Compreendendo que a igreja é a comunidade dos santos, a expressão do Senhor, o instrumento para Ele se revelar ao mundo; entendendo que a igreja aqui referenciada não é a instituição, e nem qualquer tipo de denominação definida oficialmente como pessoa jurídica na sociedade ou não. Como igreja, estamos falando dos membros do corpo; cujo papel é expressar a graça, a misericórdia e a vida de Deus. E Deus se expressa através dos membros deste corpo.
Agora, a igreja, os membros do corpo tem olhado além de si mesmos, além do querer justificar a si mesmo, e temos olhado para o outro, para o que precisa ser enxergado. Jesus foi claro que veio para os pecadores, para os órfãos, para os pobres; ou seja, para aqueles que reconhecidamente se colocam como pecadores, como necessitados. Ele não veio para os sãos; mas sim, para os doentes.
Nós temos agido como Jesus? Temos olhado além de nós mesmos e conseguido ver esta multidão? Ou permanecemos olhando para aqueles que podem satisfazer as nossas necessidades, atender os nossos anseios e nos retribuir, compensar?
Na história de Lázaro, temos uma nuance na perspectiva de como Jesus contou-a, vamos ler: “Ora, havia certo homem rico que se vestia de púrpura e de linho finíssimo e que, todos os dias, se regalava esplendidamente. Havia também certo mendigo, chamado Lázaro, coberto de chagas, que jazia à porta daquele; e desejava alimentar-se das migalhas que caíam da mesa do rico; e até os cães vinham lamber lhe as úlceras.” (Lucas 16:19-21, BEARA).
Quem era o rico? Qual o seu nome? Não sabemos, simplesmente Jesus não mencionou. Agora o mendigo, sim, este sabemos o nome. Vamos olhar da perspectiva do rico, e na perspectiva da nossa vida. O rico observou o mendigo a sua porta, tratou o como uma pessoa, considerou-o com um “irmão”? Não, o rico provavelmente nunca soube o nome do mendigo, era simplesmente mais um.
E nós? Como temos tratado em nosso meio as pessoas simples, os “empregados”, os “pobres”? Temos tido a mesma atitude do rico? Para quem temos feito festa? Para o “pobre e simples” em seu aniversário? Ou somente fazemos e comemoramos o aniversário do “pastor”, do “chefe”, do “gerente”? Não seria esta atitude uma “acepção de pessoa”? Enxergamos esta multidão e somos capazes de separar um do outro, ou são para nós “Invisíveis”? “Invisíveis” porque não sabemos sobre sua origem, seu nome, suas necessidades e não somos capazes de nos mover em favor destas pessoas. Desconsideramos as suas necessidades, seus desejos e tratamos como estranho. São pessoas que não podem nos dar nada que precisamos ou desejamos e nem propiciar nada como resultado do que buscamos e almejamos.
Não podemos agir assim, este não é o papel de quem é membro do corpo de Cristo, para quem faz parte da igreja. Precisamos compreender antes de mais nada o que fundamenta a nossa vida, quem somos, e como devemos agir.
Nós não podemos agir pelos resultados, nem buscar os resultados, não estamos aqui para nos firmar, e nem temos dúvida sobre a nossa origem e identidade. Somente quem tem dúvida sobre a sua identidade é que precisa assegurar, se firmar em algo. Aqueles que são filhos, herdeiros do reino; não precisam. E quando compreendemos que não precisamos, e sim, que somos, e por sermos, fazemos; então, cada um de nós, e a igreja irá desempenhar o seu papel neste mundo; transformando multidões “Invisíveis”, “desprezadas” em alguém com rosto, com identidade e irá revelar aos mesmos a glória do Pai.