Temos na seguinte afirmação de Jesus, o uso da mesma palavra “vida” para expressar coisas totalmente diferentes. Se não entendermos o significado da “vida” que ele está falando, não abandonaremos o certo pelo, aparentemente, incerto. Vejamos o que Ele falou: “Quem ama a sua vida não terá a vida verdadeira; mas quem não se apega à sua vida, neste mundo, ganhará para sempre a vida verdadeira.” (João 12:25, NTLH).

De que “nossa” vida Ele está falando? O que é a “verdadeira” vida que Ele afirma?

Quando Ele usa a “nossa” vida, está se referindo a vida da alma. Nós fomos criados “alma vivente”, o nosso espírito, com a queda morreu, perdemos a comunhão e o relacionamento que nos foi dado, por causa de nossa rebelião em relação a vontade expressa de Deus. Quando falamos de vida da alma, da nossa vida, estamos, de fato falando de nossos sentimentos, emoções, de tudo que permeia a natureza humana que não seja o corpo físico. E precisamos compreender que mantermos a nossa vida, apegarmos a nossa vida; estamos falando de sentimentos e emoções, como ira, ódio, desejo de revolta, egoísmo, orgulho, auto-suficência que fazem parte de nossa natureza humana. Quando nos apegamos a estas coisas, a estes valores, nós não podemos desfrutar da verdadeira vida.

Mas o que é a verdadeira vida? A “verdadeira vida” é a vida do espírito, a vida que provém de Deus; a vida que recebemos de Deus; a vida que obtemos quando nascemos de novo, quando nascemos do espírito. Na nossa conversão, quando manifestamos o arrependimento de ter vivido uma vida contrária ao propósito de Deus, longe de sua presença; Ele nos concede da sua vida, da “vida verdadeira”. Mas o que de fato é esta vida verdadeira? É a vida de Deus, é a vida eterna que somente o Criador tem. Ninguém mais e não obtemos em nenhum outro lugar, somente por meio de Jesus Cristo, que como Ele afirmou: único caminho, verdade e vida.

Para termos acesso a vida eterna de Deus, a verdadeira vida, precisamos negar a nossa vida da alma, ou seja, tudo aquilo que seja contrário a natureza e a vida de Deus. Na vida de Deus, encontramos o perdão, o amor revelado, a graça, a misericórdia, a comunhão, a unidade, o repartir.

Por isso, para termos acesso a verdadeira vida, e sermos expressão da verdadeira vida de Deus que é derramada em nós pelo Espírito Santo, precisamos negar, rejeitar tudo que provém da vida da alma. Por isso quando Jesus afirmou: “Dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me.” (Lucas 9:23, BEARA), o que Ele queria dizer nos?

Simplesmente que viver a vida de Deus, a vida eterna de Deus, implica em rejeitar tudo que provém de nossa alma, da natureza humana. Devemos dia a dia, rejeitar tudo que é de nossa natureza, devemos fazer morrer, na cruz. Tomarmos a cruz, não é carregarmos o nosso fardo, os nossos problemas; mas sim, negarmos os nossos desejos, a nossa vontade, quando ela proceda da vida da alma. Ao negarmos o que vem da alma, e aceitarmos o que vem do espírito, da vida de Deus, então andaremos neste mundo experimentando o que Deus tem de melhor para os homens; mesmos que pareça loucura.

Precisamos aprender a rejeitar as paixões e desejos da alma, e nos apegarmos aos verdadeiros valores que procedem da natureza de Deus. Desejarmos ansiosamente por cada atitude que expresse a vida de Deus. Se assim fizermos, então, como filhos, revelaremos a sua glória e a sua vida neste mundo.

Sejamos filhos, expressemos em nossos atos e palavras a verdadeira vida que provém de Deus, para a glória e louvor do seu nome.