Fazendo negociata sem entendimento

Quando nos falta entendimento, quando o que carregamos é uma religiosidade e não conhecimento de Deus, quando não compreendemos a Sua natureza, O tratamos  como uma divindade, e achamos que o Seu reino está relacionado à religião, então, vivemos uma vida longe do que seja o Seu propósito e vivemos em uma verdadeira negociata com Ele.

Em João, no capítulo dois, no verso dezesseis, vemos uma situação onde Jesus expulsa os cambistas do templo, derruba as mesas e fala para pararem de fazer da casa do Seu Pai um lugar de comércio, como podemos ler:  “… Pare de fazer da casa do meu Pai um mercado!” (João 2:16, NVI).

Não temos templos, temos lugares de nos reunirmos como igreja. Sejam em casas ou mesmo em prédios que alugamos ou construímos. Estes lugares não são o templo de Deus, não é o lugar onde Deus habita. Nós, pessoas, somos o templo de Deus, somos a Sua morada, pois esta foi a aliança que Ele fez por meio de Jesus. Ele nos reconciliou consigo mesmo pela graça por meio da fé em Cristo Jesus, que morreu na cruz em nosso lugar para nos apresentar santos, inculpáveis e irrepreensíveis.

Fomos comprados por um preço alto, fomos santificados e apresentados diante de Deus inculpáveis, irrepreensíveis e santos, por meio do sangue de Cristo. Fomos feitos filhos e inseridos na família de Deus, capacitados e habilitados para vivermos como Deus perante os homens, revelando a Sua misericórdia e graça, manifestando as Suas virtudes diante dos homens por meio da igreja, o corpo de Cristo.

Em Cristo fomos abençoados com toda sorte de bênçãos, para, como filhos, como despenseiros da multiforme graça de Deus, abençoarmos todas as pessoas, sendo instrumentos úteis para revela-Lo, servir uns aos outros, e servir para a edificação da igreja. Não existimos para buscar os nossos interesses e desejos, devemos sim, nos oferecer a Deus como instrumentos, como uma oferta agradável para experimentarmos em tudo, a boa, perfeita e agradável vontade de Deus.

Mas, quando não entendemos o porquê existimos, que Deus fez em nós a Sua obra, O tratamos como uma divindade. Queremos negociar com Deus, estabelecer regras, como se Ele fosse obrigado a nos atender em nossos desejos. Fazemos as coisas, somos fiéis na nossa “fé”, nas nossas convicções, fazemos o serviço que nos é pedido e o que desejamos é receber em troca, sermos agraciados com bens materiais, queremos o conforto e achamos que Deus tem a obrigação de nos conceder o que desejamos por causa do que temos feito. Quando fazemos e pensamos assim, de fato o que estamos fazendo é negociando com Deus, achando que Ele tem a obrigação de responder aos nossos desejos. Deus não é uma divindade que existe para atender o que queremos. Quando agimos assim, na realidade temos o pensamento de que Deus tem a obrigação para conosco, demonstramos que não temos entendimento do plano e propósito de Deus.

Quando olhamos a vida de homens de Deus, pessoas que se ofereceram a Deus para ser o instrumento que Ele precisava, vemos o operar do Pai por meio destas vidas, mas não necessariamente estas pessoas usufruíram das benesses e coisas boas desta vida. Paulo, Pedro, João e tantos outros que vieram depois deles, são exemplos de pessoas que abriram mão das coisas deste mundo para cumprir o propósito e a vontade de Deus, sem negociar, sem expectativa, sem exigir qualquer outra coisa em troca, pois compreenderam quem eram e o que tinham é uma completa gratidão por tudo que Deus tinha feito.

Precisamos parar de querer negociar com Deus e achar que Ele tem obrigação de nos dar coisas deste mundo e devemos sim, nos oferecer como instrumentos, como despenseiros da vida de Deus perante todos os homens.

https://soundcloud.com/sdt_vigilato/fazendo-negociata-sem-entendimento