“Portanto, não vos inquieteis, dizendo: Que comeremos? Que beberemos? Ou: Com que nos vestiremos?” (Mateus 6:31).
Por que a nossa ansiedade com o dia de amanhã? Por que ficamos inquietos? Por um simples motivo, não gostamos e nem nos sentimos tranquilo com o incerto, com o que não sabemos. Procuramos criar os mecanismos que possam, “aparentemente” nos trazer tranquilidade. Fazemos reservas financeiras, procuramos nos acercar de coisa que dê uma ideia de estabilidade e segurança, não é verdade?
Nós esquecemos o que Jesus disse de forma tão clara quanto ao que Deus tem para nós e o quanto ele nos conhece, pois até os fios de cabelo estão contados. E outro fator importante, nenhum pardal, uma ave morre, sem que o Pai permita (Mateus 10:29-30).
Este tipo de preocupação nos atinge em todos os setores de nossas vidas, seja na questão de sobrevivência, na preocupação com o dia de amanhã, nossa saúde, ou mesmo nas coisas que fazemos. Não gostamos de trabalhar em uma empresa que nos apresenta uma situação de instabilidade, de incerteza. Queremos algo que seja “aparentemente” estável ou que transmita confiança. Com relação a igreja, não temos feito diferente. Nós queremos dirigir, estabelecer as regras e as condições de sua operação, instituímos hierarquia formal para dar ideia de organização, fazemos regras para atender os anseios das pessoas ou para nos deixar no controle da situação. Determinamos quem pode e quem não pode, não é verdade?
Da igreja, a noiva de Cristo, o corpo do qual fazemos parte e somos membros, criamos a instituição que, também, damos o nome de igreja, só que representada por um prédio, um local, por uma estrutura e organização, estabelecida segundo regras e valores nossos e não de Deus (usamos até o nome de Deus para justificar). Queremos saber onde pisamos, queremos ter o controle, estabelecemos liturgias, estabelecemos regras de quem pode e quem não pode, o que deve e o que não se deve fazer.
Quantos de nós gostaríamos de viver uma realidade diferente? Quantos de nós estaríamos dispostos a viver pela incerteza, pelo não saber o que vai acontecer depois? Quantos de nós estaríamos dispostos a confiar as nossas vidas e o que fazemos nas mãos de outro e seguir a orientação do que fosse passado a cada momento? Isto é para nós algo inadmissível, isto é trazer muita incerteza para o que não é certo. Não é verdade?
Mas querendo ou não, é para isto que Deus nos chama. Ele nos chama para que aprendamos a viver uma vida totalmente dependente dele, confiando nele e que ele tem cuidado de nós. Andar com Deus é a condição de nos lançarmos em seus braços, como um filho se lança aos braços de seu pai, confiando que ele irá pegá-lo. É tirarmos os pés do chão, é não buscarmos a estabilidade em valores humanos, mas sim em Deus. É termos toda a direção do Espírito quanto ao propósito e vontade do cabeça que é Cristo. Não será ele melhor governante que nós, não será ele quem melhor condição tem de determinar, o que, quem e como; ou seja, estabelecer as regras, que a propósito, já foram estabelecidas.
Precisamos entender que não estamos falando de “bagunça” e nem “desorganização” estamos falando de uma organização determinada por Deus, onde os líderes são levantados pelo espírito e indicados segundo as recomendações contidas nas cartas de Paulo, onde líder é ter uma função e não receber um cargo, é ser apontado como uma pessoa para quem se pode olhar e imitar e nomeado por atender os requisitos espirituais exigidos e não para atender interesses de alguns e satisfação de ego.
Achamos que ser pastor, presbítero ou diácono (onde as pessoas querem o bônus, mas não assumem o ônus desta função) é um cargo como se faz em muitas “igrejas”. Onde não satisfeito e tornar função em cargo, ainda criamos escala na hierarquia, como: pastor executivo, ou pastor sênior, pastor adjunto, e tantos outros nomes que vemos nas organizações seculares.
O que queremos fazer da igreja de nosso Senhor Jesus? Deus nos chama para outro estilo de vida, para outros valores, para outras prioridades. Não estamos aqui para agradar e a satisfazer desejos e corações de homem, estamos aqui para sermos representantes do reino, para levarmos o reino (a igreja) a todos, sem exceção, sem estereótipos, mas para cair na graça do povo, fato que lamentavelmente não está ocorrendo. Estamos aqui para ensinar, para discipular, não parar sermos chefes ou estabelecermos as regras de como as coisas devem funcionar. Estamos aqui para dar o exemplo, para ensinar com palavras, e principalmente com ações.
Até quando buscaremos a segurança e estamos dispostos a conceder o que as pessoas querem? Não deveríamos mudar? Não deveríamos repensar o que estamos fazendo? Precisamos entender que não existe segurança melhor, não existe condição melhor que andar na dependência de quem sabe o que é melhor para nós, mesmo que pareça tão inseguro, tão incerto, tão indeterminado. Precisamos aprender a viver uma vida dependente de Deus, sob a orientação do Espírito e não nos prendermos a valores e recursos humanos para transmitir esta falsa ideia de estabilidade que tanto buscamos.
Sejamos nós a retirarmos os pés do chão e saltarmos em direção aos braços de Deus. Amadurecemos quando aprendemos a confiar e a depender de Deus e não quando conduzimos conforme achamos melhor.
Que o Senhor tenha misericórdia de nós e nos ensine a sermos filhos e instrumentos úteis ao seu reino.