As promessas de Deus por meio do profeta Jeremias fala de satisfazer e saciar:” Porque satisfiz à alma cansada, e saciei a toda alma desfalecida. ” (Jeremias 31:25), e as promessas de Jesus falam justamente de alívio: ” Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei.” (Mateus 11:28).
Parece que existe uma contradição séria entre as promessas de Deus e o que o mundo exige de nós, o que a família requer, o que o patrão pede, o que a igreja clama a nós, não é verdade?
Quando olhamos as promessas de Jesus parecem que há contradição ao que Ele falou, quando afirma sobre perseguição, como ele fala em Mc 4:17, ou as ocorrências na vida de Paulo (At 8:1, 13:50) ou como ele mesmo escreve em sua carta aos romanos: ” Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada?” (Romanos 8:35). Como haver tudo isso, como diante dos desafios e angústias da vida, ainda desfruturar de descanso para a nossa alma?
Precisamos compreender as promessas de Deus e a realidade da vida. Se não houver um entendimento quanto a questão da natureza, estaremos sempre cansados, porque tudo o que fizermos e por mais que façamos não satisfaremos os desejos daqueles que de nós exigem algo. O mundo, as pessoas à nossa volta exigem sempre que façamos para provar, para mostrar quem somos. Temos que fazer, provar, para então, recebermos a recompensa. Não é assim que vivemos? Não é assim reagimos diante das situações? E o que muitas vezes acontece? Nos frustramos, nos decepcionamos conosco, com as pessoas, com a situação porque não temos e nem recebemos o que a nossa expectativa estabeleceu.
Agora, como Jesus promete alívio e podemos ter, mesmo passando por tribulação, luta, perseguição, fome como relatado por Paulo? Simples. Entendendo a promessa, a questão da natureza e quem somos.
Jesus nos convida a nos reconciliar com Deus. Ele nos chama para entregarmos as nossas vidas em Suas mãos, a colocarmos tudo debaixo do Seu senhorio. A nos submetermos a Ele. Assim Ele falou quando disse que se quisessemos ser o Seu discípulo deveríamos negar a nós mesmos, tomarmos a cruz e seguí-lo. Esta ação traduz a Sua obra na cruz. Ele morreu na cruz para nos reconciliar com Deus. Quando negamos a nós mesmos e tomamos a cruz, confessamos a nossa morte com Ele na cruz. Morremos para nós mesmos, para a nossa vontade, para o domínio do pecado em nossa vida. E seguí-lo implica em ser semelhante a Ele, em empreendermos a jornada de compreender a Sua natureza, Sua vontade, ou seja, conhecê-lo, e fazer o que Ele fazia. Como diante de tanto desafio, do propósito de Sua vida ainda assim, encontrava a Paz?
Tudo por uma questão de natureza. Quando morremos, quando somos reconciliados com Deus, nós somos transformados em filhos, filhos de Deus. Recebemos e da vida eterna de Deus, e recebemos de graça. A graça de Deus que viabiliza isso por meio da fé em nosso Senhor Jesus Cristo. Isto não depende de nós, do que fazemos ou possamos fazer por merecer. Não existe nada que façamos que irá nos conceder isso, nos fará participantes disto. Não temos nada a acrescentar ao que Deus fez e nos concede por meio de Jesus Cristo. É isto que precisamos entender. Não existe nada, mas nada mesmo que possamos fazer. Tudo é dado, concedido, gratuitamente. Isto é manifestação da graça de Deus a nós.
Agora quando compreendemos isso, quando “cai a ficha”, então, não existe razão de fazer as coisas para provar nada. Não temos que fazer nada para provar alguma coisa para alguém e nem para nós mesmos. Não temos que nos sentir bem ou alegres para fazer. Mas, sendo quem somos, tendo recebido o que recebemos, sendo participantes da vida eterna do Criador, então fazemos, mas fazemos não para ter, nem para obter, mas simplesmente porque somos.
Somos filhos, fomos feitos filhos, e por sermos filhos, proclamamos, manifestamos, como cartas vivas, como o bom perfume de Cristo, as virtudes Daquele que nos libertou das trevas e nos transportou para o Seu reino. Somos cidadãos do reino, temos a natureza e a vida de Deus, por isso fazemos e fazemos porque o nosso Deus nos chama para fazer. Mesmo diante das perseguições, mesmo diante das tribulações continuamos a fazer e fazemos não para obter ou para ter alívio, mas por causa das promessas. Não importa o que aconteça conosco, com o nosso corpo, fazemos porque é da vontade de Deus.
Como precisamos entender este princípio básico de nossa vida! Caso contrário nunca usufruiremos das promessas de paz e alívio para nossa alma. Somos o que somos, somos o que Deus nos fez, não por merecimento, mas por causa da Sua graça. E sendo o que somos, novas criaturas, não podemos viver uma vida de forma contrária à natureza de Deus. Temos que fazer morrer a natureza humana, temos que santificar o nosso procedimento. Temos que rejeitar as obras deste mundo, obras segundo a natureza humana.
Fomos criados, fomos chamados para sermos filhos e para proclamarmos as virtudes de Deus, para glorificá-Lo, para revelar o Seu reino neste mundo. Não existimos para outra coisa, não temos outra razão de ser e nem de viver neste mundo. Não temos que provar nada para alguém, nem para nós mesmos. Não temos que mostrar que somos bem sucedidos ou não, não temos que mostrar que somos vitoriosos ou não, temos que revelar e manifestar as obras segundo a natureza do Criador.