E o véu se rasgou

Lemos no evangelho de Mateus:” Eis que o véu  do santuário se rasgou em duas partes de alto a baixo;…” (Mt 27:51).

Mas rasgou não para entrarmos, não para estarmos na presença de Deus, mas para que a presença Dele saia do santuário, para que o Seu poder possa, por meio de nossas vidas, se revelar ao mundo. O véu se rasgou para que Deus possa estar perto das pessoas, e assim Se revelar, por meio da igreja, o corpo de Cristo, ao mundo.

O véu se rasgou para Ele não ser somente uma divindade, um poder distante, mas algo real na vida das pessoas. O véu se rasgou para que o mundo conheça a justiça de Deus, as Suas virtudes sejam proclamadas, sem religiosidade a todos os homens.

Precisamos entender este aspecto fundamental como vida de igreja, o papel da igreja perante o mundo. Por isso não se trata de trazermos as pessoas para a igreja, mas de levarmos a igreja até as pessoas.

Somos e fomos chamados para proclamar as virtudes de Deus e como Paulo também, escreveu: somos cartas vivas, o bom perfume de Cristo. E lembrando as próprias palavras de Jesus quando conversava com Filipe e ele pediu que mostrasse o Pai. Qual foi a resposta de Jesus? “Quem vê a mim, vê o Pai”. Este deve ser o fundamento da nossa vida, para que Cristo cresça em nós. Então, precisamos entender que sermos imitadores de Deus, sermos imitadores de Cristo, está na nossa caminhada de santificação, de tornarmos santos os nossos procedimentos, para que o Deus que conhecemos possa se revelar por meio de nossa vida. Quando abandonamos, rejeitamos as obras da natureza humana, e acatamos em nossa vida as obras de Deus, o que irá acontecer é que revelaremos a vida de Deus.

Quando São Francisco de Assis fez a sua oração, ele estava falando deste aspecto, ou seja, de levar Deus onde ele não é visível. Este deve ser o norte de nossa vida, a nossa razão de ser. Não é trazermos as pessoas à presença de Deus, mas, por estarmos na Sua presença, levarmos ela até as pessoas. Temos que ir onde estão as pessoas. A igreja precisa cumprir o seu papel neste  mundo, revelar, levar Deus onde precisam de Deus. Precisamos abandonar este conceito religioso que temos que trazer as pessoas a prédios, ou como equivocadamente chamamos de templo, o que é somente um salão. O prédio é um local onde nos reunimos para celebrar e não é onde está a presença de Deus por si só. Deus está lá quando estamos. Deus está onde estivermos.

Precisamos abandonar práticas religiosas que não traduzem a vontade de Deus, precisamos abandonar uma visão distorcida da vontade de Deus, cheia de ensinamentos de homens. O corpo de Cristo, Sua igreja é algo vivo, feito de pedras vivas, de pessoas, para que revelem ao mundo o Deus a quem declaram servir. E fazemos isso, pelas obras, pela manifestação da justiça de Deus, levando vida, suprindo necessidades, ajudando, não carregando ódio, mas amor, graça, misericórdia, bondade, longanimidade para com as pessoas. Olhando não só o aspecto espiritual, mas também, suprindo suas necessidades e faltas, levando pão, conhecimento, educação, organização onde isto se faz necessário. A igreja não acabará com a miséria, mas será instrumento da justiça de Deus perante todos.

Somos instrumentos, vasos para honra, para proclamarmos, para expressarmos o conhecimento de Deus, para sermos luz e sal perante toda vida, sem exceção.

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E o véu se rasgou