Perdidos em nós mesmos

Então, Simão Pedro puxou da espada que trazia e feriu o servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha direita; e o nome do servo era Malco. Mas Jesus disse a Pedro: Mete a espada na bainha; não beberei, porventura, o cálice que o Pai me deu? ” (João 18:10-11, RA Strong).

Podemos viver uma situação semelhante a de Pedro? Podemos nos perder nos conceitos, fundamentos e princípios e achar que o que temos que fazer é da vontade de Deus, como Pedro fez? Torcemos os princípios e agimos pela vontade da carne e não compreendemos o que Deus deseja nos ensinar ou realizar em nós ou através de nós?

Qual a sensação de estarmos perdidos? Quantos de nós já passamos por uma realidade de acharmos que estamos em um sentido, quando nos vemos estamos no sentido oposto ao que desejávamos?

Considero-me uma pessoa com razoável senso de direção, muitas vezes, estou perdido em algum lugar em uma cidade nova, mas sempre sei o sentido que tenho que ir, e quanto tomo a direção errada, normalmente, identifico imediatamente. Mas, nesta última semana, passei por uma experiência de não ter a ideia que estava caminhando em sentido completamente ao oposto do que queria ir. E, a propósito, não estava de carro, estava a pé. Até hoje, fico pensando em que momento, fiz a virada de 180º, indo em sentido contrário, e não consigo identificar este momento. Quando vi, estava de volta ao fim da rua, e não de volta ao hotel onde estava hospedado.

Na nossa vida espiritual precisamos estar alerta em todo o tempo. Precisamos estar vigilantes, precisamos, sempre olhar as coisas segundo os princípios do reino de Deus e não segundo os fundamentos do mundo. Pedro estava certo quanto a atitude que tomou de sacar da espada e tentar defender a Jesus? Sim, ele estava cem por cento correto, pois segundo o princípio e fundamento do mundo, ele estava defendo o Messias, aquele que seria o salvador de Israel e que traria a sua libertação do jugo de Roma. Mas, e os planos de Deus, quais eram? O oposto de que qualquer ser humano pudesse imaginar; pois Jesus naquele momento iria padecer, iria sofrer, morrer pelos homens, para que condenasse na sua carne o pecado, e assim o homem, pudesse usufruir da justiça de Deus, e ser reconciliado com o criador. Jesus deixaria de ser o Messias por causa deste plano de Deus? Não, pois tudo fazia parte do plano divino. Pedro só não tinha a noção do que Deus estava fazendo, e ele, por vontade própria achando que estava correto, e completamente perdido em seus conceitos, tomou ação em favor de Deus. Ele fez o correto? Não!

Assim, nós também, em nossas ações diárias, muitas vezes tomamos a mesma decisão de Pedro, achamos que o nosso pensamento é o melhor para o reino de Deus, que é o correto e a forma certa de agir. Negligenciamos os princípios e fundamentos do reino de Deus e agimos conforme o pensamento do mundo e não segundo o que caracteriza os valores do reino de Deus.

Alguns exemplos: devemos ou não devemos dar o dízimo por que as pessoas que o administram são maus administradores? Segundo o pensamento do mundo, é que não não deveríamos dar; mas e segundo os valores do reino, estamos tomando a atitude errada? Não estamos julgando as pessoas que Deus colocou ou permitiu que fossem os administradores dos recursos? Não estamos chamando Deus de incompetente? E nós não estamos sendo arrogante e prepotente em nossa decisão de achar que somos melhores que Deus para determinar o que é melhor? E assim, são tantas outras atitudes, como dar a face, levar desaforo para casa, tomar a decisão de servir, ser egoísta e fechar os olhos quanto as necessidades dos outros, não querer repartir, ou decisões como gastar além do que poderíamos (entrar no consumo desefreado), reter, sonegar imposto, fazer acepção de pessoas.

Quando tomamos estas atitudes o que estamos fazendo? Simplesmente negando a Deus, seus valores, os principios do reino de Deus, estamos de fato perdidos em nós mesmos, nos nossos valores, confessando em nossos atos, que não experimentamos a libertação concedida por Deus em Cristo Jesus.