Inimigos de nós mesmos

Pensamos que o nosso maior inimigo é Satanás, ele que nos acusa diante de Deus. Ele que foi, além de nós mesmos, o responsável pela nossa queda, rebeldia e separação do Criador. Nós acusamos o diabo como sendo o responsável por tudo que fazemos de errado, alguns até declaram que ele está amarrado; mas esquecemos do que Deus falou a Caim: “Então, lhe disse o Senhor: Por que andas irado, e por que descaiu o teu semblante? Se procederes bem, não é certo que serás aceito? Se, todavia, procederes mal, eis que o pecado jaz à porta; o seu desejo será contra ti, mas a ti cumpre dominá-lo. ” (Gênesis 4:6-7).

O Diabo pode nos incitar, pode mostrar as oportunidades, pode abrir os nossos olhos para tudo aquilo que seja contrário a natureza de Deus; mas o realizar, o nos submetermos a ação, não é responsabilidade dele; mas única e exclusivamente nossa. Quando não culpamos ao Diabo, queremos culpar a Deus, ou a outras pessoas por todas as nossas falhas e erros; mas nunca, ou raramente, a nós mesmos.

Mas o que significa pecado de fato para nós no nosso viver diário, nos relacionamentos, nas ações que realizamos é o que precisamos entender; e enquanto perdurar uma visão distorcida da realidade que Deus deseja trazer luz para nós; não experimentaremos a boa, perfeita e agradável vontade que ele tem para nós. Precisamos compreender que pecado é vivermos segundo a natureza humana e não segundo a divina; pois enquanto vivermos segundo o que pensamos, estamos vivendo em rebeldia ao seu propósito estabelecido para as nossas vidas. Precisamos, portanto, olhar os valores da natureza humana, com olhos diferentes do que temos encarado. Achamos que é o melhor, que é bom; mas não compreendemos o quão prejudicial é para as nossas vidas, estamos cegos para a nossa realidade.

Vamos refletir um pouco sobre vício. Quando não estamos presos a um vício, não compreendemos porque as pessoas não conseguem se libertar do mesmo, não é verdade? Achamos que a pessoa é fraca e que não tem um propósito firme. Não é o que pensamos quanto encaramos um fumante, um dependente de álcool, uma pessoa presa as drogas, ou mesmo a sexo, ou qualquer outro vício?

Como devemos encarar os valores da natureza humana? Como um vício, como algo que está arraigado e preso em nós, que comparado com um vício, é muito mais intenso; pois faz parte de nós mesmos, mas então, como nos libertar? Esta é a questão que devemos considerar. Nós não libertamos por nós mesmos, pela nossa vontade e pelo nosso esforço. Somente temos a libertação, através da cruz, da morte. Enquanto não nos vermos crucificados com Cristo, e que através da sua morte com ele, somos libertos, não experimentaremos a vida.

O pecado sempre estará a nossa porta, ele estará sempre diante de nossos olhos, precisamos, na libertação que nos foi concedida através de Cristo, rejeitar completamente qualquer ação que tenha por propósito manifestar a natureza humana e atender aos seus desejos. Não existe vida fora de Deus. Precisamos retirar a escama de nossos olhos e compreender o que Deus fez. Ele nos libertou do pecado, curou a nossa alma, restaurou a comunhão conosco para andarmos segundo o princípio de vida que procede dele. Vida que gera vida, que traz luz, que conduz a libertação. Andarmos segundo a natureza humana, nos sujeitando a esta natureza, somente nos afasta do melhor que Deus tem para nós.

Somente rejeitamos o pecado por causa do que Deus fez, do que nos concedeu e porque a sua vida habita em nós. Não podemos sujeitar o nosso corpo ao pecado, nem nos sujeitar aos caprichos e prazeres da natureza humana. Somos filhos, fomos feitos filhos, para sermos imitadores de Deus. Deixemos, portanto as obras mortas da carne, e vivamos segundo a vida de Deus. Não sejamos escravos do que nos condena.