Equivocadamente não compreendemos o reino de Deus. Não compreendemos como Ele nos usa, seu plano e propósito quanto a expansão, crescimento e manifestação da sua vontade. Na oração de Jesus, que nós repetimos continuamente, não afirmamos de coração e intensamente o que as palavras querem dizer, quando Jesus afirmou: “seja feita a sua vontade assim na terra como no céu”. O que Jesus quis dizer com isso? O que o reino de Deus, que a sua vontade se realizasse entre os homens, como ela ocorre nos céus. Não tem outra coisa, não tem outro ponto de vista e nem outro entendimento.
Por que a vontade de Deus não se revela na terra, entre os homens, como é no céus? Por um simples motivo: não entendemos o nosso papel no reino de Deus. Achamos que somos o dono, que nós detemos o conhecimento e compreendemos melhor a vontade de Deus e o seu querer, e que qualquer pessoa que pensa ou age diferente do que cada um de nós; está, de fato, fora da vontade de Deus.
Nós achamos que somos as pessoas melhores indicadas para cuidar dos interesses de Deus neste mundo. Criamos o nosso reduto, plantamos uma nova igreja, queremos, arrogantemente, deter e manter as pessoas debaixo de nossas asas, como áreas de influência, como demonstração de poder e força. E não somos capazes de nos ver simplesmente como exemplo, como modelo, como pessoas responsáveis pela edificação, pelo fortalecimento, como meros instrumentos de Deus para plantar, para regar ou para colher. Nos vemos mais como os responsáveis pelo crescimento, e não enxergamos que isto é responsabilidade de Deus. Além de montar o reduto, não deixamos e não ensinamos as pessoas a amadurecerem e a fazerem as mesmas coisas (não fazemos discípulos, queremos súditos).
Precisamos entender que somos instrumentos, nada mais, nada menos. Nossas vidas devem ser oferecidas a Deus como um sacrifício, como uma oferta para ser usada por Deus em favor do seu reino, do seu crescimento e do realizar da sua vontade entre os homens. Não estamos aqui para fazer um reino de Deus segundo a nossa cara, um reino nosso; e sim, estamos aqui, como administradores fiéis, como instrumentos para que a vontade de Deus seja realizada entre os homens como ela ocorre no céus.
Por isso, Paulo, ao escrever aos Efésios e afirmar o seguinte: “…, peço a vocês que vivam de uma maneira que esteja de acordo com o que Deus quis quando chamou vocês. Sejam sempre humildes, bem educados e pacientes, suportando uns aos outros com amor. Façam tudo para conservar, por meio da paz que une vocês, a união que o Espírito dá. Há um só corpo, e um só Espírito, e uma só esperança, para a qual Deus chamou vocês. Há um só Senhor, uma só fé e um só batismo. E há somente um Deus e Pai de todos, que é o Senhor de todos, que age por meio de todos e está em todos.” (Efésios 4:1-6, NTLH). Paulo não estava querendo nada diferente do que Jesus ensinou. Quando ele escreve aos corintos e afirma que era instrumento assim como os demais irmãos no Senhor, e que a igreja não era dele. O que ele estava querendo ensinar? Que o “Reino de Deus” é de Deus. Que a igreja é do Senhor, é para expressão da vida de Deus, para revelar a Sua multiforme forma de agir entre os homens e por meio dos homens.
Não estamos aqui para construir igrejas para nós, para formamos um colégio eleitoral, para construir um reduto onde mantemos as pessoas sob o nosso controle. Estamos aqui para sermos exemplos, para ajudarmos uns aos outros, para sermos modelo para o rebanho de Deus, para sermos instrumentos usados por Deus para a edificação, amadurecimento e fortalecimento das vidas. Ensinar a cada um a ser expressão da vida e da vontade de Deus entre os homens e para trabalhar pela expansão e cumprir a Sua vontade.