No sermão da montanha Jesus fez a seguinte afirmação depois de declarar que não era para nos preocuparmos com comida, com roupa, com o dia de amanhã: “buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas. ” (Mateus 6:33, BEARA).
Precisamos compreender o que significa buscar o reino de Deus e a Sua justiça em primeiro lugar, caso contrário, empreenderemos ações equivocadas, cheias de religiosidade e que não traduzem o significado do que Jesus estava ensinando.
Quando enxergamos a nossa vida como departamentos, como áreas isoladas e não como um todo, e tudo integrado, temos a ideia de ter uma vida pessoal, uma profissional, uma religiosa, uma vida relacionada aos amigos, outra com relação aos parentes, outra para com a família, mas não é assim. Somos um só e tudo está integrado. Quando pensamos em áreas, temos a noção de poder agir e ser um em cada local. No trabalho somos um e temos uma cara, em casa somos ou podemos ser outro totalmente diferente, assim nas atividades religiosas, como qualquer outra ação que façamos. Resumimos nossa vida religiosa a algumas horas de nossa semana, quando nos aprontamos para ir a missa, a um culto, ou qualquer outra atividade. E então, pensamos que buscar o reino de Deus em primeiro lugar é levantarmos um pouco mais cedo e dedicarmos um tempo para orar a Deus, ler a bíblia, fazer uma meditação, depois, fechamos este departamento e vamos cuidar da nossa vida, sem lembrar que Deus existe, e o que Ele deseja. Colocamos regras e condições, andamos por aparência, nos esforçamos para fazer a Sua vontade, ou mesmo pensamos que buscar o Seu reino é “trabalhar na obra” e “viver da obra”. Tudo isso é pensamento equivocado e não traduz o ensinamento de Jesus.
Precisamos parar de sermos religiosos e buscar em Deus o entendimento da Sua vontade. Temos que compreender que ser cidadão e filhos de Deus, viver o Seu reino não é coisa que fazemos “part-time”, mas requer de nós dedicação completa e o tempo todo, não para para fazer parte do dia, algumas horas do nosso dia, mas temos que entender que vivemos o reino de Deus de forma plena e integral no que fazemos no nosso dia a dia.
Jesus em Sua oração afirmou o seguinte: “E a vida eterna é esta: que eles conheçam a ti, que és o único Deus verdadeiro; e conheçam também Jesus Cristo, que enviaste ao mundo.” (João 17:3, NTLH). A vida eterna está relacionada a conhecer a Deus, como único. Conhecendo a Deus, compreenderemos sobre o Seu reino, e sobre a Sua justiça. Não existe vida eterna sem o conhecimento do autor da vida, sobre o Criador, que por meio da Sua graça nos salva através da fé em Jesus Cristo como o Salvador. Tendo sido transportados para o Seu reino, libertos do reino das trevas, temos que viver neste mundo, no meio dos homens como filhos da luz, como o sal da terra, como a luz do mundo. Mas precisamos entender a maneira de vivermos aqui.
Por querermos preservar a nossa vida, segundo o nosso pensamento, desprezamos o ensinamento de Deus, Sua vontade e criamos uma religião que atende aos nossos desejos e caprichos e nos mantém longe da vontade Daquele que nos chamou para o Seu reino, para a Sua família.
Precisamos compreender que buscar o reino de Deus está em compreender os Seus valores e como filhos, no nosso dia a dia, devemos revelar os valores que estão relacionados à Ele e Sua justiça. Temos que entender que isto não depende dos outros, mas de nós nos empenharmos em conhecer e compreender a vontade Daquele que nos libertou; pois nisto está a vida eterna, em conhecê-Lo.
Quando falamos de conhecer Deus, de conhecer os valores do Seu reino, de buscar a Sua justiça estamos falando das coisas que Ele faz, que revela através de Jesus Cristo. Pensamos normalmente em regras, em condições, em aparência, em templos, mas nada disto tem a ver com o reino de Deus. Estas coisas são coisas do homem, e não de Deus. Quando falamos de Deus a Sua palavra revela quem Ele é, e ela fala que Deus é amor, que revela misericórdia, graça, bondade, compaixão com os homens. Fala que na cruz Ele cumpriu, por meio de Jesus Cristo toda a Sua justiça.
Por isso precisamos, com Paulo escreve, como Pedro nos instiga a sermos imitadores de Deus, a sermos santos, e sermos santos está relacionado a fazermos as mesmas coisas que Deus fez e faz por nós. Pensamos em Deus como aquele que condena, e Ele não nos condena, já estamos condenados por causa da nossa rebeldia, porque queremos viver de forma separada da Sua vontade, vivermos o nosso mundo, do jeito que pensamos e achamos ser o melhor e não compreendemos que o que Ele planejou quando nos criou é muito maior, muito superior ao que experimentamos no nosso dia a dia e no nosso viver, sem considerar que não podemos fazer nada e nem sabemos o que irá nos acontecer no próximo instante, pois não temos o controle e nem o destino de nossa vida, embora o desejemos ardentemente. Vivermos desta forma, é vivermos de forma rebelde e fora da Sua vontade, é vivermos longe da Sua família e do Seu plano para nós homens.
As características, os valores de Deus estão relacionados à graça, a revelação de amor, compaixão, misericórdia. Jesus não veio para condenar, mas para salvar o que estava perdido. É nisto que está a revelação e a manifestação do reino de Deus. Outra coisa que precisamos compreender é sobre a justiça do reino. Ela não fala de condenar, de punir, de apontar a falha, mas, de reconciliar, salvar, repartir com o outro o que não se tem. Assim Deus fez. Na cruz, ele reparte conosco a Sua vida, nos tira do poder e domínio do pecado, que nos escraviza e nos concede vida. Esta é a justiça de Deus, justiça que se revela pelo partilhar, pelo conceder sem que o outro tenha qualquer merecimento de receber.
Por isso precisamos compreender que buscar o reino de Deus em primeiro lugar está relacionado a revelarmos no nosso dia a dia os valores do reino. Temos sim, que orar, ler a bíblia, fazermos a devocional, para compreendermos e entendermos quem é Deus e como Ele deseja que vivamos neste mundo. Ao termos este entendimento então que pratiquemos os valores do reino de Deus no nosso dia a dia.
Por isso precisamos, manifestar a misericórdia de Deus, a Sua compaixão, o Seu amor para com todos os homens e conduzir todos ao conhecimento da Sua vontade. Devemos servir às pessoas, levando-as ao entendimento e crescimento de maneira que se empenhem em ser vasos para a honra.
Praticamos a justiça de Deus quando cuidamos daqueles que necessitam: órfãos, viúvas, etc. Quando ajudamos as pessoas em suas dificuldades, quando repartimos o que temos com os outros, estamos identificando o reino de Deus aqui na terra. Quando assim andamos, tudo o que precisamos é de Deus, por meio da Sua graça que supre tudo o que precisamos.
Por isso, vamos parar, vamos repensar sobre o quê e como queremos viver o próximo ano de nossa vida. Queremos ser filhos de Deus, Seus imitadores, ou queremos continuar em nossa vida religiosa e cheia de egoísmo e caprichos? Este é o momento de pararmos e refletirmos onde queremos chegar.