Viver para testemunhar de Deus

Parábola do filho pródigo: três pessoas, três posicionamentos diferentes, uma aprendizagem.

Na atitude do primeiro filhos vemos, primeiramente, a não preocupação com o pai, e sim, simplesmente na busca incansável de atender os desejos próprios, o egoísmo, e não ser um administrador fiel do que é entregue em suas mãos. Esta foi a atitude do filho pródigo: “Passados não muitos dias, o filho mais moço, ajuntando tudo o que era seu, partiu para uma terra distante e lá dissipou todos os seus bens, vivendo dissolutamente.” (Lucas 15:13). Ser dissoluto é sermos frívolos, é não nos preocuparmos como administramos os recursos que são colocados em nossas mãos. É gastarmos em coisas fúteis, temporárias e que não tem por objetivo o realizar do que é eterno. Ser dissoluto é não priorizar o que é importante, mas fazer o que os desejos anseiam, viver plenamente para o atendimento dos desejos pessoais. É esbanjar de forma irresponsável recursos limitados, como se fosse eternos e focados na aparência.

Quando perdeu tudo e teve consciência da sua realidade, da situação em que vivia, o que tinha perdido, levou-o a rever a sua atitude. Não o fez por amor ao seu pai, mas unicamente por causa da sua necessidade e por exergar a sua verdadeira situação; então deseja voltar, mas não como filho, e sim, como trabalhador, para ter as benesses dos mesmos, como está escrito: “Ali, desejava ele fartar-se das alfarrobas que os porcos comiam; mas ninguém lhe dava nada.Então, caindo em si, disse: Quantos trabalhadores de meu pai têm pão com fartura, e eu aqui morro de fome!” (Lucas 15:16-17). Nesta atitude demonstrou amor pelo pai? Não, estava preocupado somente em seus interesses. Precisamos, como na situação do filho pródigo, compreender que o que nos leva a Deus não é o nosso amor por ele, mas a compreensão de nossa miserabilidade e o desejo de mudar, reconhecendo a escravidão imposta, a prisão em que vivemos.

Mas e o pai, como ele agiu? “E, levantando-se, foi para seu pai. Vinha ele ainda longe, quando seu pai o avistou, e, compadecido dele, correndo, o abraçou, e beijou.” (Lucas 15:20). O que podemos observar? O pai esperava ansiosamente pelo filhos, por sua volta. Ele, o pai, demonstrou o verdadeiro amor. Demonstrou pelo filho que havia perdido, a compaixão, ele se moveu em favor do filho. Cobrou? Criticou? Apontou os defeitos do filho? Acusou? Não. Demonstrou compaixão, recebeu, abraçou, beijou.

O filho pediu que voltasse a ser filho? Que tivesse o privilégio de filho? Não, reconheceu que não merecia, queria somente ser tratado como um de seus trabalhadores: “E o filho lhe disse: Pai, pequei contra o céu e diante de ti; já não sou digno de ser chamado teu filho.” (Lucas 15:21). Mas o que faz o pai? Condena? Não, restitui-lhe a condição de filho, pois este é o significado do anel. “O pai, porém, disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa, vesti-o, ponde-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés;” (Lucas 15:22).

E qual foi a atitude do outro filho? De indignação, da incapacidade de compreender o amor o pai pelo seu irmão. E  não  tinha compreendido quem ele era, vivia a margem do pai, sem usufruir de tudo que lhe era direito: “Ele se indignou e não queria entrar; saindo, porém, o pai, procurava conciliá-lo.Mas ele respondeu a seu pai: Há tantos anos que te sirvo sem jamais transgredir uma ordem tua, e nunca me deste um cabrito sequer para alegrar-me com os meus amigos;vindo, porém, esse teu filho, que desperdiçou os teus bens com meretrizes, tu mandaste matar para ele o novilho cevado.Então, lhe respondeu o pai: Meu filho, tu sempre estás comigo; tudo o que é meu é teu.” (Lucas 15:28-31, BEARA)

Esta é a história de cada uma de nossas vidas. Se não compreendermos a nossa realidade, o que temos direito e o que recebemos de Deus, e após recebermos o perdão, não termos acesso ao recebido; nunca poderemos viver plenamente a vida do Pai em nós e através de nós. Precisamos compreender que temos que expressar o nosso amor, o verdadeiro amor ao Pai. Honrando e glorificando o seu nome. Não em palavras, mas em atitude que refletem o seu caráter, a sua natureza e que demonstram ao mundo o amor, a compaixão e a graça recebida. Não somos acusadores dos homens; mas instrumentos de Deus para receber todos aqueles que se arrependem e querem reconciliar com o criador. E precisamos entender que recebemos tudo que precisamos para viver uma vida que agrada a Deus (2 Pedro 1:3-11).