Perguntas com respostas no tempo certo

No evangelho de João, do capítulo 13 ao 16 temos os ensinamentos mais profundos de Jesus para os seus discípulos. Estes foram ministrados antes, durante e após a ceia, na noite em que foi traído. Nestes ensinamentos podemos observar os nossos questionamentos, as preocupações que não são diferentes das que temos em nosso dia a dia, e que nem sempre temos a resposta. Temos, como ser humano, o desejo de resposta imediata, de resultado sempre no dia seguinte, e não compreendemos que tudo é uma jornada, um processo.

A maioria das nossas perguntas já temos as respostas, mas só as compreendemos quando assimilamos e discernimos a vontade do Pai com relação aos valores do Seu reino.

Precisamos refletir sobre o momento do ensinamento, sobre o entendimento que tiveram, se de fato tiveram, e quando assimilaram aquilo que Jesus estava ensinando.

Não podemos querer viver o reino segundo o pensamento do mundo, por isso, precisamos aprender a nos esvaziar de nós mesmos, a despojar do velho homem. À medida que corremos a carreira proposta, que santificamos os nossos procedimentos, que rejeitamos a natureza humana e nos sujeitamos à Deus, passamos a compreender os valores do reino e o quanto estão muito acima do que imaginamos.

Qual foi a preocupação de Pedro quanto a Jesus lavar os seus pés (Jo13:6-7) ? Por que ele não queria que Jesus os lavasse? Porque isto representava para ele uma ruptura total de tudo que compreendia e que tinha significado para ele sobre rei, mestre e senhor. O mestre não tinha o papel de servir,mas sim o servo. Jesus mostrou aos discípulos um valor diferente. O mestre, o líder é o que serve, não o que é servido. Compreendemos o que significa servir? Ou ainda não temos este entendimento? Quando falamos em liderança, em ser líder, assimilamos conforme o que o mundo ensina? Há uma diferença muito grande entre ser lider, ser mestre no reino e no mundo. Se não entendermos o conceito de servir, não entenderemos nunca o que é ser líder no reino de Deus. Pedro veio a compreender isso, depois de muitos anos, e podemos observar isso em suas cartas.

Como Jesus reagiu à traição? Que atitude ele tomou (Jo 13:21)? Qual foi a atitude dos discípulos? Estavam preocupados com quem? (Jo 13:25). Outro ponto fundamental que necessitamos compreender. A questão não é a traição e nem quem, pois todos nós precisamos compreender quem somos e estamos sendo traídos em todo o tempo, mas a nossa atitude para com o traidor é que faz a diferença, e só compreendemos a atitude de Jesus, no Jardim quando ele fala com Judas. O perdão, a compaixão é revelada antes mesmo ou até mesmo sem a aceitação e reconhecimento do outro.

Pedro quer saber para onde Jesus vai, ele afirma que deseja seguir o mestre, mas o que Jesus lhe responde? (Jo 13:36-38). Nisto compreendemos que não se trata de vontade, de desejo, mas de compreender o que e como precisa ser feito. Seguir Jesus não é uma questão de simplesmente querer, mas de uma atitude transformada e que compreende o peso da jornada à medida que caminhamos, mesmo tropeçando, persistimos e perseveramos em conhecer e compreender, assim como o próprio Pedro nos ensina de sua carta (2 Ped 1:5-9).

E a pergunta de Tomé? Qual o caminho? (Jo 14:5-6). O que precisamos entender, ser Jesus o caminho? Ele é o modelo, chegar ao Pai, conhecer o Pai depende de passar por Ele, ser como Ele, imitá-Lo. Implica em se sujeitar a Ele, tê-lo como Senhor, reconhecer a Sua obra na cruz em nosso favor. Sem isso,  nunca chegaremos ao Pai.

E o que mais queremos? É diferente do que Felipe pediu? Mostra-nos o Pai (Jo 14:8-9). O que Jesus respondeu? O que precisamos entender? Jesus falou que quem O visse, veria o Pai, pois as obras que Ele estava fazendo revelavam o Pai. Nós precisamos entender que a corrida proposta, a santificação de nossos procedimentos tem um só objetivo: sermos semelhante a Jesus, isto é, revelá-lo através de nossos atos, nossas palavras e atitudes. Não existe outra forma das pessoas verem a Deus que não seja por meio da Sua igreja. É através da igreja que o mundo O reconhecerá como salvador. Para sermos um, para que a unidade seja uma realidade qual a nossa atitude? O que devemos fazer? É uma questão que depende do outro? Ou de nós? E por que isto é possível? Por causa da pergunta de Judas (não o Iscariotes), quando Jesus afirma que Ele e o Pai viriam e fariam em nós morada (Jo 14:22-23).

Mas a grande questão, o que precisamos entender não são as respostas, não é a nossa situação, não é onde estamos, mas no perserverarmos, no buscarmos o Senhor, na santificação de nossos atos, no continuarmos na carreira proposta, mas lembrando das promessas, não vivendo uma vida de ansiedade, mas continuando sempre, lutando sempre pela manifestação do reino de Deus neste mundo, sabendo que lutas teremos, dificuldade passaremos, mas sempre, teremos a paz Dele conosco, como Ele afirmou: ” Estas coisas vos tenho dito para que tenhais paz em mim. No mundo, passais por aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo.” (João 16:33, BEARA)