Esta semana, foram cinco dias de agonia, cinco dias de ver Deus operando nas coisas simples; mas que pareciam improváveis de acontecer.
Gostaria de compartilhar sobre isso, sobre esta experiência e que ela sirva para todos nós, não só como testemunho, exemplo; mas como fonte de mudança de postura diante das situações, diante de nossos posicionamentos e pensamentos. Aqui estão expressas a minha opinião e a minha visão da situação, não representa o que Thiago passou, e nem o que passou pela cabeça das outras pessoas que cito.
Thiago é este exemplo para nós. Ele nesta jornada, vemos os “por acaso” de Deus operar, abrindo porta e fechando, e abrindo novamente, para provar a perserverança, a vontade de servir, o confiar e esperar no Criador e pela sua vontade.
Ele trabalha em Uberlândia, em uma empresa de alimentação, como operador, ganha setecentos e cinquenta reais por mês, e um vale alimentação. O vale é todo direcionado para sua casa, onde vive com sua mãe (aposentada). Parte significativa de sua renda é para ajudar nas despesas da casa, além do compromisso financeiro que tem com a sua congregação frente aos compromissos da mesma. Mas, mesmo com tudo isso, teve o desafio de se juntar ao grupo que iria à França, no projeto Sal World Mission, a dez meses atrás. Seu desafio consistia em comprar a passagem e juntar recurso financeiro para os gastos que teriam.
Somente conhecendo Thiago pessoalmente que podemos compreender o significado do que parecia ser impossível, pudesse ser realizado. E entendermos o que significou estes cinco dias de agonia, para que este objetivo (traçado no coração de Deus) pudesse ser realizado.
Ao grupo, ele juntou “por acaso”, quando estava com sua banda em Uberaba. Neste mesmo dia o grupo do projeto França estava lá, também, fazendo apresentação do projeto.
A passagem uma irmã cedeu o cartão de crédito para ele pagar (perguntamos: como?), seu sonho era juntar três mil reais para levar, juntou um pouco mais de mil e cem reais, pouco mais de trezentos euros. A passagem ainda está pagando.
Mas, chegou o dia, saiu com o grupo de Uberlândia rumo à França. Primeiro desafio: não conseguiu sair; pois seu passaporte iria vencer em menos de três meses, e portanto não poderia viajar. Um pergunta: Estava Deus errado no seu propósito? Não entendeu a vontade de Deus? Era sonho de Thiago e não de Deus? Qual seria a nossa atitude? Lamentar, reclamar? O que fez Thiago? Aceita resignado, não reclama e volta para Uberlândia, com a ajuda de um “por acaso” que juntou ao grupo para ajudar: José Carlos e sua esposa Margarida que o acomodou e colocou em um vôo de volta à Uberlândia.
Mas o que acontece? Deus levanta outro “por acaso” em sua vida. Élcio e Elisabete são estes “por acaso” de Deus. Incomodados e com um desafio pela frente, se movem no sentido de tirar um passaporte emergencial, comprar passagem de ônibus, oferta financeira. Quanto tempo? Quantos dias? Só o mover de Deus por colocar a pessoa certa, no lugar certo. O passaporte é emtido em um dia. Milagre? Sim, o “por acaso” de Deus operando. Então outro desafio, a passagem, a diferença, o trajeto, e o pagamento, uma viajem sozinho, sem falar espanhol, inglês ou francês. Como viabilizar tudo isso? Um desafio por vez, uma porta aberta outra fechada por vez. Mas Deus conduzindo e ensinando.
Reservou a passagem, mas teve que mudar o intinerário, pois seria mais barato. Esta mudança implicava em fazer conexão em Madri. Bom, isto é tudo? Não, como pagar! Teria que ser no aeroporto (São Paulo ou Rio), não aceitam cartão de crédito de terceiros, só do passageiro. Bom, acabou o sonho? Porta fechada? Sim e não! A mão e o “por acaso” de Deus operando.
Até este momento, eu estava acompanhando este processo como expectador, vendo a minha esposa falar e desejosa de que tudo se concretizasse.
Normalmente viajo, e esta semana, era para eu estar fora de Uberlândia, mas devido ao “por acaso” de Deus, estava trabalhando em casa. E então, neste momento, quando estava resolvido o passaporte, a reserva, entra o outro “por acaso” de Deus. No seu jeito sútil de ser, minha esposa, Sirlene, chega para mim, e fala: Ennio, temos um problema. Eu, sabendo do que se tratava, respondo como Jesus para a sua mãe: “mulher, que tenho eu contigo?”. E continuo a trabalhar com o Espírito Santo incomodando e sem saber o que fazer.
Conheço pessoas no Rio; poucas que compartilham da fé, e os que compartilham, não teriam condições de ajudar neste processo, sem contar o momento apertado de nossa vida financeira. Respondo para Deus que é com Ele e que ilumine; pois não tenho a menor idéia do que fazer.
