Na maioria das vezes temos a capacidade de simplificar, de resumir e de olhars boas coisas somente, ou seja, olhamos o resultado final; mas dificilmente somos capazes de enxergar os processos, a forma, o tempo.
Com relação a vida de José no Egito não fazemos diferente. Olhamos o seu sucesso, o ter se tornado primeiro ministro; mas não olhamos a sua vida como um todo. Olhamo-lo como um super homem, como se já tivesse nascido com o dom e capacitado para fazer o que fez. Este é o nosso erro. Tratamos os personagem (homens) da história, usado por Deus, como se já estivessem prontos antes mesmo de começar a obra que Deus tinha para a sua vida. Assim fazemos com José, como Moisés, com Paulo, com Davi e tantos outros.
Olhemos sobre o aspecto do tempo. Do momento que foi levado para o Egito, até o momento que se tornou primeiro ministro sobre a nação, levaram dezessete anos. E foi para o país não como uma pessoa capacitada; mas como um escravo; boa parte permaneceu em prisão. Estranho a forma de Deus agir e capacitar as pessoas, não? Mas por que é feito desta maneira? Quando foi para o Egito estava com 13 anos.
Como era José? Pelo que podemos ler e compreender, com certeza, era um arrogante, uma pessoa que se achava melhor que os seus irmãos. Até o ponto do próprio pai o exortar, pois em seus sonhos, Deus já estava revelando o seu destino; mas a forma como deixava os seus irmãos irritados, demonstrava arrogância. Outro era um “dedo-duro”. Vivia delatando os seus irmãos para os seu pai. Não demonstrou em momento algum a capacidade de reconhecer em tudo a dependência de Deus.
O que faz o Senhor? Começa a trabalhar a sua vida e o seu caráter. O trabalho foi longo e requereu muita paciência. Assim foi a vida de José. Sem qualquer culpa, mas revelando o seu caráter justo e a sua integridade; é lançado na prisão. Na prisão aprendeu sobre o tempo de Deus.
Deus o abençoava em tudo o que fazia. Sim, sem chama de dúvida; mas tudo era parte de um processo para amadurecimento e moldagem de um caráter que fosse agradável a Deus e que pudesse ser usado como instrumento para a sua glória.
Tudo culmina no momento da interpretação do sonho do farao, onde este designa a José como o dotado, o capaz de interpretar sonhos; mas o que ele faz; declara abertamente que esta capacidade não provém dele; mas de Deus. Neste ato, demonstra total dependência e se coloca no lugar correto e transfere toda a honra para o criador.
José não foi diferente de nós; podemos ter toda a convicção disto. Provavelmente, nestes dezessete anos, deve ter murmurado muito, reclamado muito, lamentado muito, chorado muito. Deve ter tido muitas dúvidas, tantas e tantas incertezas; assim como nós temos. Mas podemos ser mais sábios que José; podemos aprender com ele como o seu tempo. Em tudo Deus deseja somente uma coisa: nos forjar para a sua obra, ele quer nos depurar e nos tornar instrumento útil para a sua glória. Ele deseja nos purificar até o ponto de ver a sua face em nós; ou seja, até o momento em que a sua glória, o seu caráter sejam revelados através de nossas vidas.
Os momentos difíceis, os momentos críticos, nossas perdas tudo isso pode e deve ser usado por nós como um oportunidade para declararmos, para nos colocarmos aos pés do Senhor, reconhecer a nossa dependência, e dependência integral do criador. Quando enxergamos em cada momento de nossa vida, o processo de Deus, operando e nos forjando, então aproveitaremos melhor o tempo, seremos capazes de remir o tempo, aproveitar a oportunidade, e deixar que Deus trabalhe as nossas vidas para a sua glória e para louvor do seu nome.
Não olhemos o resultado, aprendamos a observar o processo, o momento, e o que o Criador deseja nos ensinar. Precisamos ser moldados, transformados e capacitados para a obra de Deus, para manifestar o seu reino e realizar a sua vontade e o seu plano. Assim como o objetivo do Pai era levar José para o Egito, não para fazê-lo primeiro ministro; para que neste local pudesse ser a nação de Israel constituida e formada, e assim cumprir a promessa a Abraão. Assim ele faz conosco. O fim não é nós mesmos; mas o plano do Pai.