Exercer misericórdia revela conhecimento de Deus

Temos antes de mais nada compreender que termos fé não é suficiente, e sim, a expressão da fé por meio das obras, que a revelam. Quando o que nos move no realizar das coisas, não é o provarmos que conhecemos, mas, por sabermos quem somos, o que Deus concedeu, por Suas promessas, cremos, temos fé, e por termos fé, então agimos segundo a vontade de Deus, pois sabemos que fomos capacitados, habilitados para realizar as obras.

Assim como tantas que temos que realizar e manifestar por meio de nossos membros, a misericórdia é importante em nossa vida, como Tiago escreveu: “Quando Deus julgar, não terá misericórdia das pessoas que não tiveram misericórdia dos outros. Mas as pessoas que tiveram misericórdia dos outros não serão condenadas no Dia do Juízo Final.” (Tiago 2:13, NTLH).

Fica claro que se não expressamos misericórdia para com as outras vidas, não importa o quanto somos religiosos, o que de fato estamos declarando é que não conhecemos a Deus. Se não conhecemos a Deus, não experimentamos ainda da Sua vida. Não se trata de crer em Jesus, de crer na salvação pela graça, mas, na expressão da fé que temos, revelarmos por meio das nossas ações que conhecemos a Deus. Fazer boas ações, fazer o bem aos outros, revelar os atributos e as virtudes de Deus por meio de nossa vida é uma obrigação natural de filho. E mais importante que precisamos entender é que se temos este discernimento, nos move no sentindo de santificar o procedimento, viver uma vida santa, para que possamos revelar o Deus que conhecemos.

Por isso revelar misericórdia para com as pessoas é muito importante. E temos que entender o que seja ser misericordioso. Misericórdia que dizer o perdão por bondade pura, é a manifestação da graça (favor concedido sem merecimento). No evangelho de Mateus, podemos ler: ” Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.” (Mateus 5:7, RAStr). Isto quer dizer que só alcançamos, porque concedemos, e compreendemos que concedemos não porque somos bons e capazes, mas por que recebemos sem sermos dignos.

O que precisamos compreender é que somente alcançamos misericórdia, quando exercermos a misericórdia para com os outros, e somente somos capazes de compreender e exercer a misericórdia quando entendemos que somos miseráveis, completamente miseráveis diante de Deus e não somos dignos de qualquer ato de bondade da Sua parte e arrependidos, nos voltamos para Aquele que tem a vida, nos submetemos a Ele com total dependência. E por termos recebido tamanho ato de misericórdia, então desejamos ardentemente que a justiça de Deus se revele para todos as pessoas que estão em estado de cegueira, escravos do pecado, condenados à separação eterna do Criador.

Queremos distinguir entre pecado grande e pequeno, queremos fazer distinção entre eles e não entendemos que tanto a mentira, como o assassinato, o estrupro estão no mesmo grau de severidade diante do Criador e todos revelam uma natureza contrária à Sua. Não se trata de pequeno ou grande, mas de viver fora da vontade de Deus.

Tendo este entendimento não temos razão para acharmos que alguns são mais merecedores da justiça de Deus do que outros. E precisamos compreender que a justiça de Deus não se revela pela punição do pecador, mas, do repartir da vida de Deus aos homens. Deus na cruz, por meio da morte de Seu filho, condenou o pecado, e exerceu a Sua justiça: concedeu vida aos homens, repartiu a Sua vida a todos.

Temos como filhos, como conhecedores da justiça divina, tendo recebido da Sua misericórdia, exercê-la perante todos para que todos cheguem ao conhecimento do Pai, para que todos tendo a compreensão da sua miserabilidade, recebam, arrependidos, a misericórdia de Deus, que nos é concedida por causa da Sua graça que nos salva por meio da fé em Cristo Jesus. Não se trata do bem que praticamos, nem do nosso esforço em sermos bons, mas, somente por causa da graça.

Tendo recebido a graça, tendo sido objeto da misericórdia divina, então, exercermos e revelamos misericórdia para com os homens, independente do seus pecados, não porque merecem, mas porque assim se revela a vida de Deus a todos os homens. Quando não exercermos misericórdia para alguns é porque não os consideramos dignos, e não os consideramos dignos, porque agimos segundo o pensamento deste mundo, onde somos bons para quem é bom. E não está nesta atitude a natureza e nem a vida de Deus que recebemos em Cristo Jesus.

Precisamos compreender que como expressão do Deus vivo, como cartas vidas de Cristo, como o Seu bom perfume, temos que revelar as mesmas obras, as mesmas boas ações que Ele revelou a nós e a todas as pessoas, até mesmo para com aqueles que ainda estão cegos, na escuridão das trevas. Temos que ser luz para que estas vidas alcancem a vida de Deus, assim como recebemos.