Disponibilidade

Podemos ver a atitude dos amigos de Jó diante de sua tribulação e tomarmos como exemplo, mudando a nossa disponibilidade e necessidade de falar e não ser capaz de trazer o consolo que muitas vezes as pessoas necessitam, como podemos ler: “Ouvindo, pois, três amigos de Jó todo este mal que lhe sobreviera, chegaram, cada um do seu lugar: Elifaz, o temanita, Bildade, o suíta, e Zofar, o naamatita; e combinaram ir juntamente condoer-se dele e consolá-lo. Levantando eles de longe os olhos e não o reconhecendo, ergueram a voz e choraram; e cada um, rasgando o seu manto, lançava pó ao ar sobre a cabeça. Sentaram-se com ele na terra, sete dias e sete noites; e nenhum lhe dizia palavra alguma, pois viam que a dor era muito grande.” (Jó 2:11-13, BEARA).

Não vamos discutir aqui a falta de sabedoria e nem as palavras que eles proferiram após este período; mas sim, a questão da disponibilidade e do tempo que passaram sem emitir qualquer palavra. Ficaram sete dias e sete noites com Jó, nenhuma palavra.

Isto sim, é disponibilidade! Talvez não entendamos e muitas vezes queremos falar e falar; mas não somos capazes de compreender que a pessoa somente precisa de companhia, de uma abraço, de que fiquemos perto; não precisando expressar qualquer palavra seja de admoestação, seja consolo.

Sete dias e sete noites!! Não somos capazes de ficar um dia e uma noite para consolar alguém. Não somos capazes de estar juntos por um momento se quer, sem ter que falar. Queremos logo expressar nossa opinião, dar a nossa palavra e nos retirar, não é verdade? Não temos tempo para as pessoas. Não temos tempo para ser somente companhia, alguém presente.

Quantas vezes fomos a um velório, consolar um amigo, um parente, e muitas vezes sabemos que temos que ficar calados; mas não, temos que falar, e no fundo sabemos que o que consola é somente a nossa presença e a nossa amizade; ou diante da dor, de uma doença intensa que um amigo está passando.

Precisamos repensar nossas atitudes, precisamos compreender a orientação que o Espírito nos dá, e não agirmos como se soubéssemos todas as coisas. Mas mais do que fazer, precisamos aprender sobre disponibilidade para as pessoas.

Precisamos nos dispor individualmente. Não podemos viver uma vida egoísta, pensando somente em nós. Gostamos de ir as festas, as comemorações; mas não gostamos de estar junto com quem necessita, com quem precisa de um consolo. Quantas vezes nos dispomos a ir, e ficar, simplesmente, com a pessoa, como os amigos de Jó fizeram?

Queremos que a Igreja faça, mas não compreendemos que somos a Igreja, que somos um corpo, membro um dos outros. Quantas e quantas vezes sabemos que temos que fazer; mas deixamos de fazer por preguiça pensando que outro, e a igreja tem esta responsabilidade, nos excluindo desta atitude que também é responsabilidade nossa. Não podemos ser omissos como membros do corpo. Não podemos ter uma atitude egoísta; devemos sim, mostrar disponibilidade. Quando todos agem assim, o que acontece? Não é pesado para ninguém, todos contribuem, todos ajudam, a carga é dividida e o peso não fica em cima de alguns. Vamos repensar o que temos feito, vamos repensar o que é importante em nossas vidas, vamos deixar de fazer o que é agradável somente, e fazermos o que precisamos fazer como igreja, como corpo.

Disponibilidade é responsabilidade de todos os membros do corpo; não de alguns; quando assim fazemos demonstramos amor e exercemos  o papel da igreja (nossa individualmente como membros do corpo).