Tomar a ceia indignamente

Quando tiramos as coisas de contexto, podemos dar ao texto um signficado diferente do que propunha o autor. Paulo está na carta aos coríntios discutindo com relação a unidade do corpo, o ser corpo de Cristo, onde cada um é membro deste deste corpo, um pouco antes ele menciona a esta questão. Ele menciona que o partir do pão se refere a comunhão do corpo, como podemos ler: “Porventura, o cálice da bênção que abençoamos não é a comunhão do sangue de Cristo? O pão que partimos não é a comunhão do corpo de Cristo? Porque nós, embora muitos, somos unicamente um pão, um só corpo; porque todos participamos do único pão.” (1 Coríntios 10:16-17). Logo depois, mais adiante em sua carta, ele menciona o texto a seguir: “Por isso, aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor, indignamente, será réu do corpo e do sangue do Senhor.” (1 Coríntios 11:27).

Por isso a pergunta que devemos fazer: quando comemos o pão, sob qual contexto analisamos a ceia que o Senhor instituiu? Beber e comer o pão em pecado é fazer indignamente? Sim, é; mas em que aspecto? Qual o contexto? No contexto do corpo. Quando não compreendemos, quando não assimilamos a ceia, o comer o pão, compreendendo que fazemos parte uns dos outros, que somos membros uns dos outros, e que não existe manifestação da vida de Deus de forma individual, não existe, portanto, entendimento da vontade e do querer de Deus. Deus nos colocou, por meio de Jesus Cristo, como membros do seu corpo, como membros da igreja. Deus, na cruz, acabou com a individualidade, com o egoísmo, com o orgulho. Na cruz, pelo sangue de Jesus, somos santificados, somos purificados de nossos pecados.

O sangue, simbolizado na ceia pelo vinho, tem o propósito de nos lembrar que: não por nós, não por nosso mérito ou obra; mas unicamente, pelo sangue, o sangue do cordeio é que nos purifica, e nos apresenta diante do Pai de forma santa, inculpável e irrepreensível. Não existe obra, não existe qualquer coisa que possamos fazer que possa nos apresentar de maneira aceitável a Deus que não seja através do sangue.

E o pão? Este tem o propósito de nos lembrar que comemos do mesmo pão, que a nossa fonte de vida é uma só, o corpo de Cristo, e não só isso; mas que não somos isolados, que não somos a plenitude da vontade de Deus; mas que fazemos parte de um corpo, o corpo de Cristo. Somos membros uns dos outros; fazemos parte uns dos outros. Deus nos chamou para o seu reino; não para vivermos individualmente a Sua vontade; mas sim; para através do corpo de Cristo, a sua igreja, onde Ele é o cabeça; o edificador da igreja; nós, como membros, atuemos para o realizar da sua vontade, para a edificação, para o crescimento e amadurecimento dos membros e para revelar a Sua glória e vontade ao mundo.

Por isso, ele (Paulo) menciona o aspecto que não existe uma só função, assim como no corpo temos diferentes funções.Ninguém é melhor ou maior que ninguém. Mas todos fazem parte e todos tem que operar e trabalhar pelo crescimento e amadurecimento uns dos outros. Assim com cada célula, cada membro desempenha a sua função no corpo, nós temos que fazer o mesmos: desempenhar o nosso papel.

O amadurecimento é fundamental para termos o entendimento e a compreensão do que Deus deseja de nós. É através da igreja que o Senhor Jesus, quando vivemos em unidade, é conhecido no mundo e reconhecido com o enviado. Não é pela nossa pregação; mas pelo que fazemos. Quando ouvimos a admoestação que devemos nos esforçar pela unidade; o que precisamos compreender é que temos que abrir mão do que pensamos em favor do crescimento e amadurecimento como Deus propõe e não como nós pensamos. Tomar a ceia indignamente é fazer sem compreender o corpo e a vontade de Deus. Na oração preferida por Jesus, em João 17, vemos isso claramente explicitado, ignorar isto é pecar.