Como podemos ler na carta de Paulo aos irmãos de Corinto “Certamente, a palavra da cruz é loucura para os que se perdem, mas para nós, que somos salvos, poder de Deus. Pois está escrito: Destruirei a sabedoria dos sábios e aniquilarei a inteligência dos instruídos. Onde está o sábio? Onde, o escriba? Onde, o inquiridor deste século? Porventura, não tornou Deus louca a sabedoria do mundo? Visto como, na sabedoria de Deus, o mundo não o conheceu por sua própria sabedoria, aprouve a Deus salvar os que crêem pela loucura da pregação. Porque tanto os judeus pedem sinais, como os gregos buscam sabedoria; mas nós pregamos a Cristo crucificado, escândalo para os judeus, loucura para os gentios; mas para os que foram chamados, tanto judeus como gregos, pregamos a Cristo, poder de Deus e sabedoria de Deus.” (1 Coríntios 1:18-24, BEARA)
A salvação de nossa alma, a reconciliação com o Criador em si parece loucura, a forma como ela se realiza, onde recebemos gratuitamente, pela graça, por meio da fé, parece uma insanidade só. Mas a sabedoria de Deus se revela e pode transparecer para nós a maior de todas as loucuras; e ela está no Seu querer de usar a igreja, o corpo de Cristo, nós, como membros deste corpo para revelar ao mundo a Sua gloria. Como pode Deus transferir, conferir ao homem, tamanhã glória?
Quando olhamos as nossas vidas, não a vida dos outros; mas a nossa; quanto a incapacidade de ajudar uns aos outros, ou mesmo a incapacidade de não manifestar ira, ódio, raiva, irritação, falta de paciência diante das mais variadas situações. Ou mesmo nossa incapacidade de suportar a deficiência, limitação dos outros. Ou se olhamos a nossa incapacidade de compreender o outro quanto ao entendimento que deseja transmitir. Mas se isto não fosse suficiente, ainda podemos olhar os nosso defeitos, nosso pecado, nossa ignorância quanto as coisas do Criador, coisas eternas. Podemos nos perguntar: Como pode Deus querer usar alguém tão imperfeito para revelar e manifestar a Sua glória neste mundo.
Mesmo diante de tanta loucura, tanta insanidade, o que podemos aprender como tudo isso? Simples, a confiança que Deus tem no que criou, na sua obra. Podemos não confiar em nós; podemos não confiar uns nos outros; mas Deus, revela nesta atitude, neste plano, a confiança que Ele tem no que criou. Nós seres imperfeitos, incapazes de agir com racionalidade divina, incapazes de compreender o Seu amor manifesto e revelado a nós através da loucura do seu plano de salvação para nós; ainda assim, adicionamos a isto a nós a responsabilidade, por meio da igreja, de revelar ao mundo a Sua graça, Seu amor eterno, e o Seu desejo de ter comunhão conosco de levar-nos para a comunhão com Ele.
Tendo o entendimento deste plano, desta loucura; não podemos permanecer como estamos; não podemos pensar em nós mesmos, nos nossos desejos, na nossa vontade, em uma vida com atitude de egoísmo, orgulho e arrogância, achando que somos alguma coisa, que podemos alguma coisa. Mas precisamos aprender a depender da graça, do amor. Precisamos aprender a depender de Deus, a viver uma vida, seguindo os passos de nosso Senhor. Precisamos, confiar e ter a fé, na capacitação recebida, e que precisamos, dia após dia, tomar a cruz, negando a nós mesmos, para seguir o nosso Senhor. A vida de Deus se revela em nós, através de nós, para que o mundo o conheça, quando compreendemos e agimos diante do Pai como este compromisso, compromisso individual, de serví-lo, de honrá-lo, de glorificá-lo; mas cuja expressão deste compromisso, somente se revela no coletivo, através da igreja, o corpo de Cristo.
Não se trata de denominação, não se trata de forma de comunhão, de relacionamento que possamos estabelecer; mas de morrermos para nós, e deixarmos a vida de Deus se revelar por meio de nós. Nisto está a loucura de Deus, de confiar a nós, cheios de defeito, cheios de falha, a responsabilidade de revelarmos ao mundo quem Ele de fato é. Por isso, precisamos de entendimento quanto a nossa identidade, e tendo este entendimento, e compreeendendo que somos, e por sermos fazemos. Fazemos como expressão de sermos e de amor a Deus que nos concedeu tudo gratuitamente, pela graça, por meio da fé.