De quem ter compaixão?

Entre uma palavra e outra, o Senhor ensinando a Pedro os verdadeiros valores do Seu reino: “E Pedro, chamando-o à parte, começou a reprová-lo, dizendo: Tem compaixão de ti, Senhor; isso de modo algum te acontecerá.  Mas Jesus, voltando-se, disse a Pedro: Arreda, Satanás!  Tu és para mim pedra de tropeço, porque não cogitas das coisas de Deus, e sim das dos homens. ” (Mt 16:22-23).

O que significa ter compaixão? Qual o signifcado desta palavra de forma prática no nosso dia a dia? Como enfrentamos as coisas, as ocorrências, com compaixão de nós mesmos ou pelo impacto na vida dos outros? Compaixão é para termos por nós ou pelos outros? Isto que precisamos aprender. Pedro queria que Jesus tivesse compaixão dele mesmo, mas o que Ele respondeu a Pedro?

Jesus tinha um propósito, tinha uma missão e um objetivo a cumprir com relação à vontade do Pai, e quanto ao que sabia ter de fazer pelos homens. Ele colocou a compaixão em favor dos homens de maneira superior à defesa de Seus interesses. Esta é a diferença entre ter compaixão de nós mesmos ou dos outros. Compaixão é para termos com relação aos outros e não a nós. Precisamos entender este aspecto da natureza de Deus. Não é e nem faz parte da natureza de Deus se preocupar egoísticamente consigo mesmo, mas, com o outro, e neste caso, conosco. E nós? Como devemos agir se temos a natureza de Deus?

Sabemos que temos que pensar no outro, na libertação, na cura do outro independente do que possamos padecer, das dificuldades que possamos passar. Nossas vidas devem e têm que ser como uma oferta, um sacrifício vivo a Deus em favor dos outros, assim como Jesus nos deu o exemplo.

Mas como manifestamos a compaixão? Quando queremos algo para nós, para nossos filhos em detrimento de outros. Quando buscamos os nossos interesses e não nos preocupamos com a vida dos outros, quando agimos pensando em nós, corrompemos pessoas, sistemas e procedimentos para alcançar e obtermos benefícios em detrimento de outras pessoas e não nos preocupamos com o impacto e resultado na vida do outro. Isto é termos compaixão de nós mesmos e não dos outros, isto é fazer segundo a natureza de homens e não conforme a natureza de Deus.

Quando podemos observar que estamos tendo compaixão de nós mesmos, ou seja, sendo egoístas? Quando os recursos são limitados e queremos para nós, pedimos para nós, buscamos para nós, corrompemos pessoas para atender os nossos objetivos. Não está claro, vamos lá: um concurso público, vaga para entrar na faculdade, oportunidade de emprego, uma posição, cargo na empresa, uma cirurgia que precisa ser feita e depende de uma lista e prioridade definida por órgãos públicos, o que fazemos? Como oramos? Pedimos por nós, para nos abençoar, para que aquela oportunidade seja para nós ou para os nossos filhos? Somos capazes de exercer influência, negociar, correr atrás das pessoas para que priorizem as escolhas não segundo os critérios técnicos definidos? Estamos entendendo?

Ou a nossa oração é para que o melhor para o reino de Deus aconteça? Para que a vontade de Deus se concretize segundo o Seu plano e propósito para a vida daqueles que estão concorrendo?

Quando achamos que fomos agraciados em detrimento de outros, isto é demonstrarmos compaixão? Ou é puro egoísmo? Nas nossas palavras e atitudes, confensamos de maneira clara a natureza que revelamos e fortalecemos em nossas ações diárias, agora, mesmo tendo sido agraciados, ainda manifestamos o pensar pelos outros, sentimos compaixão, então estamos revelando a verdadeira natureza que Deus quer que manifestemos neste mundo.

O objetivo não somos nós, não é a nossa vida, mas a manifestação, a revelação do reino de Deus neste mundo de maneira que o Deus vivo e verdadeiro se revele por meio das obras, ações e palavras que revelamos.

Por isso, precisamos, diariamente, refletir sobre: de quem temos manifestado e revelado compaixão. Compaixão por nós ou pelos outros?