Como ovelhas sem pastor

Ao lermos no evangelho de Marcos o que Jesus falou, como reagimos? “Ao desembarcar, viu Jesus uma grande multidão e compadeceu-se deles, porque eram como ovelhas que não têm pastor.  E passou a ensinar-lhes muitas coisas.” (Mc 6:34).

Há uma necessidade muito grande de amadurecimento, de crescimento, de compreensão da realidade do reino para podermos agir como pastores. Precisamos entender que todos, todos os filhos, sem exceção, independente do grau de maturidade, de quanto já caminhou precisam ser e agir como pastores das vidas. Precisamos aprender a olhar além de nós mesmos, de nossas necessidades e carências e observar aqueles à nossa volta e assim agirmos como pastores, como aqueles que cuidam, que se compadecem, que revelam luz, de maneira a conduzir todos a viver segundo o coração de Deus.

Precisamos entender que este papel não é para alguns, mas para todos. Todos os santos, todos os que foram lavados e purificados no sangue de Jesus e conhecem a salvação. Como agir como pastores?

Não se trata de uma questão de imposição, de estabelecer regras, impor dogmas, exigir obediências, mas, ser exemplo, dar um testemunho da vida e transformação operada por Deus. No nosso dia a dia, temos que materializar a realidade espiritual que experimentamos.

Não é uma questão só de salvação, mas, de vida depois da salvação, depois de conhecer e compreender que somos salvos pela graça de Deus por meio da fé em Jesus Cristo. E que Ele é o único caminho que nos conduz ao Pai. Tendo este entendimento e compreendendo que agora, depois da reconciliação com Deus, recebemos da Sua vida, da Sua natureza, fomos capacitados e habilitados para viver como Lhe agrada, rejeitando todo o pecado que tenazmente nos assedia. Não se trata de esforço próprio, mas de compreender que recebemos para viver segundo o coração de Deus.

Ele nos fez filhos e por ter-nos libertado do poder do pecado, não existe razão para andarmos debaixo do seu jugo e vivermos de forma contrária a natureza de Deus. Temos que compreender que a vida de Deus, como condição natural de quem somos, tem que ser revelada em nossas obras, e precisamos amadurecer. E ao amadurecermos então agiremos como pastores daqueles que precisam revelar as virtudes de Deus.

Como filhos amados, seguindo o exemplo e sendo imitadores de Deus, então, revelamos a Sua vida aos homens, fazendo as Suas obras. Estamos entendendo? Passamos de pessoas que demandam, para sermos pessoas demandadas para suprir a suas necessidades, ajundando-as a chegarem ao conhecimento de Deus e ao amadurecimento dentro da realidade que estamos inseridos.

Precisamos entender que tudo se trata de uma questão de natureza. Não fazemos para ser, mas, por sermos, fazemos. E nós perserveramos nesta jornada de crescimento e amadurecimento, pastoreando, ajudando e sendo ajudados. Trata-se da questão de ser, e não de fazer para ser. Não devemos entender que somos perfeitos em nossas atitudes e que não pecamos, mas compreendendo quem somos, a libertação e o que Deus fez, nós fazemos, mesmo caindo, levantamos e continuamos, porque temos um papel no amadurecimento e crescimento das pessoas à nossa volta. Não se trata de nós, mas dos outros, não se trata de nossas necessidades e interesses, mas as dos outros. Estamos compreendendo?

Não podemos desprezar e nem ignorar este fato. O mundo precisa de pastores que as conduzam à luz e no corpo de Cristo precisamos de pastores que cuidam uns dos outros e levam os menos maduros ao amadurecimento e conhecimento da vontade de Deus. Por isso, precisamos refletir: temos nos compadecido das pessoas? Temos agido como pastores? Ou insistimos em ser ovelhas demandantes?