Por que ficamos magoados, ofendidos…?

Jesus em seus ensinamentos promete o que não temos, isto é: vivemos magoados, ofendidos, ansiosos, não usufruímos da Sua paz abundante, não conseguimos descansar em Deus, lamentamos e reclamamos das lutas e problemas que passamos, não temos vida abundante. Fica-nos a pergunta: Por que isto acontece? Por que não usufruímos das promessas sendo que compreendemos a salvação da alma e nos entregamos a Ele como Senhor e Salvador?

Isto pelo simples fato de ouvirmos de forma distorcida ou incompleta todo o ensinamento de Jesus.

Temos que entender que a questão não é somente o “receber” a salvação, mas qual o plano e propósito de Deus para as nossas vidas quando nos salva.

Já pensamos no porque Ele nos dá um novo coração, nos faz novas criaturas se vamos e temos continuado a viver neste mundo como vivíamos antes da salvação?

O que temos que entender é que precisamos derrubar tudo que foi construído, tudo que foi feito até então. Temos que jogar fora, pois é lixo e não está fundamentado em Cristo Jesus. Usufruímos parte do que Ele fez e não a totalidade das promessas.

E então fica a pergunta: por que ficamos magoados, ofendidos, odiamos ou desprezamos as pessoas, ansiosos diante das solicitudes da vida? Por que depois que nos convertemos (isto é, entregamos a nossa vida a Jesus como Senhor e Salvador), passamos a ter mais problemas e lutas que antes?

A salvação da nossa alma (isto é, a reconciliação com Deus) implica, conforme palavras de Jesus em morrer com Ele, em negar a nossa vida para poder seguir, como podemos ler: ” Então, disse Jesus a seus discípulos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz  e siga-me.” (Mateus 16:24, BEARA), e também, podemos ler: ” E os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne, com as suas paixões e concupiscências. ” (Gálatas 5:24, BEARA), e Paulo afirma: “…Como viveremos ainda no pecado,  nós os que para ele morremos?  Ou, porventura, ignorais que todos nós que fomos batizados  em Cristo Jesus fomos batizados na sua morte?  Fomos, pois, sepultados com ele na morte pelo batismo; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também andemos nós em novidade de vida.” (Romanos 6:2-4, BEARA).

O que precisamos compreender é que no novo nascimento, na conversão, na salvação da nossa alma, na reconciliação com Deus, nós morremos com Cristo, a carne é crucificada, para vivermos em novidade de vida. Neste momento, recebemos de Deus a Sua natureza, a Sua vida, somos capacitados e habilitados para viver segundo a Sua vontade, como Pedro escreve: ” Visto como, pelo seu divino poder, nos têm sido doadas todas as coisas que conduzem à vida e à piedade, pelo conhecimento completo daquele que nos chamou para a sua própria glória e virtude,  pelas quais nos têm sido doadas as suas preciosas e mui grandes promessas, para que por elas vos torneis co-participantes da natureza divina,  livrando-vos da corrupção das paixões que há no mundo,” (2 Pedro 1:3-4, BEARA).

Também precisamos compreender que fomos chamados para um novo propósito. Temos agora uma nova vida, uma vida como cidadão do reino de Deus e não podemos viver no mundo como sendo do mundo, mas, devemos andar em novidade de vida, olhando para o nosso propósito e perserverando em seguir os processos de Deus para o aperfeiçoamento dos santos, e cumprir assim a vontade do Pai, como podemos ler: ” Vós, porém, sois raça eleita,  sacerdócio real, nação santa,  povo de propriedade exclusiva de Deus,  a fim de proclamardes as virtudes  daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz;” (1 Pedro 2:9, BEARA), e conforme Paulo escreveu aos irmãos de Efésios: ” para que, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus se torne conhecida, agora, dos principados e potestades  nos lugares celestiais,” (Efésios 3:10, BEARA). Precisamos entender que o nosso propósito é resultante do nosso compromisso individual com Deus, é manifestar as Suas virtudes entre os homens, e revelar a todo poder espiritual a multiforme sabedoria de Deus por meio da igreja.

A igreja (corpo de Cristo que fazemos parte como membros e temos papel a desempenhar) é responsável por manifestar, no coletivo, a virtudes de Deus.

