Quantos de nós pensamos no que aconteceu a seguir? Quantas vezes não exigimos de nós ou de pessoas à nossa volta atitudes e ações que são expressão de esforço humano como justificativa para a salvação da alma? Em Atos dos apóstolos podemos ler: “Alguns indivíduos que desceram da Judéia ensinavam aos irmãos: Se não vos circuncidardes segundo o costume de Moisés, não podeis ser salvos. Tendo havido, da parte de Paulo e Barnabé, contenda e não pequena discussão com eles, resolveram que esses dois e alguns outros dentre eles subissem a Jerusalém, aos apóstolos e presbíteros, com respeito a esta questão.” (Atos 15:1-2). Estes irmãos, subiram aos outros em Jerusalém para que houve um consenso, e uma das palavras relatadas neste conselho está expressa a seguir: ” Agora, pois, por que tentais a Deus, pondo sobre a cerviz dos discípulos um jugo que nem nossos pais puderam suportar, nem nós? Mas cremos que fomos salvos pela graça do Senhor Jesus, como também aqueles o foram. ” (Atos 15:10-11).
Por isso a mesma pergunta devemos fazer hoje a nós mesmos. Estamos aumentando a carga da salvação para nós mesmos ou outras pessoas, como se tivesse algo mais a fazer para que a salvação seja alcançada? Temos mais penduricalhos para acrescentar, mais exigências? Temos acrescentado a nossa vida obrigação e aspectos de religiosidade para justificar a nossa salvação?
Precisamos entender que a salvação é um dom, um presente, a graça de Deus revelada por meio de Jesus Cristo. Não temos nada para fazer além de nos submeter e aceitar esta oferta em nosso favor. Não existe nada que possamos fazer, somente manifestarmos o arrependimento de uma vida cheia de obras mortas que não revelam e nem manifestam as virtudes de Deus. Não temos nada para fazer além disto. Não existe mandamento, nem lei, nem obrigações que nos possa conceder a salvação, somente a graça de Deus revelada em Jesus Cristo por meio da fé Nele. A salvação é decorrente de entregarmos nossa vida crendo que Ele morreu e ressuscitou por causa do nosso pecado, e para nos conceder a salvação, a reconciliação com Deus. É isto que precisamos entender.
Agora, sendo salvos, tendo recebido da vida e da natureza de Deus, tendo sido feitos Seus filhos, não temos outro modelo de vida, outro padrão para viver que não seja sermos imitadores de Deus, andando segundo os Seus valores e Seu caráter. Fomos salvos, fomos feitos filhos de Deus e por sermos filhos, então vivemos e fazemos as Suas obras.
Tendo este entendimento da salvação e de quem somos, temos a obrigação natural de viver segundo a natureza Daquele que nos chamou, imitando-O em todos os Seus atos. Por isso, Jesus ensinando no sermão da montanha, fala que devemos exceder em muito a justiça dos religiosos, que devemos fazer mais do que a lei determina. Nossa vida deve ser pautada pelo exemplo de Jesus, tendo Ele como modelo a ser imitado. Tendo este entendimento, não nos resta alternativa que não seja o caminho da santificação, de tornar santo o procedimento, de corrermos a carreira proposta. Por termos sido salvos é que revelamos a natureza de Deus, e fazemos isso, quando exercemos a misericórdia, a graça, a bondade, a longanimidade, quando manifestamos compaixão pelas vidas, quando desejamos ardentemente que conheçam o Salvador de nossa alma.
Nossa vida deve ser conduzida não impondo mais carga para que pelo esforço possamos achar que alcançamos a salvação, mas vivendo na graça e na dependência do Pai, devemos revelar a vida que recebemos, praticando as obras de justiça que revelam o Deus que conhecemos, nada mais que isso.