Pensamentos de Jó em sua aflição

Jó respondendo a Zofar no capítulo 21, dos versos 7 ao 15, sobre  a situação do perverso: daquele que não honra a Deus e nem deseja conhece-lo com as seguintes palavras: “Como é, pois, que vivem os perversos,  envelhecem e ainda se tornam mais poderosos?  Seus filhos se estabelecem na sua presença;  e os seus descendentes, ante seus olhos.  As suas casas têm paz, sem temor,  e a vara de Deus não os fustiga.  O seu touro gera e não falha,  suas novilhas têm a cria e não abortam.  Deixam correr suas crianças, como a um rebanho,  e seus filhos saltam de alegria;  cantam com tamboril e harpa  e alegram-se ao som da flauta.  Passam eles os seus dias em prosperidade  e em paz descem à sepultura.  E são estes os que disseram a Deus: Retira-te de nós!  Não desejamos conhecer os teus caminhos.  Que é o Todo-Poderoso, para que nós o sirvamos?  E que nos aproveitará que lhe façamos orações?” (Jó 21:7-15, RA)

Vemos neste pequeno texto as palavras de Jó que expressam o seu pensamento sobre a situação dos homens injustos, daqueles que não se submetem a Deus, mas por que pensa ele assim? Não pensamos a mesma coisa? Não é o nosso pensamento, especialmente quando estamos passando por tribulações como Jó estava?

Quando olhamos as coisas de uma perspectiva temporária, na visão deste mundo, segundo o pensamento corrente da natureza humana, sim, o nosso pensamento não é diferente do que Jó teve. Observamos o perverso prosperar, seus filhos em situações tranquilas, enquanto nós, que temos sido fiéis, nos vemos em situações difíceis, em lutas e cheios de problemas, mesmo que façamos tudo “correto”, conforme o nosso entendimento.

O que está errado? O nosso entendimento? O perverso no seu posicionamento? Ou a perspectiva com que estamos olhando as coisas?

Não se trata de certo ou errado, mas simplesmente a perspectiva que estamos usando para analisar e olhar  a situação que estamos vivendo. Se olharmos na perspectiva do pensamento humano, na limitação do nosso entendimento, no resumir a nossa vida a este mundo, o pensamento de Jó não está errado, mas olhando pela perspectiva divina, no âmbito da eternidade, na vontade e no plano de Deus para a nossa vida, então a humana limitada está equivocada e não traduz o que Deus está fazendo e nem o Seu plano.

Quando entendemos que somos filhos, que nos submetemos à vontade de Deus, que o nosso desejo é conhecer e compreender a vontade Dele e viver neste mundo conforme lhe agrada, quando entendemos que recebemos o Espírito Santo, que Ele nos habilita para vivermos neste mundo segundo a vontade do Pai, que o nosso papel neste mundo, não é vivermos para nós, mas vivermos segundo a natureza de Deus, revelando e manifestando o Seu plano entre os homens para que todos cheguem ao conhecimento de Deus, e que a nossa vida neste mundo é passageira, é como um névoa, uma neblina e que os verdadeiros valores estão no entendimento da perspectiva divina, então o que vemos hoje passa a não ter qualquer significado ou importância, mas, os valores eternos do Criador.

Tudo que fazemos ou temos neste mundo é temporário e não será levado para a eternidade, mas tudo que somos como expressão dos valores eternos do Criador farão parte da nossa vida, pois o Seu propósito é nos moldar e nos conduzir a expressarmos a Sua natureza e a Sua vida entre os homens. Como membros do corpo de Cristo, como filhos, pessoas que se submeteram a Deus, temos o propósito de revelá-Lo entre os homens, manifestar o Deus vivo e verdadeiro por meio do que fazemos.

Quando entendemos que o propósito de Deus é nos conduzir a sermos expressão do que Ele é, então, entendemos as tribulações, as lutas e problemas que enfrentamos, não como punição, não como um castigo, mas, como o meio que Ele tem para nos formar e nos levar a rejeitar todo o pensamento do mundo, e andarmos segundo os valores eternos.

Ele não deseja nos punir e nem que não prosperemos, só não está preocupado em sermos ricos ou pobres neste mundo, mas, em sermos ricos em expressão da Sua vida entre os homens, sendo verdadeiros cidadãos do reino de Deus entre os homens, para que por meio das nossas obras, sejamos luz neste mundo, que manifestemos as Suas obras e proclamemos por meio do que fazemos as Suas virtudes e assim, os homens ao verem a luz que somos, ao verem as nossas boas obras, glorifiquem a Deus por meio do que somos.

Podemos não ser prósperos na visão deste mundo, mas precisamos ser prósperos na visão eterna, na expressão de valores eternos por meio das nossas obras para que o Pai seja glorificado e o Seu reino se revele, por meio de nossas vidas entre os homens.

https://soundcloud.com/sdt_vigilato/pensamentos-de-jo-em-sua-aflicao