Compreendendo o ministério de Jesus

Como podemos observar o impacto do ministério de Jesus em sua época? Através dos próprios relatos existentes nos evangelhos. João estava preso, e pede aos seus discípulos para perguntar a Jesus se ele era o que estava para vir.

Por que João envia os discípulos a perguntar sobre isso, tendo em mente o seu próprio testemunho quando o batizou? Por que João teve dúvidas? O que ele esperava? Lemos no evagelho de Lucas: “Todas estas coisas  foram referidas a João pelos seus discípulos. E João, chamando dois deles,  enviou-os ao Senhor para perguntar: És tu aquele que estava para vir  ou havemos de esperar outro?  Quando os homens chegaram junto dele, disseram: João Batista enviou-nos para te perguntar: És tu aquele que estava para vir ou esperaremos outro?” (Lc 7:18-20).

Qual foi a resposta de Jesus ao questionamento de João: ” Naquela mesma hora, curou Jesus muitos de moléstias, e de flagelos, e de espíritos malignos; e deu vista a muitos cegos.  Então, Jesus lhes respondeu: Ide e anunciai a João o que vistes e ouvistes: os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem,  os mortos são ressuscitados, e aos pobres, anuncia-se-lhes o evangelho.  E bem-aventurado é aquele que não achar em mim motivo de tropeço. ” (Lc 7:21-23).

Podemos observar que tudo se trata de uma perspectiva de como olhamos as coisas. O que João esperava? Que aquele que viesse após ele, tivesse um ministério de impacto. Mas estava tendo? Não. Jesus estava curando, libertando, e anunciando o evangelho do reino, mas onde? Em cidades pequenas e insignificantes de Judéia e entorno. Seu ministério não fazia o barulho que João esperava. Ele não estava se comportando da maneira que ele tinha em mente para o Messias. Quantas vezes Jesus foi a Jerusalém e anunciar o evangelho? Pelos relatos, poucas e a única vez que teve impacto foi na Páscoa, quando foi crucificado. O maior impacto foi semanas antes de sua crucificação, os eventos descritos nos evangelhos focam mais as poucas semanas antes, no evangelho de João, podemos observar mais que ele fala, justamente da noite que foi traído.

Precisamos rever e repensar a forma de Deus operar e como deseja nos usar. Nós queremos tratar tudo de “baciada”, tudo no “atacado”, tratando tudo no conceito de “massa”, de “volume”, de grandes quantidades. Mas não é assim a forma de Deus operar. Os processos de Deus são aparentemente “lentos”, mas são duradouros, são eternos, isto que precisamos compreender. Não existe discípulado melhor que o que Jesus adotou. Não existe forma melhor de trabalhar e com resultado duradouro como o Jesus fez. Precisamos compreender isso. Se olharmos sob a perspectiva humana, os três anos de ministério, até a sua morte na cruz, foi um total fracasso. Todos os seus discípulos o haviam abandonado, um inclusive o traíra e foi o responsável por sua morte, como podemos chamar esta estratégia de sucesso? E o que aconteceu? Quando lemos as cartas de João, de Pedro, vemos o impacto na vida de Paulo que nem chegou a conhecer o Senhor e nem a andar com ele durante o seu ministério, o que podemos observar? Uma transformação profunda que foi se consolidando, se revelando de forma extraordinária, na vida deles e no impacto que causaram em outras vidas.

O evangelho, o ministério, a função a nós atribuída pelo Senhor, não é e nem nunca será de impacto na sociedade, mas a verdadeira transformação, o verdadeiro operar sempre acontecerá conforme as parábolas sobre o reino de Deus, lenta, profunda e de forma transformadora, gerando pessoas comprometidas com os valores do reino de forma eterna, que revelam a vida de Deus em suas obras. Não se trata de aparências, mas de transformação, de renovação, de manifestação da vida de Deus.

Devemos como filhos, buscar esta trasnformação profunda, na jornada que temos que caminhar, no fazer morrer a natureza humana, a vontade humana, para que a vida de Deus se revele por meio dos nossos membros.

O verdadeiro evangelho está na transformação realizada no interior, pelo milagre da obra salvadora e reconciliadora do Criador, e a sua externalização, pela jornada de crescimento e amadurecimento que temos que nos empenhar, fazendo morrer a natureza humana, para que a divina se revele por meio de nossas obras para louvor e glória do nome do Senhor.

Devemos enxergar como como um fermento na massa, como uma pequena semente que germina, como virus que silenciosamente, vai consumindo, assim é o reino de Deus, não no baruho, mas no silencio, lentamente, vai transformando eternamente a vida e se revelando de forma duradoura nas pessoas, levando-as a continuar este processo adiante, contaminando outros, conduzindo-as a compreender os mistérios do reino. Assim tem sido ao longo da vida da igreja, assim será até a vinda do Senhor, pois as portas do inferno não resistirão às investidas da igreja para resgatar, salvar e reconduzir as pessoas a Deus.