Cristianismo sem cruz

É de fato uma utopia, uma aberração falarmos de cristianismo sem cruz; mas o que de fato significa um cristianismo sem cruz? Termos o entendimento claro da mensagem de Cristo, seus ensinamentos, o que os apóstolos transmitiram, sua mensgem é fundamental para compreendermos que não pode, não existe uma mensgem do evangelho sem a cruz. Mas por que podemos afirmar isto?

Poderíamos olhar sobre a perspectiva humana, sobre as teorias e ensinamentos que tem prevalecido no chamado mundo “cristão”. Se fala muito de uma psicologia humana, prega muito sobre teorias, procurando ajudar as pessoas a repensarem suas vidas; mas sobre uma perspectiva limitada e humana que não  inclui a cruz de Cristo.

O fundamento da nossa fé, de nossa  vida está na cruz. Não estamos falando de auto ajuda, de pensamentos e ensinamentos que desejam ajudar as pessoas a se livrarem das doenças psicossomáticas que tanto aflingem o ser humano em nossos dias (talvez não seja diferente do passado; mas hoje, temos mais informações, uma medicina voltada para isso).

Quando olhamos, com uma visão simplista, de todo o mal que nos aflingem o que podemos observar no geral (por favor, existem as exceções)? O que leva a maioria das pessoas a depressão? A falta de esperança? A desilução? O que leva a quebra de relacionamento? Destruição de família e lares? Não só hoje, pois, podemos pela história observar que a opressão da mulher é que levava ela a permanecer com o seu marido e não um relacionamento saudável entre marido e mulher. Não eram os valores familiares, mas a opressão da sociedade em cima de uma mulher separada.

Os males que nos aflingem, em sua grande maioria, estão relacionados a expectativas não atendidas, a um desejo não saciado, resultante de valores incentivados na nossa cultura consumista, ou mesmos expextativa que temos com relação as pessoas que nos frustam. Ou quando falamos de quebra de relacionamento, falamos de achar que o outro, sempre o outro está errado; não vislumbramos a perspectiva que o erro está em nós. O que são estes sentimentos e estas frustrações que não resultantes de egoísmo, orgulho, arrogância, inveja, hipocrisia, colocarmos esperança em pessoas.

Mas qual foi o ensinamento de Jesus? O que el e pregou no sermão da montanha? Qual foi o fundamento de seu ensinamento e do ensinamento dos apóstolos?

Esta é a questão fundamental que devemos observar. Jesus disse que que não tomasse a sua cruz e não o seguisse, não seria o seu discípulo, ou quem não aborrecesse a sua vida não era digno dele, ou mesmo quando Paulo escreve em suas cartas ele foca neste sentido. O que significa a cruz? O que significa aborrecer a própria vida?

Na cruz encontramos a morte. A morte de nossa natureza humana. Cristo morreu em nosso lugar, com ele morremos para a nossa vida, para a natureza humana que nos leva aos sentimentos, doenças e problemas que nos aflingem tanto neste mundo. É a natureza humana que nos impede de vivermos relacionamentos saudáveis, pois ao compreendermos a obra de Deus na cruz, ao compreendermos nossa morte e ressurreição com Cristo, compreendemos o que recebemos de Deus. E o que recebemos de Dele nos leva a viver uma vida que traduz os ensinamentos de Jesus. Mas para que isto seja viável, precisamos fazer, de fato, no nosso dia a dia, fazer morrer a natureza humana. Se não houver a morte de nossa natureza humana (tomar a cruz) de forma alguma experimentaremos o melhor que Deus tem para nós homens neste mundo. Ficaremos eternamente presos a nossos valores e o que nos impedem de desfrutar a vida plena prometida por Jesus a todos os seus seguidores.

Por que na nossa morte encontramos vida? Por um simples fato. Aprendemos mudar o nosso referencial de valores, de vida e de relacionamento. Não teremos nossas expectativas frustradas, porque não focamos nas pessoas e nem esperamos nada delas. Tudo que fizerem será normal e irá refletir o conhecimento de Deus ou não, sua maturidade ou imaturidade. Não deixaremos as nossa vidas serem guiadas pelo referencial consumista e nem de beleza que domina nosso mundo. Não colocaremos os nossos sonhos e esperança nas coisas desta vida, mas trabalharemos com Deus, como seus instrumentos, para que a realidade do reino, a vontade do Pai se cumpra nesta terra como é realizada nos céus (como Jesus disse, ajuntaremos tesouros no céus onde a traça e a ferrugem não consomem).

Por isso, não existe cristianismo sem cruz, não existe vida sem morte. Podemos insistir em ensinamentos que preguem outras coisas, mas nunca seremos capazes de revelar, manifestar a vida de Deus. Precisamos entender que vida plena, somente por meio da cruz, quando no nosso dia a dia, nos tornamos imitadores de Deus como filhos amados.