A questão aqui não é querer demover alguém da ideia de que Jesus, como alguns pensam, é criação da mente humana. Todos que já pararam com o intuito de ler a bíblia e provar que Jesus era criação da mente humana, simplesmente se converteram ao cristianismo. Aos que ainda pretendem seguir com esta ideia, sugiro fazer como Augusto Cury e tantos outros, um estudo profundo da vida de Jesus através da própria bíblia.
Esta meditação é para os cristãos, para aqueles que se intitulam seguidores de Jesus. Devemos meditar sobre a vida do mestre sob a perspectiva do que Ele deseja que compreendamos, não os ensinamentos religiosos e nem a imagem que a religião cristã deseja passar sobre Jesus. Nós, ao observamos os filmes, as leituras ou mesmos as imagens de Jesus sempre é apresentado como alguém muito bonito. Passa uma imagem de “santo”, uma “áurea” divina. Era Jesus assim mesmo? Tinha uma cara de santo, tinha uma cara de crente ou de cristão como desejamos?
Quando lemos o que o profeta Isaías escreveu, o que podemos observar com relação a sua aparência:
“Porque foi subindo como renovo perante ele e como raiz de uma terra seca; não tinha aparência nem formosura; olhamo-lo, mas nenhuma beleza havia que nos agradasse. Era desprezado e o mais rejeitado entre os homens; homem de dores e que sabe o que é padecer; e, como um de quem os homens escondem o rosto, era desprezado, e dele não fizemos caso. Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido. Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho, mas o Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos. Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a boca; como cordeiro foi levado ao matadouro; e, como ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a boca.” (Isaías 53:2-7, BEARA).
Sobre a aparência, totalmente diferente do que imaginamos. Não tinha aparência. Mas a sua presença era tão marcante, suas palavras tão profundas, suas atitudes tão íntegras que o que Ele falou e ensinou não foi esquecido pelos seus apóstolos, como podemos observar o que João escreveu, mais de 40 anos depois do ocorrido, como cada palavra está carregada de significado tão profundo, marcou tão profundamente a vida deste homem.
Seu posicionamento não era uma coisa frouxa sem firmeza. Tudo que fazia demonstrava autoridade conforme podemos ler pelo testemunho dos apóstolos nos evangelhos. A sua referência aos governantes como Ele fez em relação a Herodes, a questão de pagamento de impostos e tantas outras atitudes; demonstrando posicionamento e não omissão perante os aspectos sócio político de sua época.
Mas, e com quem Ele andava? Com quem Ele falava? Esta talvez seja a parte mais difícil de aceitarmos na vida deste homem singular. O ditado popular “diga me com que andas que te direi quem és” não pode ser aplicado a vida de Jesus. Ele não foi e nem era influenciado por estas pessoas e nem suas atitudes. Ele estabeleceu as condições, Ele influenciou as vidas. Mas com que mesmo Jesus andava? Publicano, pecadores, adúltero, tocava nos rejeitados da sociedade, andava com a escória. Andava e conversava também com os religiosos, os maiorais de seu tempo; mas não se deixou influenciar por nenhuma destas atitudes.
Não o taxaram de amigo de beberão, glutões e publicanos? Não foi Ele mesmo chamado de beberão e glutão? Obedecia a lei, cumpria os mandamentos; mas não impôs, Ele influenciou as pessoas a sua volta para mudarem de atitude, se converterem ao Deus verdadeiro e não a uma religião, como Ele falou aos religiosos de sua época. E nós, como representantes, como embaixadores de Cristo, como nos portamos? Compreendemos o peso que temos sobre nós, a responsabilidade no aspecto de sermos semelhantes a Jesus? A igreja, os membros do corpo, os cristãos têm um papel significativo e importante, tanto no contexto social, como de divulgação do reino de Deus. Temos como o próprio Cristo falou, a capacitação para fazer obras muito maiores que a que Ele realizou.
Até quando continuaremos com a hipocrisia religiosa dominando as nossas vidas? Até quando vamos continuar a ser influenciados pelo poder deste mundo e pelas instituições religiosas que querem implementar um padrão de Jesus que nunca existiu?
Andar com o pecador, levar a vida de Deus, influenciar, não ser influenciado; questionar os valores sociais, questionar os governantes, ser agente de mudança; mas principalmente, instrumentos de Deus para fazer diferença neste mundo e assim cumprir o nosso papel de forma semelhante ao nosso Senhor.