“Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido. Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho, mas o Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos.Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a boca; como cordeiro foi levado ao matadouro; e, como ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a boca.” (Isaías 53:4-7)
Como podemos ficar impassíveis diante de tanta graça, misericórdia e amor revelado por nós? Como podemos permanecer com as mesmas atitudes diante de tanto sofrimento para que pudéssemos ser reconciliados como Deus?
A grande questão que temos que levantar não é a consciência e a compreensão do ato que Jesus se submeteu para que nós fôssemos redimidos da escravidão do pecado e reconciliados com Deus. Não é o simples fato de declararmos que recebemos pela fé, como um ato de graça, a salvação, a reconciliação a nós providas resultante do amor de Deus por nós; mas sim, o quanto estamos dispostos a nos oferecer como sacrifício vivo a Deus, como expressão de um culto racional, de um culto de adoração que demonstra o quanto reconhecemos o ato de Jesus por nós.
Nós procuramos dissociar salvação, de arrependimento e mudança de atitude (mudança de rumo em nossas vidas). Estes itens não estão separados, fazem parte de um todo. O arrependimento é resultante de um coração quebrando; que demostra que não desejamos permanecer com as mesmas práticas; mas sim, a mudança, a transformação. Junto com a salvação de nossas almas, que é o ato de resgate, de reconciliação, do novo nascimento, vem o desejo ardente de mudança, de transformação, da declaração da morte de toda a natureza humana; para vivermos segundo o coração de Deus, segundo a sua natureza.
O que precisamos entender é que não existe meio termo. Existe, sim, no reconhecimento do ato de Jesus, uma atitude de anseio para fazer com que o motivo de sua morte, não seja em vão. Mas que por intermédio de sua vida, a vida eterna de Deus, sua natureza que nos foi concedida, nos permita viver de forma que agrada a Deus. A condição de viver segundo a natureza de Deus, para o seu inteiro agrado, não depende mais do que Deus pode fazer; mas sim, do nosso entendimento do que Deus já fez, e já nos concedeu tudo que precisamos para andar neste mundo da maneira que lhe agrada.
Por causa do que recebemos, por tudo que recebemos, não podemos ficar impassíveis diante do que Deus fez por nós, e continuarmos a viver uma vida segundo a natureza humana. Conforme Pedro escreveu em sua segunda carta (2 Pedro 1:3-11); já recebemos tudo que precisamos para viver uma vida que agrada a Deus. Se temos tudo, o que nos impede de viver segundo o coração de Deus? Nossa atitude. Se não declararmos a morte da natureza humana, se não a vivermos em cada momento, em cada decisão que temos que tomar entre a escolha da natureza humana ou divina; nunca a vontade, a vida de Deus se revelará através de nós. A cruz não é para ser admirada, é para reconhecermos que nós também, fomos crucificados com Cristo. Ela é o nosso instrumento de morte. Morte para os nossos desejos, para a nossa vontade e para o nosso querer. Não dá para viver a vida de Deus e revelar a sua natureza, andando segundo a vontade de nossos pensamentos e desejos.
Tendo a consciência do que Deus fez por nós, o que faremos para demonstrar o verdadeiro arrependimento?