam as obras de Deus. Ou achamos que graça é somente exercermos para conosco e não com o outro? Misericórdia? Bondade? Perdão? Perserverança? Elas se voltam para nós, ou temos que revelá-las para as outras pessoas?
As obras que Deus nos ensina não estão voltadas para nós, mas para os outros, para aqueles que precisam amadurecer (pois já conhecem a verdade) e para aqueles que ainda não conhecem a verdade. Nós plantamos, regamos e colhemos os frutos que Deus nos dá. Quando vivemos segundo as obras de Deus, quando paramos de olhar para nós, não nos voltamos para os nosso problemas e passamos a ajudar os outros em seus problemas, sendo suporte uns dos outros, a manifestarmos misericórdia, perdão e graça com todas as vidas.
Tratamos a igreja, o corpo de Cristo, como um local restrito, fechado para a “elite” e não entendemos que a igreja não é para alguns, mas para todos. Precisamos estender as tendas, aumentar o espaço, temos que ser inclusivos, levar a igreja a todos os lugares, para todas as pessoas, acolher a todos. Temos feito isso?
Também, afirmamos que somos o sal da terra, a luz deste mundo. Temos sido? O que significa isso? Significa que fazemos diferença, fazemos diferente, revelamos Deus por meio do que fazemos, das obras que realizamos, não para nós, mas para os outros. Estamos preocupados em servir, repartir, ajudar a quem precisa. Ou, estamos voltados em gastar conosco, em investirmos em nós, no nosso conforto? Ou no conhecimento, na expansão, no crescimento do reino, através do que fazemos? Não nos preocupamos com os nossos problemas e dificuldades, mas em como podemos ajudar os outros a superar as suas. Ser sal e luz é praticarmos as mesmas obras de Deus.
Quando pensamos nestas coisas o que temos colocado no fundamento? Que tipo de obras temos construído sobre o fundamento que é Cristo? Temos nos preocupado em revelar o reino de Deus neste mundo, fazer a vontade do Pai aqui, ou temos nos voltado para a nossa preguiça espiritual e estamos somente esperando o reino que ainda haverá de manifestar, não entendendo que torná-lo real é uma responsabilidade nossa?
Temos enchido o fundamento com entulho e lixo? As obras que fazemos somente revelam obras cheias de religiosidade, voltada para os nossos interesses e não em formar pessoas, fazer delas verdadeiros imitadores de Cristo. Sabemos se somos indolentes quando analisamos o que fazemos e como fazemos. As nossas obras refletem o que temos sido. Por isso o que recebemos, os dons que temos, a competência que adquirimos; como as temos usado? Os recursos financeiros que Deus tem provido, como temos dispendido? Somente na busca de nosso prazer pessoal e repartimos migalhas com os outros? Oferecemos como esmolas?
Jesus afirmou em apocalipse que temos que voltar ao primeiro amor, e para a igreja de Laodicéia que eram pobres, cegos e nus, embora se achassem ricos, o que significa isso para nós?
Amor fala de Deus, de quem Ele é, do que Ele faz. Nós sabemos como promessa que o amor de Deus é derramado em nossas vidas pelo Espírito Santo. Temos do amor de Deus para fazer a Sua obra para termos compaixão das vidas, para sermos exemplo, testemunhas vivas do reino, e trazer a estas a luz da liberdade que é obtida por meio de Cristo. Mas, temos que viver o reino de Deus neste mundo, precisamos andar como filhos Dele. Por isso precisamos refletir sobre as obras que fazemos, sobre os relacionamentos que temos uns com os outros, sobre o que seja ter o mesmo propósito, sermos unidados de alma e espírito. Se não compreendermos o que seja a unidade de propósito, não revelaremos o reino de Deus. Não se trata de método, de eventos e ações que possamos fazer, mas de revelarmos quem somos no nosso dia a dia. Somente se vivermos debaixo do amor de Deus é que podemos não só fazer as Suas obras, mas revelá-Lo ao mundo. Precisamos entender que o nosso papel não é ajuntar massa, não é aumentar o número de pessoas que andam conosco, mas, revelarmos as obras de Deus por meio da igreja, o corpo de Cristo e ensinarmos às pessoas a viverem o reino de Deus no seu dia a dia.
Temos que entender que a obra de Deus, o serviço a Ele se revela no servir aos outros. Cada um precisa ter esta consciência clara, este entendimento. Igreja (não local físico) não é local de receber, mas de dar, de se oferecer, de servir a mesa. Viver igreja implica a consciência de serviço, de trabalho pelo e para o outro, em favor de cumprir a vontade de Deus neste mundo. Fomos chamados para sermos embaixadores, sacerdotes, cidadãos do reino, para revelarmos Deus por meio do que fazemos como irmãos. Construimos sobre o fundamento, usando coisas sólidas, quando abandonamos o nosso querer em favor do que seja revelar o reino de Deus neste mundo através do serviço que realizamos para as pessoas, quando abandonamos, rejeitamos o egoísmo e o conforto próprio, para servir as pessoas.
Precisamos, antes de qualquer coisa, compreender que SOMOS, porque Deus disse que somos, porque Ele disse que somos e fez. Se somos filhos, porque Ele falou, então CREMOS. Se cremos no que ele disse que somos, então FAZEMOS, porque este é o papel que temos: fazer a obra de Deus porque Ele nos habilitou, nos capacitou para viver segundo a Sua vontade. Fazemos não para receber, mas porque somos, somos filhos que tem a obrigação natural de revelar o reino de Deus neste mundo.
Podemos julgar os outros? Determinar, exigir dos outros o que fazer, se nós não fazemos? Não, mas podemos, SER o que Deus disse que SOMOS, FAZER o que Deus disse que podemos FAZER, e fazemos não para a nossa glória, mas para a glória e louvor do nome do Pai. Para que o reino seja revelado, para que vidas sejam curadas, para que haja o compromisso pessoal com Deus, e a expressão deste compromisso se revelará por meio da igreja e nos relacionamos e obras que realizamos. Não precisamos julgar os outros, precisamos fazer e viver o reino de Deus, e termos a convicção que ao fazermos o que Deus determina, os “outros” nos imitarão nas obras que realizamos.