Paulo escrevendo aos gálatas, afirmou o seguinte: “Ó gálatas insensatos! Quem vos fascinou a vós outros, ante cujos olhos foi Jesus Cristo exposto como crucificado? Quero apenas saber isto de vós: recebestes o Espírito pelas obras da lei ou pela pregação da fé? Sois assim insensatos que, tendo começado no Espírito, estejais, agora, vos aperfeiçoando na carne? Terá sido em vão que tantas coisas sofrestes? Se, na verdade, foram em vão. Aquele, pois, que vos concede o Espírito e que opera milagres entre vós, porventura, o faz pelas obras da lei ou pela pregação da fé? É o caso de Abraão, que creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça. Sabei, pois, que os da fé é que são filhos de Abraão.” (Gálatas 3:1-7, BEARA).
Existe uma diferença muito sutil entre ser para fazer, e entre fazer para ser. Um é regido pelo princípio da fé e ou outro se fundamenta na lei. Em qual temos baseado as nossas vidas? Qual o princípio que tem norteado e fundamentado as ações que temos realizado?
Na lei tudo que podemos observar é regido pelo princípio de que temos que fazer para receber. Ou seja, se obedecermos, se cumprirmos a lei; então seremos cabeça e não cauda; seremos prósperos em tudo o que fizermos, seremos abençoados e não amaldiçoados; Receberemos bênçãos e não desgraça. Não é isto que a lei ensina? Não foi por este princípio que a nação de Israel viveu desde que recebeu a lei? Mas para que serviu a lei? Somente para mostrar que pela lei, não podemos herdar a salvação, alcançar favor de Deus; pois a lei somente destaca o nosso pecado, nossa incapacidade de viver segundo os princípios e fundamentos da natureza divina.
O que a lei diz é o seguinte: devemos fazer, devemos obedecer, devemos cumprir. Se cumprirmos, se obedecermos, se fizermos então seremos abençoados. Ou seja, na lei, temos o princípio de fazermos; para sermos e então recebermos.
Mas e a graça? O que determina a graça de Deus? A graça funciona de forma inversa, completamente inversa da lei. Na graça as nossas vidas é regida pelo princípio de que recebemos, Deus fez, Ele concedeu, e por ter feito, concedido; então, nós somos; e por sermos, então fazemos. Fazemos por que somos, porque recebemos e não para receber ou para ser.
Como? Vamos entender a salvação, a reconciliação. Nós fomos criados para termos comunhão com Deus, para andarmos com Deus. Mas nós nos rebelamos, nos afastamos do Criador; pois brotou em nosso coração o orgulho, resultante de querermos ser igual a Deus, ou seja, fomos tentados pelo princípio de termos que provar, termos de fazer para confirmar que somos. Precisamos entender que este é o fundamento da tentação. Satanás não nega a verdade; mas fala uma verdade torcida. Assim foi a tentação no Jardim para Adão e Eva, assim foi a tentação de Jesus no deserto, assim é a tentação que sofremos. Sempre termos que provar que somos. Quando o homem foi tentado, então caímos na armadilha; pois queríamos e queremos ser senhores de nós mesmos, queremos ser igual a Deus; então, vem a cobiça, vem o orgulho. E o homem por ter caído, se rebelado, foi separado de Deus. Esta separação trouxe a morte. Por isso, todos nós estamos mortos em nossos delitos e pecados.
Mas, desde antes mesmos da criação, Deus, proveu, por meio de Cristo Jesus a cruz, através do seu sacrifício, sua morte, o cumprir da sua justiça e justificar a todos os homens. Por isso, Paulo escrevendo, afirma que somos salvos pela graça, por meio da fé, isto não vem de nós; mas sim, de Deus. A salvação, a reconciliação é algo que recebemos, é a obra de Deus realizada em nosso favor; mesmos antes de reconhecermos. Deus nos deu, antes mesmos de tomarmos posse.
Quando nos sujeitamos a cruz, quando negamos a nós mesmos, reconhecendo a obra que Deus fez por nós, arrependidos, confessamos o nosso pecado; então recebemos a reconciliação, através do novo nascimento. Neste momento somos feitos filhos de Deus. Por termos sido feitos filhos de Deus, por termos recebido toda a capacitação, toda sorte de bênçãos; então fazemos as obras de Deus. Como está escrito que somos retirados do império das trevas e trazidos para o reino da luz, somos feitos filhos de Deus, recebemos da vida de Deus, e fomos criados em Cristo Jesus para as boas obras, para revelarmos as Suas virtudes.
Por isso, pela graça, nós recebemos a bênção, fomos abençoados, e pela graça somos salvos por meio da fé. Tendo recebido a salvação, a reconciliação; então, somos feitos filhos. E por sermos filhos; então fazemos as obras de Deus, vivemos segundo os valores do reino.
Agora, como isto é externado em nossas vidas? Pela santificação, que é o processo de amadurecimento, de crescimento para darmos os frutos. A santificação significa a rejeição de todas as obras da carne, toda obra segundo a natureza humana, para andarmos segundo a natureza divina, produzindo os frutos do Espírito.
A escolha entre viver pela lei e pela graça está baseada na compreensão de sermos para fazermos; ou de fazermos para sermos. Viver pela graça é a confissão da dependência, e da capacitação recebida de Deus. Pela lei, implica que sempre teremos de provar que somos; por isso, sempre buscaremos o fazer, para revelar que somos. Se assim temos escolhido andar; então, estamos caindo na armadilha de Satanás e não revelando o reino de Deus, como está estabelecido por nosso Pai.