“Todas as coisas são lícitas, mas nem todas convêm; todas são lícitas, mas nem todas edificam. Ninguém busque o seu próprio interesse, e sim o de outrem.” (1 Coríntios 10:23-24, BEARA)

Como a  nossa ignorância tem nos levado por caminhos tortuosos, a construir sofismas, a estabelecer condições, a impor regras do que se pode e não pode fazer! Como o desconhecimento e falta de compreensão da vontade e do querer de Deus tem nos levado a afirmações distorcidas da realidade e da palavra de Deus! Como temos sido levados pelo engano do Diabo que tem torcido a verdade, usado de meias verdades para enganar e roubar!

Conhecer a palavra não é decorá-la; mas sim, lembrar e compreender o que está escrito, sem tirar do contexto, sem torcer, sem usar em benefício próprio. Precisamos conhecer; mas precisamos conhecer de uma forma humilde, reconhecendo a nossa dependência de Deus para compreender e para viver.

Paulo na passagem acima, está discutindo o aspecto se deve ou não deve comer carne sacrificada a ídolos; e trás em sua afirmação, uma verdade e um princípio que se aplica ao que podemos denominar de pecado. O princípio que fundamenta a nova aliança, o evangelho de Jesus Cristo, não é um conjunto de regras do que se pode fazer e do que não se pode fazer, e o não fazer aquelas coisas implica em estar em pecado.

Precisamos abrir a nossa mente e ter o entendimento claro do que seja pecado; pois a única coisa que pecado não é na sua totalidade, um conjunto de regras. Quando falamos de regras estamos falando de aparência, e não da motivação interior.

A nova aliança está fundamentada no amor, a única coisa que devemos ficar devendo uns aos outros é o amor (por favor, não torçamos, amor com paixão humana, carnal. Um não tem nada a ver com o outro). O amor de Deus, que deve reger as nossas atitudes e ações e relacionamentos, está baseado no outro, no melhor para outro, no bem para o outro, e não no realizar e no cumprir o desejo próprio, o atendimento da necessidade própria ou de alguns; mas de todos. Para simplificar: tudo que fizermos que não seja para a edificação, para o benefício dos outros é pecado; pois representa uma atitude contrária a natureza e a justiça de Deus.

Podemos afirmar que o pecado, nada mais é que o viver de forma contrária o princípio do amor, de forma contrária a natureza e ao caráter de Deus. Precisamos escolher a viver e andar segundo a natureza divina ou segundo a humana. Andar segundo a natureza humana é viver em pecado; pois implica em andar segundo o princípio que fundamenta o pensamento do mundo, limitado na busca da satisfação individual, no atendimento da necessidade individual e não na busca do crescimento, amadurecimento e do melhor para o próximo.

Qualquer coisa que façamos (ou seja, as nossas motivações) que tenha como fundamento buscar os nosso interesses, atendimento de nossas necessidades em detrimento dos outros, podendo prejudicar, enfraquecer, envergonhar ou destruir é pecado. Quando usamos das pessoas para o nosso benefício, para atender os nossos anseios, e nossos desejos, estamos vivendo uma vida de pecado; pois é uma forma contrária a natureza de Deus.

Algumas situações que podem ser afirmadas como uma atitude de pecado: quando vamos nos servir em uma mesa, é pouca a comida, e nossa atitude é pegar o máximo para nós, sem pensar nos outros, é uma atitude de pecado. Sexo no casamento pode ser pecado quando buscamos a satisfação individual, o atendimento de uma necessidade própria sem pensar na necessidade do companheiro, é uma atitude indiviudalista e portanto, contrária a natureza de Deus, e consequentemente é pecado; pois usamos o outro como objeto. O se masturbar para atendimento de um prazer pessoal, satisfação pessoal, usando o pensamento sobre outro como objeto de desejo é pecado; pois estamos agindo de forma contrária a natureza de Deus. Jesus afirmou se olharmos para uma mulher desejando-a, já pecamos. Quando pratico a omissão, escondendo fatos, estou fazendo o quê? Cometendo o pecado; pois estou agindo de forma não transparente, escondendo e mantendo a aparência. O ato de colar em uma prova é pecado, sim, pois estamos mentindo sobre o conhecimento que afirmamos ter, além de declarar que fomos preguiçoso ou omissos em nossa responsabilidade.

Quando em cada situação que nos são apresentadas, escolhemos atender os desejos da natureza humana, a nossa vontade, e não ao que compreendemos ser da vontade de Deus, segundo a sua natureza, estamos praticando o pecado; pois escolhemos fazer de forma contrária a natureza de Deus.

Por que Deus aceitou a oferta de Abel e não aceito a de Caim se ambos ofereceram dos frutos de seu trabalho? Por causa da motivação e pela forma como foi oferecido. Um deu das primícias, do primeiro, reconhecendo e honrando a Deus, o outro ofereceu simplesmente do fruto depois de um tempo, e não das primícias, deixando claro que Deus não estava em primeiro lugar em sua vida. Assim é tudo que fizermos em nossas vidas. Deus se agrada do que estamos fazendo? Depende de como estamos fazendo. Se fizermos por aparência, para agradar a homens, não; Deus não se agrada. Agora se a nossa motivação esta baseada simplesmente em fazer porque assim Deus faz, se damos, simplesmente como uma oferta, como um desejo de repartir, então isto funciona como uma aroma suave diante do trono de Deus. Mas quando fazemos por obrigação, com atitude de avareza, então não é aceito diante do trono de graça; portanto é pecado.

Precisamos renovar o nosso conceito de pecado e compreender que não é questão de estabelecer regras; mas de compreender o que está por trás de alguns items que estão expressos de forma tão clara na palavra de Deus, como: não matar, não roubar, não mentir, não enganar,  não sonegar, não adulterar, não ser egoísta, não ser orgulhoso, não ser hipócrita, etc.

Um simples ato que aparentemente possa parecer o mais ingênuo diante dos homens, pode ser pecado diante de Deus; pois depende de nossas motivações.

Por que Jesus afirmou que a mulher pobre que tinha depositado duas moedas no gazofilácio tinha dado muito mais que todos os ricos que tinham depositado grandes somas de dinheiro? Que atitude agradou a Deus e funcionou como uma aroma suave diante de sua face? Ela deu tudo o que tinha, os outros estavam dando do que sobrava. Compreendemos o que seja pecado?