Se pensamos na igreja como uma instituição humana, se olharmos o reino de Deus na mesma perspectiva do pensamento humano, não realizaremos e nem teremos a atitude que Jesus teve, e nem faremos o que Ele pediu, como ele fala no evangelho de Mateus: “Vendo ele as multidões, compadeceu-se delas, porque estavam aflitas e exaustas como ovelhas que não têm pastor. E, então, se dirigiu a seus discípulos: A seara, na verdade, é grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara.” (Mt 9:36-38).
Quando olhamos a igreja sob a mesma perspectiva de uma instituição humana, e se almejamos uma “posição” de destaque, e se vemos nas pessoas empenhadas ao nosso lado, como um opositor, como uma pessoa que nos impedirá de chegar a onde queremos, estamos tratando a igreja do Senhor sob a mesma perspectiva das instituições humanas. Se o que vemos é a luta pelo destaque, se o que observamos é as pessoas desejarem a primazia, isto significa que não entendemos a igreja, não entendemos o que seja líder no corpo, não entendemos, tanto pelo lado de quem almeja como pelo lado de quem lidera.
Uma visão da instituição religiosa sob a mesma perspectiva de uma organização humana leva a esta atitude e pensamento. Quando assim agimos, estamos de fato, tratando função como cargo. Estamos promovendo as pessoas e não reconhecendo pelo que elas fazem. Criamos expectativas nas pessoas e estas se frustam por não alcançar o que almejam.
Quando premiamos com cargo para que desempenhe uma função, ou porque é amigo do amigo que tem poder de influência, estamos tratando este lugar como qualquer organização humana, e não como uma expressão do corpo de Cristo. Isto que precisamos entender. E além deste aspecto, quando estabelecemos, embora, neguemos veemente, que primeiro tem que ser diácono, depois presbítero para então ser pastor, demonstra que, também não estamos entendendo as coisas sob a perspectiva do reino. Podemos dizer que somos iguais, mas se informalmente estabelecemos hierarquia de valores, se achamos um trabalho mais desprezível que outro, quer dizer que não compreendemos ainda.
Precisamos rever nossos valores, precisamos repensar os valores do reino, precisamos aprender a olhar sob a perspectiva do reino e não sob a nossa. No reino de Deus não limitamos números, não estabelecemos hierarquia. Quando mais velho, quando mais experimente, quando mais maduro, mais serviço a pessoa tem que demonstrar. Isto porque como filho, como expressão da vida de Deus, e por compreender o que Deus espera de nós, mais serviço para o próximo é realizado. E por realizar o serviço, as pessoas deveriam ser consagradas no sentido de confirmar o seu papel que tem no corpo e não como recompensa pelo que fez. Não se trata de um cargo, mas de uma função que desempenha no corpo para amadurecimento. Quiçá todos fossem pastores e diáconos, que todos pudessem ser maduros suficientes para trabalhar pelo reino de Deus, entendemos isso?
No reino não existe limitação, não existe quantidade, existe sim, abundância de disponibilidade, de espaço para que pessoas maduras possam se colocar a serviço do reino, maduros para que possam ajudar no crescimento e no amadurecimento do corpo.
A seara é grande e carece de trabalhadores, trabalhadores que estão dispostos a darem a suas vidas pelo reino, de se oferecerem com um sacrifício vivo, como expressão da vida de Deus, como um bom perfume de Cristo, como carta viva para que o mundo possa se sujeitar e submeter a vontade do Pai.
Ser líder no corpo, ser trabalhador na seara não depende de cargo, mas sim de função, de reconhecer o clamor do mundo, depende de nos compadecermos do mundo e nos oferecermos a Deus para sermos instrumentos úteis. Agora, se estamos vivendo em uma instituição humana e queremos alcançar os benefícios que a mesma oferece, então precisamos parar e não podemos clamar por trabalhadores naquele lugar, pois se tiverem mais, não teremos o que desejamos.
Rever conceitos é isto, é parar para refletirmos sobre o que esperamos, o que buscamos, o que desejamos. Rever conceito é jogar fora tudo que não provêm de Deus, que não tem origem na Sua natureza, mas em nós. Para sermos úteis ao reino, para atingirmos o sonho e o desejo de Deus para os homens, temos que rever todos os conceitos e valores que aprendemos nas instiuições humanas, caso contrário estaremos atrás de nossos sonhos e não da vontade de Deus.
Caminhar na Graça 