O reino de Deus não é religião

Confundimos religião com o reino de Deus. Como as coisas de Deus parecem “soltas” e “sem controle”, estabelecemos as regras e condições, impondo pesados fardos às pessoas devido a nossa ignorância quanto a vontade de Deus, Seu reino e o plano para o homem. Não compreendemos que quando falamos de reino de Deus, não tem nada a ver com religião, com ensinamento de homens, com regras e condições, mas com expressão natural de uma realidade transformadora que se iniciou no nosso interior.

No evangelho de Marcos podemos ver um destes aspectos na discussão entre Jesus e os religiosos de sua época: ” interpelaram-no os fariseus e os escribas: Por que não andam os teus discípulos de conformidade com a tradição dos anciãos, mas comem com as mãos por lavar?  Respondeu-lhes: Bem profetizou Isaías a respeito de vós, hipócritas, como está escrito:  Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim.  E em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens.  Negligenciando o mandamento de Deus, guardais a tradição dos homens.  E disse-lhes ainda: Jeitosamente rejeitais o preceito de Deus para guardardes a vossa própria tradição. ” (Mc 7:5-9).

Do que se trata o reino de Deus de forma efetiva? De regras? De mandamentos? De imposição? De estabelecimento de condições? De causa e efeito? De ação e reação? De fazer para alcançar?

O reino de Deus não trata de condições e regras que nós possamos controlar ou exigir das pessoas que façam como condição para se ter ou obter algo. Não está relacionado a aparências, em ser o que não é, e fazer o que não vem do interior. Nada que esteja relacionado à força, imposição e obrigação estão relacionados ao reino.

O fundamento do reino está na transformação de natureza, em uma nova vida, um novo homem criado segundo Deus. Isto que precisamos entender. O obedecer os mandamentos como Jesus falou, não está relacionado a imposição, mas, à expressão natural do que somos. Fazemos não para sermos, mas sim, porque somos. Realizamos as obras de Deus não por imposição para alcançar ou obter algo, mas por termos recebido, por termos sido transformados, por termos sido feitos filhos de Deus. Fazemos para expressar o que somos, isto que precisamos entender. Mas para que isto se torne uma realidade, para materializarmos a realidade espiritual, precisamos compreender quem somos e o que Deus fez em nossas vidas. Não se trata de imposição, mas expressão do que somos.

A tão propagada salvação da alma anunciada pelos “crentes” está relacionado à compreensão do plano de Deus para as nossas vidas. E a salvação está no restabelecimento da comunhão com Deus, em recebermos da vida e da natureza de Deus. Para que isto aconteça precisamos compreender que precisamos nascer de novo. Nascer do espírito. O que isto quer dizer?

Temos que ter o entendimento que a pessoa natural, pessoa nascido de mulher, está separada de Deus, todos, sem exceção estão mortos. Então todos nós, independente de origem, sexo, cor, condição social, estamos mortos e separados de Deus, condenados, isto por vivermos uma vida individual, querendo ser donos de nosso destino, senhores de nossa vida, como se assim pudéssemos.

Estando mortos, condenados e separados, Deus no Seu amor e misericórdia, estabelece, desde os tempos eternos a condição para sermos reconciliados por meio da Sua graça pela fé em Jesus Cristo. Não se trata de um plano, uma alternativa, mas algo estabelecido mesmo antes da criação. Jesus, morreu em nosso lugar, foi condenado, o seu sangue foi derramado para que por meio do seu sacrifício, pudéssemos acessar e estar na presença de Deus. Como isto acontece? Quando entregamos nossas vidas, quando reconhecemos que morremos na cruz com Ele, que Ele morreu em nosso lugar. Quando negamos a nossa vida e nos entregamos à Ele e o reconhecemos como Senhor e Salvador, como o único caminho que nos reconduz a Deus. Jesus falou sobre isso, sobre ser seu discípulo: negarmos a nós mesmos, tomar a cruz e seguí-lo. Para a reconciliação, precisamos morrer com Cristo na cruz, reconhecer a Sua obra em nosso lugar em nosso favor.

Quando assim o fazemos, então nascemos de novo, nascemos do espírito, somos reconciliados com Deus. E ao sermos reconciliados com Deus, então recebemos do Seu Espírito, da Sua vida, da Sua natureza para agora andarmos em novidade de vida, como nova criatura, segundo a natureza de Deus, sendo Seus imitadores como filhos. Quando nascemos de novo, então somos feitos filhos de Deus.

Neste novo nascimento está imbutido o ser nova criatura, o receber um novo coração, um coração segundo Deus. Agora somos cidadãos do reino de Deus. Como cidadãos do reino temos como condição natural andar e viver segundo os valores e as virtudes de Deus.

Mas como acontece esta transformação? A obra espiritual, a transformação é operada por Deus, agora a materialização desta realidade tranformadora que foi operada está relacionada em nosso dia a dia, em manifestarmos isto que foi realizado no plano espiritual. Ou seja, temos que materializar tudo isso que Deus fez. Mas como fazemos?

Na nossa caminhada, no nosso dia a dia, quando fazemos morrer a natureza humana, andando pelo Espírito nos deixamos ser guiados na vontade de Deus. E neste jornada precisamos tornar santo o nosso procedimento, precisamos correr a carreira rumo a santificação para expressar Cristo em nossas atitudes e açõs, revelando as virtudes de Deus.

Temos que entender que não é algo que ocorre da noite para o dia, mas se trata de um processo, de uma transformação da consciência, renovando o nosso entendimento, em cada ação que recebemos temos que escolher entre reagir segundo a natureza humana ou a natureza de Deus. E revelamos a natureza de Deus, quando fazemos a escolha, como Jesus falou, da porta estreita, da porta que não traduz o pensamento do mundo (pensamento natural). Viver o reino de Deus é guiarmos a nossa vida pelo sermão da montanha, é fazermos as escolhas de Jesus, é sermos Seus imitadores. Nada mais, nada menos que isto.

Por isso o reino de Deus não se revela de fora para dentro, não é condicionamento humano, mas sim, uma consciência transformada de quem somos, do que Deus fez. E diante desta nova compreensão de quem somos, e por compreendermos quem somos, então fazemos. Por isso realizamos as obras de Deus. Revelamos naturalmente aquilo que Ele fez em nós, quando fazemos a natureza humana morrer. A obra na cruz tem o papel de nos reconciliar com Deus e nos libertar do poder do pecado que nos escraviza para vivermos em novidade de vida, vida que traduz a natureza e as virtudes de Deus e não a humana.

Por isso o reino de Deus não dá para viver por pressão, mas tem que ser expressão natural do que somos. Fazemos porque somos, e não para provarmos que somos ou para recebermos recompensa. Quando há imposição, obrigação, coersão, isto não é reino de Deus, isto é coisa de homem.

Para ouvir esta meditação, clique no link abaixo:

O reino de Deus não é religião