Duas histórias, um só fundamento que é a falta de consciência quanto ao que eram. O primeiro, pede a herança e esbanja, fica pobre, mas reconhece que na casa no pai tem condições de viver melhor: ” Então, caindo em si, disse: Quantos trabalhadores de meu pai têm pão com fartura, e eu aqui morro de fome! Levantar-me-ei, e irei ter com o meu pai, e lhe direi: Pai, pequei contra o céu e diante de ti; já não sou digno de ser chamado teu filho; trata-me como um dos teus trabalhadores.” (Lc 15:17-19). Não se via como filho, mas poderia viver como trabalhador.
O segundo vendo como o pai recebe o irmão mais velho, reage de forma indignada, fazendo a seguinte colocação: “Ele se indignou e não queria entrar; saindo, porém, o pai, procurava conciliá-lo. Mas ele respondeu a seu pai: Há tantos anos que te sirvo sem jamais transgredir uma ordem tua, e nunca me deste um cabrito sequer para alegrar-me com os meus amigos; vindo, porém, esse teu filho, que desperdiçou os teus bens com meretrizes, tu mandaste matar para ele o novilho cevado.” (Lc 15:28-30).
O que o pai responde a este filho? “Meu filho, tu sempre estás comigo; tudo o que é meu é teu. Entretanto, era preciso que nos regozijássemos e nos alegrássemos, porque esse teu irmão estava morto e reviveu, estava perdido e foi achado.” (Lc 15:31-32).
O mais novo reconhece seu estado, seu pecado, e identifica que na casa do pai terá melhores condições, e tendo a consciência de quem é o pai, de sua situação, volta para casa, não como filho, mas como trabalhador. Não esperava ser reconhecido como filho, mas sim, como trabalhador, mas como o pai o recebe? Na condição de filho.
O mais velho, como o podemos observar? Trabalha, faz tudo que compreende ser a vontade do pai, realiza e obedece os seus mandamentos, mas não compreende quem é, não compreende o que está em suas mãos. Mais que isto, não compreende o seu papel como um todo pela falta de consciência e compreensão do seu papel diante do seu pai. Ele diante da cultura e valores da sociedade deveria ter ido atrás do irmão mais novo, mas não foi, por que? Porque não compreendia quem ele era.
Ele tinha tudo ao seu alcance, mas não se via como filho, como participantes de todas as coisas, como se as mesmas não fossem suas. Trabalhava por uma recompensa futura (a herança)? Não sabemos, mas podemos observar de forma clara que havia a falta de consciência e o entendimento que era filho e que todas as coisas eram suas, como de seu pai.
E nós? Temos desempenhado o papel como filho mais velho? Temos nos compadecido dos nossos irmãos que estão cegos e perdidos? Temos ido atrás dos mesmos para que voltem para casa, para o seio do Pai? Não é uma questão de trazer para a nossa religião, mas para a comunhão com o Pai. Por isso, temos levado o Pai até eles?
E como temos vivido e andado neste mundo? Conscientes que somos filhos, participamos da natureza e da vida de Deus, ou temos trabalhado para receber recompensas, não compreendendo que toda sorte de bênçãos já nos foi concedido em Cristo Jesus nas regiões celestiais?
Talvez como compreendemos e é uma verdade. O pior cego é o que não vê. Não compreende que é cego e acha que enxerga. Temos sido assim? Não temos sido cegos, guias de cegos? Não temos agido por medo e não por expressão de amor e gratidão? Não temos participado da vida de Deus? Feito a obra e cumprido a vontade de Dele, mas não temos a consciência que somos filhos, participantes da natureza e da vida do Pai? Temos feito as obras, nos empenhado, não porque somos filhos, mas porque queremos receber a recompensa pelo que fizemos?
Precisamos ter a consciência que somos filhos, que participamos da vida, que usufruimos de tudo que o Pai é e tem, pois em Cristo Jesus já recebemos tudo para viver uma vida que Lhe agrada. Temos que fazer não para receber, não para poder usufruir, mas sim, porque já temos, já recebemos e já usufruimos. Mas temos que ter mais que consciência de que somos filhos e participamos de Sua natureza, precisamos, sim, nos compadecermos dos irmãos que estão longe, e como é da vontade do Pai, irmos atrás, levando a cada um a vida do Pai, para que voltem para casa.