“E, passando a fazê-lo, trouxeram-lhe um que lhe devia dez mil talentos. Não tendo ele, porém, com que pagar, ordenou o senhor que fosse vendido ele, a mulher, os filhos e tudo quanto possuía e que a dívida fosse paga. Então, o servo, prostrando-se reverente, rogou: Sê paciente comigo, e tudo te pagarei. E o senhor daquele servo, compadecendo-se, mandou-o embora e perdoou-lhe a dívida. Saindo, porém, aquele servo, encontrou um dos seus conservos que lhe devia cem denários; e, agarrando-o, o sufocava, dizendo: Paga-me o que me deves. Então, o seu conservo, caindo-lhe aos pés, lhe implorava: Sê paciente comigo, e te pagarei. Ele, entretanto, não quis; antes, indo-se, o lançou na prisão, até que saldasse a dívida.” (Mateus 18:24-30, RA Strong)
Quantos de nós já lemos esta passagem e não a compreendemos, ou não entendemos a profundidade do perdão concedido? Quantos de nós temos agido no nosso dia a dia da mesma forma e não fazemos para com os outros, como o nosso Deus fez para conosco? Quantos de nós, em nosso dia a dia, em cada momento, temos nos mostrado incompassivos com as pessoas como este servo?
Incompassivo é não revelar compaixão. É não ser capaz de compreender a situação do outro. É não sabermos nos colocar na situação do outro. É não compreendermos as limitações, a prisão, a incapacidade de sair de uma determinada situação. Precisamos aprender com o nosso Deus a revelar esta compaixão, a nos colocar no lugar das pessoas, a ver a situação sobre a perspectiva dela, e agindo com graça, sem esperar qualquer coisa em troca, é perdoar, ajudar e fazer diferença sem esperar troco ou recompensa.
Cada talendo, nesta época da parábola de Jesus, representava seis mil denários (6.000). O poder de compra de seis mil denários na época seria equipamente a 60 milhões de denários em nossos dias. Se atualizarmos este valor em reais, o poder de compra seria algo superior a 100 milhões de reais. Uma quantia, para a maioria de nós, impagável. Mesmo que vendêssemos tudo, mesmo que trabalhássemos o resto de nossas vidas jamais conseguiríamos saldar esta dívida. Tendo nós a dimensão desta dívida e transportamos para o mundo espiritual, para o perdão recebido de Deus diante de nossa situação, diante da sua atitude de misericórdia e compaixão revelada, temos nós agido da mesma forma para com as pessoas?
Como temos reagido e agido diante das dificuldades, das limitações, da cegueira espiritual que as pessoas tem vivido? Somos daqueles que conseguimos enxergar a ferpa no olho do próximo, e não vemos a trave no nosso próprio? Somos daqueles que conseguem enxergar as limitações e falhas dos outros, condenando-os por seus erros e não oferecendo qualquer tipo de ajuda; mas estamos cegos para as nossas próprias, achando que somos melhores?
Temos agido com falta de compaixão, não ajudando, não dando o braço, não demonstrando qualquer misericórdia pelas falhas e erros dos outros e não os perdoando, como se fôssemos infalíveis? Como se fôssemos perfeitos e não cometêssemos qualquer tipo de pecado? E quantas vezes condenamos os outros nos mesmos erros que cometíamos até pouco tempo?
Precisamos compreender o que Deus deseja nos ensinar, nos mostrar, e como ele deseja que aprendamos a viver segundo a sua misericórdia e graça, a revelar em nossos atos aquilo que ele é. Precisamos aprender a perdoar as pessoas como Deus nos perdoa; pois se o pai nos perdoasse como perdoamos, certamente estaríamos ardendo no fogo do inferno. Precismos demonstrar compaixão, com Deus demonstra a sua compaixão para conosco; caso contrário já teríamos sido expulsos de sua presença e não teríamos recebido de Jesus o seu sacrifício em nosso favor. Até quando teremos as nossas vidas dirigidas pelo pensamento deste mundo, pela natureza humana? Até quando continuaremos a viver como se ainda estivéssemos no mundo sem experimentar da graça e da misericórdia de Deus? Até quando seremos egoístas?