Quem sou? O religioso ou o samaritano?

Talvez não entendemos a parábola do bom samaritano contada por Jesus. Já lemos várias vezes, já refletimos várias vezes sobre a mesma; mas a pergunta que não cala: quem temos sido na estória? Os religiosos? O samaritano? Ou o que sofreu o dano? No fundo a pergunta que devemos fazer é se temos sido o próximo do outro; pois se não, precisamos parar e refletir sobre a nossa fé, o seu significado e o que deveríamos fazer.

Vamos fazer parte desta estória, contando a de  uma forma um pouco diferente, nos colocando como participantes da mesma.

Levantamos cedo, ou mesmo final do dia, e saímos de nossa casa rumo ao centro da cidade. Não importa o horário. Temos compromisso no centro. Temos horário para chegar coisa para fazer e devemos retornar a nossa casa a tempo do almoço (se saímos de manhã) ou do jantar se saímos no final do dia. Decidimos, mesmos com o perigo que ronda as nossas ruas, ir a pé.

Estamos a caminho do centro, já andamos vários quarteirões. De repente vemos na calçada uma pessoa caída. Está toda suja. O que pensamos? Ou se já diante desta situação qual foi o nosso pensamento e nossa atitude? Está bêbado? É um doido? Um maltrapilho? Um pedinte? Ou um drogrado? Além de pensarmos sobre isso, ou seja, sobre quem é aquele que está ali no chão, o que fazemos?

Agimos como o samaritano? Ou agimos como os dois religiosos que passaram distante?

Estamos entendendo quem temos sido?

Não é uma questão de falarmos da lei, decorarmos a bíblia, cantarmos louvor, bendizermos o nome de Deus, falarmos e proclamarmos o amor de Deus. Podemos fazer tudo isso, e por uma questão de consciência, podemos até mesmo fazer boas obras, podemos socorrer, ajudar. Mas quando fazemos as boas obras, o que tem norteado as nossas ações? Qual a motivação de fazermos a boa obra? Para negociarmos com Deus a nossa entrada no Seu reino? Fazemos para mostrar que somos bons e que temos direito a salvação?

Ou simplesmente temos ajudado, temos sido o próximo independente de quem seja o outro? Exercermos misericórdia, manifestamos graça, praticamos o socorro, simplesmente porque somos filhos de Deus e é isso que Ele faria, e faz por nosso intermédio?

Ser filho de Deus, fazer parte do reino, não é uma questão de discurso, de falar, de decorar; mas de viver o reino de Deus nas pequenas coisas da vida, através das pequenas ações que revelam o Deus que temos conhecido.

Não se trata de pedir, de clamar pelos nosso problemas; pelas nossas falhas, pela solução dos nossos problemas, para atender as nossas carências e necessidades. Deus não existe para atender os nossos desejos; mas sim, nós existimos para sermos instrumento Dele, para revelarmos a sua vida e fazermos a sua obra neste mundo como Seus representantes. Por isso, precisamos aprender a ser o próximo do outro, precisamos revelar a virtude do reino; precisamos aprender a ser o “bom samaritano”; para que Deus seja visto através de nossas ações.