Surge um nome, falo com a pessoa e ela se dispõe, Célia (minha colega de trabalho) e Fausto seu marido, mas outra limitação, outra porta fechada! O seu cartão está estourado, mas podia pagar com o cartão de débito. Agora outro desafio! Outra porta fechada! Como levantar o recurso. Quando esta situação surgiu, penso, é porta fechando. Mas, não compreendemos que é Deus preparando e antecipando situações que não seguirão o curso que vemos.
Neste momento, a mão de Deus novamente atuando, pessoas que compreendem, pessoas que entendem a vontade de Deus. Ele, somente Ele, levanta os recursos e abre a porta. Entra, então, Gustavo que complementa o que falta como uma oferta. Vencido o desafio, problema resolvido? Não. Tínhamos quarenta e oito horas para pagar p prazo da reserva. Teria que ser pessoalmente no aeroporto. Duas tentativas, duas idas ao aeroporto (a distância não é pequena), todas sem sucesso, informação desencontrada, informação incorreta. A segunda tentativa de pagamento, seria a noite, depois de 19h.
Neste momento, o Thiago teria que estar viajando, pois seu ônibus, com destino ao Rio, sairia às 18h30. O que fazer? Até este momento não tinha conhecido o Thiago pessoalmente, só falado com ele por telefone.
Sirlene e eu fomos à sua casa pegá-lo para levar até a rodoviária, após conhecê-lo, compreender as limitações com relação a lingua e outros aspectos e o desafio que tinha pela frente para passar, eu que estava agoniado, compreendi que somente Deus poderia levá-lo até a França para se juntar ao grupo.
Devido ao tanto de instrução, como agir, o que fazer, quase perde o ônibus; mas Deus é bom até nestas pequenas situações. Thiago estava embarcado, destino ao Rio, somente pagar a passagem, problema resolvido? Não, lamentavelmente não! Por volta de 19h, Célia liga, informando que não conseguiu fazer o pagamento, e que o horário de pagamento era entre 16h e 18h, e não depois de 16h como informado, único horário que teriam pessoas da companhia aérea. E ela se dispôs a voltar no dia seguinte, neste horário para fazer o pagamento. Só que a terceira tentativa implicava que a reserva da passagem iriai cair e que seria o momento do embarque do Thiago, já que o seu vôo seria as 18h45 rumo a Madri.
Com mais este desafio, ficava a pergunta, estávamos fazendo certo? Era da vontade de Deus a ida do Thiago? Com todas estas ocorrências, com as limitações e dificuldades que ele teria! Já não restava alternativa. Colocar nas mãos de Deus, e deixar que Ele cumprisse a Sua vontade da Sua maneira.
De manhã, peço ao Thiago para não sair da rodiária, explico o problema e peço a ele para esperar que esta porta fosse aberta para ele avançar; pois se não resolvesse o problema da passagem aérea, teria que voltar para Uberlândia e não teria que incorrer na despesa de locomoção da rodoviária para o aeroporto (ida e volta). Não sei quantos tem este tipo de experiência de mudar reserva, pedir que o prazo seja estendido; mas normalmente implica em alteração de valor. E se tivesse? Não teríamos condições de enviar o Thiago. Mas o que Deus faz, opera! Reserva estendida, sem mexer no preço. Ufa!! Mais uma porta.
Libero o Thiago para ir para o aeroporto, mais um desafio; conhecendo o que conhecemos do Rio quando a fama dos taxistas e não dava para pedir favor para pessoas; pois todas estavam trabalhando. Deus conduz Thiago para o Galeão.
Agora o desafio do pagamento, que poderia ser somente 16h horas, horário do check-in, e os demais desafios pela frente, como: passagem pela policia federal, embarque, conexão, alfândega em Paris, e encontrar Liz Cole que o levaria até o grupo.
Célia, embora tendo saído com uma hora de antecedência, chega depois de 16h por causa do trânsito, percurso que normalmente é feito em menos de vinte minutos. Só agonia!
Pensamos que estava tudo resolvido, Célia chegou para fazer o pagamento, e pronto. Vai pagar, e ai? Não aceitam cartão de débito, somente dinheiro vivo. Isto que digo, tudo trabalhando contra. Mas a mão de Deus operando e livrando, abrindo portas.
Feito o pagamento, José Carlos e Margarida, estão no aeroporto, ajudam o Thiago no check-in, e explicam os detalhes do embarque, onde deveria estar, e o levam até a entrada do embarque internacional.
Até aqui vitória, muita agonia; mas Deus operando!! Só o embarque e as instruções finais de como fazer em Madri, a quem recorrer e como proceder na passagem pela alfandega e policiais.
Faltavam quinze minutos para o início de embarque, já tinha explicado por SMS boa parte, como preenchimento do formulário e outros procedimentos. Faltava conexão e policia na França, e o que fazer para encontrar Liz Cole que o estaria esperando.
O que acontece? Perco a conexão com ele, não responde mais os SMS. Qual era o último SMS? Pedindo para ligar a cobrar de um telefone público para passar, no meu ponto de vista, a informação mais importante.
