Jesus na casa de um fariseu, tem o seguinte embate com o seu anfitrião: “Ao ver isto, o fariseu que o convidara disse consigo mesmo: Se este fora profeta, bem saberia quem e qual é a mulher que lhe tocou, porque é pecadora. Dirigiu-se Jesus ao fariseu e lhe disse: Simão, uma coisa tenho a dizer-te. Ele respondeu: Dize-a, Mestre. Certo credor tinha dois devedores: um lhe devia quinhentos denários, e o outro, cinqüenta. Não tendo nenhum dos dois com que pagar, perdoou-lhes a ambos. Qual deles, portanto, o amará mais? Respondeu-lhe Simão: Suponho que aquele a quem mais perdoou. Replicou-lhe: Julgaste bem.” (Lc 7:39-43).
Jesus demonstra a questão da mulher o amar mais que Simão, relatando o ocorrido em sua casa: “E, voltando-se para a mulher, disse a Simão: Vês esta mulher? Entrei em tua casa, e não me deste água para os pés; esta, porém, regou os meus pés com lágrimas e os enxugou com os seus cabelos. Não me deste ósculo; ela, entretanto, desde que entrei não cessa de me beijar os pés. Não me ungiste a cabeça com óleo, mas esta, com bálsamo, ungiu os meus pés. Por isso, te digo: perdoados lhe são os seus muitos pecados, porque ela muito amou; mas aquele a quem pouco se perdoa, pouco ama. Então, disse à mulher: Perdoados são os teus pecados.” (Lc 7:44-48).
O que deduzimos para a nossa vida nesta história registrada? Como analisamos o amor que temos para com o nosso Deus? Qual tem sido o nosso posicionamento perante a vontade do Pai e o realizar de seu querer?
O perdão e amor revelado da parte de Deus a todos os homens é o mesmo, sem distinção. O que faz a diferença é o nosso posicionamento perante a dívida que compreendemos ter. Se medirmos por pecado que praticamos, se acharmos que somos “bons” e “justos” então não entenderemos a profundidade do amor de Deus e nem, nunca nos acharemos indignos deste perdão.
Mas se compreendermos que não se trata de uma questão moral, que não se trata de ser mais ou menos pecadores, que não se trata de acharmos que somos melhores porque cumprimos mandamentos, somos moralistas e olharmos sob a perspectiva de morte, de separação eterna, de não sermos justos, então entenderemos e nos posicionaremos de forma diferente dos “outros” pecadores. Não seremos tão religiosos e não acharemos, como Simão, que a nossa dívida era tão grande ou até mesmo que possuíamos alguma dívida ou razão para sermos perdoados.
Quando compreendermos a morte, a separação de Deus, e que já estávamos condenados, independente de nossa religiosidade, então nos posicionaremos de forma diferente perante o nosso Deus. Amaremos, não porque somos bons, mas porque somos indignos e compreendemos que Ele nos amou primeiro e teve misericórdia de nós.
Nos preocuparemos em cumprir e fazer a sua vontade. Nos empenharemos em sermos expressão da Sua vida, graça, amor e misericórdia neste mundo, poremos todo o nosso esforço em realizar e fazer a Sua vontade. A santificação de nosso procedimento, o sermos imitadores de Deus será nas nossas vidas algo prioritário e imprescindível.
Encararemos a nossa vida como um oferta, uma oferta viva, um sacrifício agradável a Deus, e entenderemos o que significa ser discípulo de Jesus, de obediência, de viver segundo a vontade de Deus. Não seremos presunçosos e nem preguiçosos no realizar e cumprir da vontade de Deus.
Precisamos entender o tamanho do perdão recebido, do amor expresso por Deus para com a nossa vida para que nos posicionemos de forma alinhada a este perdão recebido e não desprezando a graça, permanecendo no pecado.