Nas nossas atitudes moralistas, cheias de toda a falsidade nas acusações que apontamos aos outros. Procuramos chamar atenção para o pecado, para o erro dos outros, de forma a esconder as nossas próprias falhas e defeitos. Esta não é uma atitude nova, não é algo só dos dias atuais, sempre existiu, sempre fez parte da natureza humana.
Jesus vivenciou isso, quanto os religiosos trouxeram uma mulher que tinha cometido adultério: “Os escribas e fariseus trouxeram à sua presença uma mulher surpreendida em adultério e, fazendo-a ficar de pé no meio de todos, disseram a Jesus: Mestre, esta mulher foi apanhada em flagrante adultério. E na lei nos mandou Moisés que tais mulheres sejam apedrejadas; tu, pois, que dizes? Isto diziam eles tentando-o, para terem de que o acusar. Mas Jesus, inclinando-se, escrevia na terra com o dedo. Como insistissem na pergunta, Jesus se levantou e lhes disse: Aquele que dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro que lhe atire pedra. E, tornando a inclinar-se, continuou a escrever no chão.” (João 8:3-8, BEARA).
O que precisamos lembrar da lei é que se foi surpreendida em adultério, havia um homem, e a pergunta: “cadê o homem?”, pois uma mulher sozinha não comete adultério, ou existe a possibilidade dela cometer adultério com ela mesma?. Na lei, dizia que ambos deveriam ser apedrejados. Não fazemos a mesma coisa hoje? Acusamos alguns porque não nos agradam e defendemos outros que cometem erros semelhantes e tão graves quanto?
Mas, por que acusamos as pessoas? Acusamos para nos escondermos atrás do pecado, do erro dos outros. Fazemos isso, porque achamos que o pecado e erro dos outros é maior que o nosso, não é verdade? Por que achamos que o roubo é mais grave que a mentira? Por que achamos que existe roubo pequeno e grande roubo? Por que achamos que quem rouba um banco, aceita propina é mais ladrão que quem sonega imposto, usa de artifícios para enganar e não pagar o que é devido? Por que condenamos os homossexuais, as prostitutas, os ladrões como se eles fossem mais pecadores que nós em nossas atitudes de hipocrisia, de mentira, engano, de “pegar pequenas coisas” no escritório da empresa que trabalhamos?
Por que achamos que a mentira é menos grave que o roubo? Por que achamos que sonegar é menos grave que a propina que políticos recebem?
Jesus colocou diante dos religiosos a reflexão de suas vidas com relação ao que desejavam fazer a mulher, e o mesmo somos colocados hoje em dia. É o nosso pecado menor que o pecado de quem acusamos?
Precisamos aprender a conhecer a misericórdia, a graça e o perdão de Deus que é concedido a todos as pessoas, sem distinção, sem limitações. Se conhecemos a Deus, se temos experimentado da vida de Deus, o nosso papel é revelar a vida de Deus, o seu amor, misericórdia, compaixão e graça. Não estamos neste mundo para acusar; mas para sermos intercessores, para defendermos, para agirmos em favor das pessoas, para trazermos luz e salgarmos as vidas, de forma que possam experimentar o melhor de Deus.
Temos sido cegos para a verdade e para o papel que temos que desempenhar como cidadãos do reino de Deus? Como Jesus afirmou aos religiosos: “Alguns dentre os fariseus que estavam perto dele perguntaram-lhe: Acaso, também nós somos cegos? Respondeu-lhes Jesus: Se fôsseis cegos, não teríeis pecado algum; mas, porque agora dizeis: Nós vemos, subsiste o vosso pecado.” (João 9:40-41, BEARA)