“Aconteceu que no fim de uns tempos trouxe Caim do fruto da terra uma oferta ao Senhor. Abel, por sua vez, trouxe das primícias do seu rebanho e da gordura deste. Agradou-se o Senhor de Abel e de sua oferta; ao passo que de Caim e de sua oferta não se agradou. Irou-se, pois, sobremaneira, Caim, e descaiu-lhe o semblante. Então, lhe disse o Senhor: Por que andas irado, e por que descaiu o teu semblante? Se procederes bem, não é certo que serás aceito? Se, todavia, procederes mal, eis que o pecado jaz à porta; o seu desejo será contra ti, mas a ti cumpre dominá-lo. ” (Gênesis 4:3-7, BEARA)
A ti cumpre dominá-lo: Uma vez mais, o relato bíblico afirma a capacidade do ser humano para escolher livre e responsavelmente entre o bem e o mal (ver Gn 2.17 e também Dt 30.15-20). Observar, além disso, a correspondência entre a advertência que o Senhor dirige a Caim e o mandamento imposto ao primeiro ser humano (Gn 2.16-17). O relato anterior, a ordem divina foi quebrada por um ato de desobediência; segundo este relato, agora, por um ato criminoso. Tanto em um como em outro caso, depois do pecado há uma pergunta do Senhor ao homem (Gn 3.9; 4.9), um castigo pela falta cometida (3.14-19; 4.11-12) e um gesto misericordioso que alivia em parte o castigo (Gn 3.21; 4.15).
Será o nosso Deus mentiroso? O que Ele fala não é verdade? Se Deus não é homem para mentir, então porque não andamos conforme a Sua palavra? Se Ele disse a Caim, que era homem natural, que o pecado estava à porta, e que competia a ele dominar o desejo do pecado, porque nós, que recebemos o dom gratuito, não podemos dominar esse desejo? Paulo escreve aos romanos, afirmando que fomos libertos do poder do pecado, que antes éramos escravos dele. Agora somos servos de Deus para cumprir a Sua justiça, para vivermos segundo o Seu coração e proceder. Se assim é verdade, então podemos decidir entre o cometer ou não o pecado, entre fazer o que é correto ou não. Podemos tomar as verdades de Deus como algo factível, escolher ouvir a voz do Espírito Santo, quanto a cumprir a vontade do Pai, ou ouvirmos a voz de Satanás que constantemente nos afirma que não temos condição de fazer e viver conforme Jesus viveu, que não podemos ser semelhantes a Jesus.
Devemos despertar em nós e naqueles que nos cercam um desejo intenso de santificação, de revelar Deus através de nossos corpos mortais. Mas precisamos compreender que buscamos a santificação, que podemos, pela graça de Deus, dominar o poder do pecado, não para que entremos na presença de Deus, para que sejamos mais aceitos diante Dele, mas para que através de nossas atitudes, de nossas vidas possamos, como membros do corpo, viver e andar segundo o coração e a vontade do Senhor. Podemos como filhos revelar a vida de corpo, o amor uns pelos outros, sermos capazes de abrir mão do que somos de nossos desejos para viver a vontade do Senhor.
Dominar o pecado que jaz à nossa porta é fazermos escolhas, é decidirmos por atitudes que glorificam a Deus, que revelam a Sua natureza através de nossas vidas como indivíduos e como corpo de Cristo. Morrer para nós, morrer para a nossa vontade, oferecer os nossos corpos como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus. É escolhermos entre viver segundo a natureza humana ou a divina. Dominar o pecado é escolher segundo o coração de Deus, é sermos imitadores de Cristo em cada ação, e tomarmos a nossa cruz dia após dia servindo ao Senhor.