E ai? Podemos nos perguntar, o que isto tem a ver com os nossos problemas? Bom, ficamos magoados e ofendidos porque simplesmente as pessoas não nos respeitaram e nem nos honraram como queríamos. Odiamos porque nos ofenderam, nos agrediram e não gostamos de levar ofensa para casa, ou seja o nosso orgulho foi jogado no lixo, não é verdade? Desprezamos porque as pessoas não significam nada para nós e não tem nada para nos conceder do que queremos receber, não é verdade? E ficamos ansiosos porque não sabemos o dia de amanhã e esta incerteza corrói a nossa vida, nossos pensamentos, tirando-nos o descanso que tanto desejamos. E os problemas? Bom, achamos que somos tão bons que não merecemos e não somos dignos dos mesmos.

Agora, vamos raciocinar. Ficamos ansiosos porque não confiamos em Deus, não descansamos Nele, porque temos medo de termos as nossas expectativas frustadas, correto? O nosso orgulho foi ferido, fomos desprezados, e portanto, tudo que esperávamos das pessoas, nossas expectativas novamente foram frustradas. Ou sonhamos com coisas materiais, alcançar um padrão de vida melhor, mas não vemos isto acontecer. O que está acontecendo? Novamente nossas expectativas são frustradas.

Por que deixamos isto acontecer? Isto acontece pela falta de entendimento que temos. Precisamos compreender a nossa origem, nossa função, o que recebemos de Deus e como devemos viver neste mundo, pois não podemos deixar a nossa vida ser guiada pelos valores do mundo.

O mundo nos move para fazermos as coisas para ter, receber, alcançar. Fazemos as coisas para as pessoas porque esperamos receber algo em troca, uma recompensa, seja honra, seja o reconhecimento financeiro, seja o sucesso segundo os valores e pensamento deste século.. Agora, quando compreendemos o que recebemos de Deus, que nossa origem está Nele, que temos da Sua vida, que somos guiados segundo os valores da natureza de Dele, então, entendemos que por termos recebido tudo isto, por termos sido feitos filhos, por sermos participantes da vida de Deus, então, fazemos para as pessoas, independente delas merecerem. Fazemos porque somos, e ao fazermos, estamos revelando o Deus que afirmamos conhecer, revelamos as Suas virtudes, manifestamos a Sua multiforme sabedoria, pois fazemos as mesmas obras Dele.

E ao fazermos as obras de Deus, não esperamos receber nada, nem alcançar coisa alguma que seja, pois o que somos é suficiente em Deus, não existe razão para ter, alcançar mais nada, por isso, diante deste cenário, não podemos ficar magoados, ofendidos ou ver nossas expectativas frustradas. Quando compreendemos isso, entendemos o amor de Deus por nós, tudo o que Ele fez para sermos participantes da Sua vida, e que não existe razão para nos preocuparmos com nada deste mundo, pois Ele tem cuidado de nós, então não vemos razão para a ansiedade, e por isso, damos lugar à mansidão, pois sabemos e reconhecemos que Deus está no controle de tudo.

E assim, ao olharmos os problemas e lutas que enfrentamos, somos capazes de agradecer e nos alegrar em Deus, pois Ele nos considerou dignos de sofrer e padecer pelo Seu nome, para que Ele seja glorificado por meio de nossas ações e palavras que iremos proferir diante do cenário que vivemos; pois a nossa vida é guiada não por valores transitórios e nem por coisas passageiras, mas direcionada por valores eternos, e o que importa é que sejamos luz, que revelemos as virtudes de Deus, que Sua multiforme sabedoria seja conhecida hoje e sempre.

Por isso, quando temos o entendimento do propósito de nossa vida, do que Deus fez em nós, do que nos concedeu, não temos outro fundamento pelo qual nos conduzir neste mundo. Somos filhos para revelar o Deus que nos aceitou, nos amou e Se entregou por nós, para que possamos participar da Sua glória, da Sua vontade e sermos, por meio da igreja, Seus embaixadores, reconciliadores dos homens com Ele, nação santa, povo de Sua propriedade exclusiva, sacerdócio real.