Entre “ouvir” e ouvir

A questão em tudo que nos cerca está no fato de refletirmos sobre se temos ouvido tudo que precisamos ou somente o que desejamos e do que ouvimos, realmente absorvemos ou somente escutamos e desprezamos por não ir de acordo com a nossa expectativa e por isso continuamos a viver na mesma condição, pensamento e não amadurecemos de maneira a expressarmos aquilo que entendemos ser.

Jesus falou sobre ouvir a Sua voz, e ouvi-Lo significa fazer o que Ele fala e não somente entender, pois quem ouve e não faz não é o Seu discípulo e não expressa o verdadeiro amor a Ele, como não expressa o Seu amor ao mundo da maneira que Deus revelou. Em João, no capítulo dez, dos versos vinte e cinco e vinte e oito, Jesus fala sobre ouvir a Sua voz e segui-Lo: “Jesus respondeu: Eu já disse, mas vocês não creem. As obras que eu realizo em nome de meu Pai falam por mim, mas vocês não creem, porque não são minhas ovelhas. As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna, e elas jamais perecerão; ninguém as poderá arrancar da minha mão.” (João 10:25-28, NVI).

Por que os fariseus não ouviam, embora conhecessem as escrituras e compreendessem o que ela fala do Cristo? Por um simples motivo: eles liam, absorviam e refletiam sobre as suas expectativas somente. Isto é somente o que lhes interessava é que eles conseguiam compreender. E nós nos nossos dias, o que temos feito? Temos agido como os fariseus, absorvendo somente parte do que nos interessa e temos focado na nossa religiosidade para alívio de nossa consciência ou temos de fato ouvido o que Cristo nos fala e temos nos submetido à Ele?

A verdadeira expressão de conseguir ouvir está relacionada a fazer, e é resultante do desejo profundo de conhecer a vontade de Deus, independente do quanto está alinhada com os nossos desejos, pois ansiamos tanto pela vontade do Pai que somos capazes, por compreender a obra de salvação, a capacitação recebida e o nosso papel, rejeitarmos os nossos sonhos e desejos temporários em favor de valores eternos.

Quando compreendemos que fomos feitos filhos, capacitados para viver neste mundo conforme a vontade do Pai, que recebemos o poder e autoridade, concedidos pelo Espírito Santo, para sermos imitadores de Deus, para sermos reconciliadores dos homens com Ele, para sermos embaixadores, o bom perfume de Cristo, a fragrância do Seu conhecimento, e tendo a convicção de Suas promessas e palavras, nós nos esvaziamos de nós mesmos (negamos a nós mesmos) e nos submetemos à Deus, oferecendo-nos como uma oferta agradável a Ele, para que a Sua vontade se cumpra através das nossas vidas.

Nesta atitude de amadurecimento que envolve o se oferecer está a expressão de ouvir e obedecer, pois é nesta jornada que rejeitaremos os procedimentos deste mundo, expressaremos que ouvimos a Sua voz e a ela nos submetemos como expressão do verdadeiro amor e do desejo ardente de ver a vontade de Deus sendo realizada neste mundo por meio das nossas vidas, no nosso dia a dia, como cidadãos do reino. E assim é o ouvir e fazer e não o ouvir, compreender, guardar e nada fazer, pois conhecimento não nos faz filhos do Reino.

https://soundcloud.com/sdt_vigilato/entre-ouvir-e-ouvir