velha ideia do “toma lá, dá cá”

Elifaz respondendo a Jó sobre suas palavras e sobre sua atitude, propõe a velha negociata segundo a religião dos homens. A concepção em sua cabeça, como dos outros amigos de Jó é que ele tinha feito algo errado, e por ter feito, estava sendo punido por Deus.

Esta visão e este entendimento de religião é o que perdura na cabeça da maioria das pessoas e não traduz a vontade de Deus. Podemos ler no livro de Jó, no capítulo 22, dos versos 21 ao 26 o posicionamento de Elifaz, o amigo de Jó: “Reconcilia-te, pois, com ele e tem paz,  e assim te sobrevirá o bem.  Aceita, peço-te, a instrução que profere  e põe as suas palavras no teu coração.  Se te converteres ao Todo-Poderoso, serás restabelecido;  se afastares a injustiça da tua tenda  e deitares ao pó o teu ouro  e o ouro de Ofir entre pedras dos ribeiros,  então, o Todo-Poderoso será o teu ouro  e a tua prata escolhida.  Deleitar-te-ás, pois, no Todo-Poderoso  e levantarás o rosto para Deus.” (Jó 22:21-26, RA).

O que está ele propondo? Não está justamente afirmando que Jó precisa reconciliar, que precisa se converter, que precisa arrepender do seu pecado? O princípio contido nas suas palavras não é que Jó tinha cometido a injustiça e que precisa se arrepender para ser aceito por Deus? Não é este o nosso entendimento todas as vezes que nos sobrevém tribulação e luta? Não é este o posicionamento que temos para a nossa vida e para a vida das pessoas que nos cercam?

Mas, conhecendo a história de Jó era esta a questão? Estava ele sendo punido por seus pecados? Era ele desagradável a Deus? Ele tinha sido injusto, cometido pecado e por isso estava sendo punido?

Não! Sabemos que ele não era desagradável e nem estava sendo punido por Deus, por isso precisamos repensar os conceitos que temos sobre religião, sobre o que agrada a Deus e sobre como viver de forma a sermos segundo o que Ele planejou.

Deus não está interessado em pessoas que façam a sua vontade, que andam segundo os Seus mandamentos e esperam que Ele sempre os abençoe, recompense e os preserve de todas as aflições e lutas da vida. O que Deus deseja que entendamos é que somos parte da Sua família, que fomos chamados para estar no Seu reino, que escolhemos, segundo o entendimento e capacitação que nos concedeu para vivermos segundo a Sua vontade, sendo expressão do Seu querer entre os homens.

Toda capacitação recebida, toda autoridade que nos deu por meio do Espírito Santo, foi para que recebendo o discernimento e o entendimento, vivamos no mundo segundo os valores eternos. Vivemos não para recebermos algo em troca, nem para sermos abençoados, mas compreendendo quem somos, o que recebemos, expressamos por meio das nossas ações (obras) as virtudes de Deus, as Suas obras entre os homens. E assim, os homens ao verem as nossas boas obras, ao compreenderem que agimos como Deus, eles se aproximem da luz e sejam restabelecidos a comunhão com o Pai.

Por isso não se trata de fazer algo para ser aceitável ou agradável a Deus, mas tendo recebido o que não merecemos, o que não somos dignos, tendo sido habilitados e capacitados, vivemos neste mundo segundo o coração e o desejo de Deus para os Seus filhos, revelando a Sua vida, Sua natureza, Sua graça, misericórdia e compaixão entre os homens.

Que possamos entender a vontade de Deus, que como igreja, como membros do Corpo de Cristo, possamos compreender o nosso papel neste mundo e fazer a Sua vontade na terra como ela é realizada nos céus.

https://soundcloud.com/sdt_vigilato/a-velha-ideia-do-toma-la-e-da-ca