Neste momento entreguei nas mãos do Pai, pois sabia que nada mais poderia fazer e que Ele, somente Ele poderia levar o Thiago até o grupo. Mas Deus é bom e consola o nosso coração. E nos deixa claro que Ele cuida de nós. Eu tinha cumprido meu papel nesta etapa, e mostrou que ele tinha usado outras pessoas para dar os detalhes finais. José Carlos instruiu sobre como fazer a conexão e Elcio explicou como passar pela policia na França. Como Deus opera nas pequenas coisas e em tudo, Ele distribui a tarefa entre várias pessoas para que a glória seja Dele e somente Dele, para não termos o orgulho no nosso coração.
Ficava, agora o desafio de encontrar Liz no aeroporto, que iria sair da Inglaterra para pegá-lo no aeroporto em Paris, e levá-lo, até o grupo. Quantos de nós se dispoem a fazer este tipo de coisa? Aproximadamente 280 milhas (quatrocentos e cinquanta quilômetros), cinco horas de viagem?
No dia seguinte de manhã, internet, facebook esperando noticias. Chegou? Conseguiu vencer todos os desafios? Até que de repente mensagem no facebook (única), de Thiago: “Chegue em Paris!, onde está Liz?”. E Liz já estava no aeroporto, ele tinha passado pelo portão de desembarque, não estava acessando mais o facebook, não podia ver as instruções de como encontrar Liz. Foram longos sessenta minutos de espera, de paciência, de oração, de pedir pelo mover de Deus.
Nisto tudo, só posso dizer sobre o mover de Deus. Ele usa, qualquer um em qualquer lugar, da forma como ele quer, e até onde ele quer. Quando é da Sua vontade, Ele coloca a pessoa no lugar certo, na hora certa para resolver cada situação que necessita. Fecha porta que precisa ser fechada, e abre a que tem que ser aberta. Neste grupo de pessoas, tinham pessoas que compartilhavam da mesma fé, e outros não. Podemos ver que não depende do que cremos ou pensamos, mas de Deus fazer a Sua vontade.
O que significa tudo isso na vida do Thiago? Não sei, não sei o quanto Deus irá usá-lo, o quanto ele irá aprender, e qual o impacto que tudo isso terá em sua vida com o Pai. Mas, posso dizer por mim, e por algumas pessoas que se envolveram nesta história toda. Vimos o mover de Deus, Sua graça operando, pessoas se deixando ser usadas, se dispondo. Comprendo cada vez mais que nestas ações, nestas pequenas coisas que nos dispomos a obedecer, a fazer o que o Espirito determina, que está a obra de Deus, a sua vontade e a manifestação do seu reino neste mundo.
Que possamos olhar a perserverança, a paciência e a atitude de Thiago em cumprir e depender totalmente do Pai, da sua condução, do seu provimento e de colocar pessoas à sua volta para resolver problemas que ele mesmo não poderia sozinho. Nisto compreendemos o significado de corpo, de igreja, de comunhão.
A seguir, transcrevo o que Thiago, registrou, para o grupo que estava na França, antes mesmos de passarmos pelo segundo dia de agonia: “irmãos, não tenho palavras para descrever o que Deus está fazendo aqui em Uberlândia, a oração realmente tem um poder de mover montanhas gigantes, estou espantado com o sobrenatural de Deus. Louvo a Deus e agradeço imensamente a vida de TODOS OS IRMÃOS QUE PERDERAM SEU SONO NESSA CAUSA, as orações dos irmãos realmente quebraram cadeias, os Irmãos: Ennio, Elcio, Elisabete (comentário meu: não sabia ele que tinham muito mais, como Gustavo, Sirlene, Célia, Fausto, José Carlos e Margarida, e quantos mais outros que estavam orando e preocupados) que, são anjos que entenderam realmente o sangue de Jesus,entenderam ao ponto de trabalharem incansavelmente numa causa que não era para o benefício deles; mas do Reino. Agradeço… o tempo, os recursos, a mão de obra, o cuidado, a dedicação e a preocupação em todas as áreas, e o que irmãos fizeram por mim… O que já tenho aprendido nessa missão até agora, já estou completamente satisfeito. Tanto,que creio que não tem lugar pra mais benção, já estou transbordando, ao ponto que já não há mais lugar. Chegou a hora de repartir…seja ai na França ou aqui mesmo em Uberlândia, que Deus se revele em nós,em nome de Jesus…”
Que possamos aprender com ele, na sua perseverança, na sua simplicidade, paciência e no seu descansar no Criador e mesmo em toda a sua limitação e dificuldade; colocar os dons que Deus lhe concedeu a serviço do Seu reino.
Fazer parte deste processo foi uma alegria, um desafio, uma agonia; mas antes de mais nada, foi ver a mão de Deus operar quando tudo trabalhava contra.
Desejo ouvir a sua história, do embarque até encontrar Liz Cole. O que passou em seu coração? Suas dúvidas? Seus medos? Acho que temos muito que aprender para a glória e louvor do nome de nosso Deus. Thiago pode achar que foi abençoado; mas na realidade, ele nos abençoou e nos ensinou muito em todo este processo!
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