Santificação: Por que? E para que serve?

O autor da carta aos hebreus afirmou o seguinte: “Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor, atentando, diligentemente, por que ninguém seja faltoso, separando-se da graça de Deus; nem haja alguma raiz de amargura que, brotando, vos perturbe, e, por meio dela, muitos sejam contaminados; nem haja algum impuro ou profano, como foi Esaú, o qual, por um repasto, vendeu o seu direito de primogenitura.” (Hebreus 12:14-16, BEARA). E Pedro em sua primeira carta afirmou:  “Como filhos da obediência, não vos amoldeis às paixões que tínheis anteriormente na vossa ignorância; pelo contrário, segundo é santo aquele que vos chamou, tornai-vos santos também vós mesmos em todo o vosso procedimento, porque escrito está: Sede santos, porque eu sou santo. Ora, se invocais como Pai aquele que, sem acepção de pessoas, julga segundo as obras de cada um, portai-vos com temor durante o tempo da vossa peregrinação, sabendo que não foi mediante coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados do vosso fútil procedimento que vossos pais vos legaram,mas pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo,conhecido, com efeito, antes da fundação do mundo, porém manifestado no fim dos tempos, por amor de vós que, por meio dele, tendes fé em Deus, o qual o ressuscitou dentre os mortos e lhe deu glória, de sorte que a vossa fé e esperança estejam em Deus. ” (1 Pedro 1:14-21, BEARA).

Por estes dois textos fica de forma clara para nós  a necessidade de santificação, de nos empenhar pela santificação, pela purificação de nossas vidas. A questão não é a importância e nem a necessidade da santificação; pois disto sabemos que precisamos; mas sim a motivação, a razão do porquê nos santificar.

Quando o autor da carta aos hebreus afirma que sem a santificação ninguém verá a Deus, podemos compreender que se não nos santificarmos, não podemos nos aproximar de Deus, estar em sua presença, correto? Sim, podemos entender isto; mas este entendimento está equivocado. O aspecto mais importante de nossa vida, como cristão, compreendendo que somos filhos de Deus, recebemos da natureza divina, por entregarmos nossas vidas ao Senhor Jesus, é o que está escrito na carta aos colossenses, quando Paulo afirma: “E a vós outros também que, outrora, éreis estranhos e inimigos no entendimento pelas vossas obras malignas, agora, porém, vos reconciliou no corpo da sua carne, mediante a sua morte, para apresentar-vos perante ele santos, inculpáveis e irrepreensíveis,” (Colossenses 1:21-22, BEARA). É pela morte do Senhor, pelo seu sangue vertido, que somos apresentados diante de Deus. Estar na presença de Deus, ser aceito por Deus não é algo que dependa de nós, do que fazemos; mas do sangue do cordeiro que tira o pecado do mundo. Só estamos e só somos aceitos na presença de Deus por causa do sangue e da morte do Senhor Jesus em nosso lugar. Não existe nada mais que possamos fazer.

Diante deste aspecto por que o autor de hebreus escreveu o que escreveu? Por um simples motivo: a santificação, o desejo da busca de santificação, do ser semelhante a Jesus, é um fruto, um desejo que brota no coração de quem é filho de Deus e recebeu da sua natureza. É algo normal. Não santificamos para ver Deus, estar na sua presença hoje, mas sim, por sermos filhos, por termos recebido da vida de Deus. Santificamos os nossos atos, por causa de quem somos. E por fazermos isto, estaremos com o nosso Deus em seu reino, e não seremos rejeitados. Por isso, precisamos entender que a santificação é algo que brota no coração de quem quer ser semelhante a Jesus, e não é para alcançar ou poder estar mais perto de Deus, é resultado, não é motivo.

Agora, tendo o entendimento que santificamos os nossos atos porque somos, e não para estar na presença de Deus, por que precisamos santificar?

Neste ponto entra a questão mais importante. Tendo o entendimento de quem somos, qual a nossa identidade, porque estamos aqui; então, para desempenharmos o nosso papel como cidadãos do reino, precisamos nos empenhar no desenvolvimento da nossa salvação, que se dá pela santificação, pela corrida em direção ao nosso alvo, pelo rejeitar tudo que provêm da natureza humana, pelo fazer morrer a natureza humana, ou como Jesus disse: negarmos a nós mesmos e tomarmos a cruz para seguí-lo.

Tendo o entendimento que somos filhos de Deus, cidadãos do reino, reconciliadores dos homens com Deus, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus; então o que os nossos atos devem refletir, já que a nossa identidade está associada a Deus? Devemos expressar Deus. Devemos manifestar a sua vida, a sua graça, a sua misericórdia e bondade perante os homens.

Por sermos filhos, cidadãos do reino, temos que revelar as virtudes do reino, temos que tornar Deus visível por meio de nossas vidas a todos os homens. Por termos, como algo natural, a obrigação, devido a natureza que temos e pelo que somos, de revelar Deus, de sermos sal nesta terra e luz neste mundo, temos que santificar os nossos atos para expressar ao mundo a natureza que temos e a nossa luz.

A santificação não é para alcançarmos algo, não é para recebermos; mas sim, para expressarmos o que alcançamos, as bênçãos que recebemos em Cristo, quem somos, e para levar Deus a todos os homens; para abençoarmos as vidas com as riquezas do reino de Deus. Fazemos isso, pelas obras, por nossas ações e reações diante dos homens, pelas palavras que proferimos. Quando nos santificamos, estamos rejeitando toda obra da carne, segundo a natureza humana, e transformando as nossas vidas, manifestando as obras de Deus, baseados na motivação correta.

Como Jesus falou e Paulo expressou: não é o que fazemos, não é o quanto fazemos, o quando damos, e nem como ajudamos; mas sim, a motivação que nos move a fazer algo. Assim foi a viúva pobre ao doar duas moedas, frente a fortuna que era depositada pelos ricos, é a questão do amor, das obras que fazemos, como está em 1 co 13, é a compaixão que demonstramos, é o não querer o mau para o próximo; mesmo que tenha nos magoado, ofendido ou feito algum mau para nós, e assim, tantas outras coisas.

Santificamos por causa de nosso Deus e para revelá-lo ao mundo e não para alcançarmos alguma coisa ou termos algum retorno.

Que o Senhor nos conduza em sabedoria e entendimento da Sua vontade e para a glória do Seu nome!